Manuela Ferreira Leite tem feito um esfoço notável para renovar a imagem, deixou-se de casacos de Inverno da Dior vestidos na Primavera, mesmo sem o orçamento do Partido Republicano renovou mais o guarda roupa do que a Sarah Palin, o Photoshop tem dado uma ajudinha nas rugas e borbulhas, se não fossem as maquilhadoras a terem transformado numa pintura rupestre no debate com Paulo Portas até poderia sair dos estúdios para um casting fotográfico, só não prescinde daquelas duas voltas de pérolas com fecho de ouro.
Compreende-se que Manuela Ferreira Leite queira parecer mais nova (quem não gosta?), até porque pretende tranquilizar os portugueses que correm o risco de ter dois septuagenários a conduzir os destinos do país. O que é criticável nesta postura de Manuela Ferreira Leite é pensar que pode renovar a imagem ao mesmo tempo que aplica o Restaurador Olex ao seu passado político.
Ao longo de uma legislatura assistimos ao escrutinar da vida pessoal de Sócrates e de todo o seu passado político, personalidades do PSD como Pacheco Pereira, o guru de Manuela Ferreira Leite, inventaram controlos da comunicação social, asfixias várias e falhas de carácter. Todavia, quando se questiona o percurso governamental Ferreira Leite diz que não está a ser julgada, como se tivesse aplicado o Restaurador Olex ao seu desempenho enquanto governante. Fala do seu passado para tentar menorizar os adversários, mas quando se questiona o seu desempenho governamental responde que isso foi julgado, como se tivesse sido uma mera infracção de trânsito que foi amnistiada na sequência de uma visita papal.
Mas não, Manuela Ferreira Leite não vale por aquilo que promete ou, melhor, pelo que não promete, tal como vale pelo percurso académico que exibiu (incluindo os famosos estudos que terá publicado) e pelo curriculo profissional. Vale fundamentalmente pelas provas que deu enquanto governante e nesse capítulo o percurso de Manuela Ferreira Leite foi um desastre.
A verdade é que Cavaco Silva teve muitos ministros das Finanças (Miguel Beleza, Braga de Macedo, Eduardo Catroga, Miguel Cadilhe) e no ministério das Finanças a líder do PSD nunca passou de uma secetária de Estado de quem ninguém se lembra. Parece que a vasta preparação que não serviu para Cavaco confiar nela como ministra da Finanças serve agora para ser primeira-ministra. Chegou a ministra numa pasta que Cavaco Silva desprezava e mesmo assim com os resultados desastrosos que ficaram na memória dos estudantes de então.
Como ministra das Finanças de Durão Barroso a actual líder do PSD foi um desastre, deixou aumentar o défice e só conseguiu respeitar o Pacto de Estabilidade recorrendo a vendas de património, à retenção abusiva do IVA dos exportadores e a truques contabilísticos.
Mas Manuela Ferreira Leite não foi apenas ministra das Finanças do governo de Durão Barroso, enquanto ministra de Estado e das Finanças era o número dois do governo e enquanto tal tem responsabilidades que vão muito para além do desempenho da pasta das Finanças. Não pode vir preocupar-se com a falsa ingerência dos espanhóis em Portugal quando o seu governo foi subserviente com Aznar. Ou no apoio de Durão Barroso a Aznar Portugal não esteve ao serviços dos interesses da Espanha governada por Aznar.
Manuela Ferreira Leite pode ajeitar o colar, disfarçar a borbula, vestir como a Sarah Palin, mas não pode, ao mesmo tempo que exibe curriculos académicos e profissionais, eliminar o seu passado de governante incompetente como se tivesse aplicado o Restaurador Olex, como se nada tivesse sucedido enquanto foi governantes.