quarta-feira, setembro 30, 2009

Quem são Ali-Babá e os quarenta ladrões?

Os maiores problemas do país não são os sentimentos do assessor de imprensa de Cavaco Silva ou saber se José Sócrates roubou a receita dos carapaus alimados à dona Maria graças às vulnerabilidades da rede informática de Belém. Os problemas do país são a crise económica e os processos judiciais em curso que puseram em causa a confiança dos portugueses nos seus políticos.

Se a crise económica será superada com o tempo, o mesmo não de pode dizer de processos judicias como os do casos Freeport e do BPN e agora o dos submarinos de Paulo Portas. Quando nunca mais falou do Freeport, se esqueceu o BPN o Ministério Público veio dar de uma gestão democrática das investigações e relançou as investigações do negócio dos submarinos. Só que a comunicação presidencial teve o mérito de fazer esquecer tudo, desde o desemprego até aos mais de dois mil milhões de euros que roubaram no BPN.

Só que não serão as diatribes sentimentais do Fernando do Lima que farão os portugueses esquecerem-se de exigir as conclusões das investigações ao caso Freeport que tanto foram usadas para tentar destruir José Sócrates e muito menos os muitos milhões de euros que roubaram no BPN.

Se em relação ao caso Freeport os portugueses ficaram a saber de tudo, só lhes escapou a cor das cuecas dos investigadores porque isso não constava nas folhas numeradas do processo, já em relação ao BPN se mantém uma nuvem de fumo tornando este processo opaco. Já nem vale a pena falar da famosa Operação Furacão, foi tratada segundos critérios meteorológicos e parece que de grande tempestade passou a brisa suave à medida que se aproximou da costa.

Os portugueses querem saber quem são o Ali-Babá e os quarenta ladrões no caso BPN, foram mais de dois mil milhões de euros (para não contar com os prejuízos que Cavaco disse ter tido, bem como de outros cidadãos igualmente descuidados) que desapareceram e toda a gente sabe que ninguém mandou por engano as barras de ouro pelo esgoto. Os portugueses querem saber se alguma campanhaeleitoral para a eleição de órgãos de soberania, desde a Presidência da República à mais pequena junta de freguesia, ou mesmo para a escolha de líderes partidários foi financiada com dinheiro "sujo" do BPN.

Quem ganhou com negócios de aplicações financeiras com preços fixados arbitrariamente por gestores como Oliveira e Costa? Quem recebeu crédito a descoberto? Quem esteve envolvido em negócios em off-shores do banco? Quem Beneficiou de assessorias e outras formas de receber dinheiro fácil do banco?

Os portugueses querem saber quem ficou com o dinheiro que saiu do banco e foi reposto com o dinheiro dos contribuintes. Querem saber se políticos no activo ou na reforma, titulares ou não de cargos de soberania, titulares de cargos unipessoais ou meros membros de juntas de freguesia beneficiaram, roubaram ou de alguma forma viram a sua fortuna aumentar graças à fraude no caso BPN. Os portugueses querem saber que políticos estiveram envolvidos nos negócios duvidosos do BPN.

E não o querem saber apenas por causa dos mais de dois mil milhões de euros, querem que todos os intervenientes sejam identificados para nos certificarmos que as manobras políticas são motivadas pela preocupação pelo interesse nacional ou para criar condições para abafar o Caso BPN e, desta forma, salvarem o Ali-Babá e os quarenta ladrões.

Dois mil milhões de euros é muito dinheiro, é infinitamente mais do que alguma vez poderão ter sido usados como luvas no caso Freeport. É por isso que não se entende porque razão houve tanta excitação com o caso de Alcochete e no Caso BPN parece que o malandro foi Vítor Constâncio. Os próprios sindicalistas do Ministério Público desdobraram-se a exigir meios para investigar o Caso Freeport e em relação ao Caso BPN, de muito maiores dimensões, bem mais complexo e sem ajuda da polícia do Reino Unido ninguém exigiu que fossem usados os meios adequados e proporcionais.

Aliás, mesmo sem meios o Ministério Público parece estar empenhado agora