sábado, setembro 12, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Porto

IMAGENS DO DIA

[Pervez Masih/Associated Press]

«A girl collected oil Friday spilt from tankers after two cargo trains collided near Hyderabad, Pakistan. At least five people were injured, officials said.» [The Wall Stret Journal]

IMAGENS DO DIA

[Supri/Reuters]

«A woman scrambled with her belongings at a Jakarta, Indonesia, port Friday as she tried to get on a ship that will take her to her hometown. Thousands have started an annual exodus ahead of the Muslim Eid al-Fitr holiday.» [The Wall Stret Journal]

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

O mínimo que se exige a um líder da extrema-esquerda é que ganhe o debate com o líder do partido mais à direita, isso não sucedeu, na melhor das hipóteses Louçã pode falar em empate, ainda que tenha ido mais vezes às cordas.

Mais uma vez Louçã parte para o debate com um saco cheio de truques e partidas manhosas, mas a sua estratégia já é conhecida e não resultu. Acabou a questionar Portas sobre se duvidava da sua dignidade. Ninguém duvida, pois não? Não, Louçã é a nossa Senhora de Fátima da política portuguesa, apareceu para nos salvar e levar-nos pelo bom caminho.

UMA PERGUNTA INGÉNUA

Se em vez de ter dedicado os seus jornais da Sexta ao caso Freeport, Manuela Moura Guedes se tivesse dedicado a atacar o negócio de Cavaco Silva com as acções da SLN andaria tanta gente com sintomas de claustrofobia democrática?

E o facto é que se contra Sócrates ninguém provou nada, já em relação a Cavaco Silva toda a gente sabe que o presidente e a filha ganharam cada um mais de 70 mil euros com um negócio estranho de acções, cujo preço de venda e de compra foi fixado por um sujeito chamado Oliveira e Costa. Mas parece que os nossos famosos jornalistas de investigação estão muito distraídos.

OUTRA PERGUNTA INGÉNUA

As investigações do caso BPN estão a andar a bom ritmo?

E AINDA OUTRA PERGUNTA INGÉNUA?

O que é feito da Operação Furacão?

O DEBATE ENTRE LOUÇÃ E PAULO PORTAS

Para a extrema-esquerda um líder que se preze tem a obrigação de derrotar Paulo Portas enquanto líder da direita, o mínimo que se exigia a Louçã era uma vitória clara sobre o líder do CDS e isso não sucedeu. Portas conseguiu colocar Louçã na defensiva em muitos temas, por várias vezes desmontou os estratagemas manhosos do adversário, cegou mesmo a incomodar Louça ao ponto deste protestar pelas interrupções.

Porta foi inteligente ao levar Louçã a defender políticas cuja autoria é do PS, em muitos momentos falou mesmo como se essas políticas fossem suas. Em contrapartida, louçã não conseguiu encurralar Portas, só o fez, de forma menos elegante, na sua última intervenção, porque sabia que Portas não teria tempo para lhe responder. Aliás, um truque que aprendeu com Manuela Ferreira Leite, a líder do PSD fez exactamente o mesmo com Paulo Portas.

O balanço final poderá ter sido um empate, mas este resultado só favorece Paulo Portas já que se o BE dificilmente rouba votos ao CDS, já o mesmo não se pode dizer da possibilidade de o CDS ter ganho votos ao BE, muitos dos seus eleitores, principalmente os filhos da classe média, tanto votam BE como poderiam aderir à juventude centrista.

AVES DE LISBOA

Gaivota-pequena [Larus minutus]
Local: Terreiro do Paço [09-02-2009]

FLORES DE LISBOA

No Jardim Botânico

VOTOS ÚTEIS E OUTROS MENOS

«Sondagens, se há coisa que parece certa é ninguém chegar à maioria absoluta. Cada um dos que poderiam esperar essa maioria, o PS ou o PSD, não a conseguindo, com quem vai governar? Por isso se aguardaram com maior interesse os debates entre os mais iguais e não entre os que mais se afastam: Sócrates contra Louçã e Manuela Ferreira Leite contra Portas. É natural, eles disputam o eleitor daquele limbo que pode cair ora para um lado, PS ou PSD, ora para outro, BE ou CDS. Aos grandes, o PS e o PSD, que não podem declarar-se já vencidos na maioria absoluta (faz parte das regras do jogo: em campanha eleitoral, nenhuma derrota pode ser previamente admitida), basta-lhes dizer que estão para ganhar e não discutem cenários. Já os pequenos precisam de convencer que são úteis para fazer a maioria. Ontem, Portas foi claro: quer esse negócio com o PSD. Já o BE não foi por aí, não incita o PS a acordos futuros. A razão é simples: o campeonato de Francisco Louçã não é esta campanha, é ser o maior da esquerda, um dia. Portas é razoável, Louçã não é. É tão simples quanto isso.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A LOURAÇA LEGÍTIMA

«A minha mulher começou a andar de peruca e está de tal forma uma brasa que os próprios sobrinhos, quando lhes mandei uma fotografia da tia, responderam-me com "kem és tu?", pensando que era alguma gaja gira a meter-se com eles. "They should be so lucky", como diria um judeu americano. A peruca é japonesa e hi-tech e já me está a tramar a vida. Não é por me sentir culpado por cobiçar a mulher de outrem. Como sou eu o outrem, até é sexy.

São os outros que pensam, quando me vêem com ela na nova peruca, que, mal descobri que tinha um cancro, arranjei outra. Houve um cozinheiro, muito nosso amigo, que chorou quando nos viu, sentados na nossa mesa do costume, a namorar. Disse ele: "E eu que gostava tanto do Sr. Miguel!" Como é tão boa pessoa como bom cozinheiro, até faz esparregado para ela, já que a quimioterapia altera um bocado os gostos.

Mas, quando o empregado lhe pediu, para além dos carapaus, um esparregado para nós os dois, ele atirou a colher ao chão e gritou: "Eu para essa não faço esparregado! Só faço para a Sra. Maria João!"

Como quem diz: este adúltero não só deixa a mulher, mal ela adoece, como tem a lata de pedir, para as amásias, os petiscos que aliviam a doença da legítima!

Começam a tratar-me mal. Eu faço questão de dizer, a todos que passam por mim, "Esta é a minha mulher, calma!" Mas na estrada é difícil.

E ela não ajuda, porque diz sempre: "Deixa-te de fitas, querido. Tu sempre odiaste a tua mulher..." » [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

EXISTEM CLASSES?

«A certa altura, no debate com Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa ficou indignado. "Não me digam que não existem classes!", protestou ele. Mas, de facto, existem? É evidente que há por aí um movimento para a reabilitação de Marx ou, pelo menos, para que se torne a procurar em Marx uma espécie de "teoria" da esquerda. Até Mário Soares - que não leu O Capital, segundo ele mesmo francamente confessa - se juntou ao coro. O que se compreende. A condenação do "neoliberalismo" precisa de um contraponto e ninguém sabe onde o ir buscar - embora o que impropriamente se chama "neo-capitalismo" não passe de uma hipótese (muito limitada) sobre a relação entre os valores de bolsa e a economia real e Marx e os "marxismos" se pretendam uma interpretação da história.

De qualquer maneira, a pergunta de Jerónimo de Sousa é uma boa pergunta: existem classes? Para começar, convém esclarecer que Marx nunca definiu o que fosse uma "classe". Nem ele, nem Engels, nem Lenine, nem depois ninguém. Até o "proletariado" exigiu sempre uma qualificação adicional e, às vezes, várias. Como a burguesia e a "classe média", que, essa, não cabia (e não cabe) em arrumação alguma, por muito perfeitinha e pormenorizada que seja. Ainda por cima, se no século XIX e na primeira metade do século XX, a sociedade (europeia, claro) permitia ver a olho nu as diferenças de posição entre, por exemplo, um operário, um médico e o dono de uma grande empresa, a partir de 1980-1990 uma sociedade mais complexa criou uma gradação contínua, em que é difícil distinguir um grupo fixo ou uma hierarquia clara.

Exactamente por isso Jerónimo de Sousa não se apresenta hoje como o representante de nenhuma "classe" em particular. Fala de maneira geral em trabalhadores, contribuintes, desempregados. Como toda a gente, de resto, porque do Bloco ao CDS não há um único partido que possa rejeitar ou prescindir do "contrato social" em que assenta o regime. É, em última análise, esta conformidade que tornou os debates num argumento técnico (sem especial interesse) sobre o melhor método de tratar a crise internacional e a crise indígena. Se existissem "classes", como julga Jerónimo de Sousa, ele não perderia um minuto a discutir com Ferreira Leite o investimento público ou o défice do Estado, pela razão simples de que Portugal e a Europa estariam perto de uma sublevação. » [Público]

Parecer:

Por Vascom Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PASSOS COELHO NA COMISSÃO DE HONRA DE SANTANA LOPES

«Manuela Ferreira Leite exclui-os das listas do PSD, mas Pedro Santana Lopes foi buscá-los para Lisboa. Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas vão integrar a Comissão de Honra da candidatura social-democrata à autarquia da capital.

Passos Coelho, adversário da actual presidente do partido e do próprio Santana Lopes na corrida à liderança do PSD, bem como Miguel Relvas, ex-deputado social--democrata, estiveram no centro da polémica quando foram conhecidas as listas do PSD. Vozes críticas da actual liderança do partido, os responsáveis foram afastados por Ferreira Leite, que, no caso de Passos Coelho, justificou a opção com "razões pessoais". Em relação a Miguel Relvas, defendeu: "Não esteve com o partido."» [Correio da Manhã]

Parecer:

Pobre Passos Coelho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se a aceitação de um papel tão pouco digno.»

LOUÇÃ ANTECIPA GUERRA COM CAVACO SILVA

«No programa da SIC Os candidatos como nunca os viu, emitido na última quarta-feira, Francisco Louçã dá nome à fonte anónima. "Um dos entretenimentos deste Verão foi esta história do Presidente: faz saber por via do dr. Fernando Lima, que é uma fonte anónima da Presidência da República, que achava que tinha sido escutado em Belém".

Identificando este episódio como um exemplo de uma "parte da política que se transformou numa espécie de representação para si própria", Francisco Louçã aponta este caso das escutas para denunciar uma "dramatização absurda das coisas, que prova que são pessoas que não estão à altura dos cargos".

Questionado pela jornalista Raquel Alexandra sobre a quem se refere, o líder bloquista esclarece que é ao Presidente da República. "Não quis dizer uma palavra, falou por fontes paralelas", critica o também deputado. Que volta ainda ao tema: "O Presidente fez uma insinuação através de uma pessoa de confiança da Casa Civil, que é anónima mas toda a gente sabe quem é, de que teria havido uma escuta".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Esperto, está a antecipar-se ao PS.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário ao presidente da República.»

FENPROF ENTRA NA PARANÓIA DA GRIPE A

«São os casos da ginástica de solo, acrobática e de aparelhos, cujo contágio não é evitável, tendo em conta que vários alunos utilizam o mesmo espaço.

A Fenprof exigiu hoje que determinadas áreas do programa de Educação Física do ensino secundário, como ginástica de solo, acrobática e de aparelhos, não sejam leccionadas, de forma a evitar o contágio pelo vírus da gripe A (H1N1).» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Quem não sabe o que fazer faz colheres de pau.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a competente gargalhada.»

ANNA PONOMAREVA

FOUNDATION ABBÉ PIERRE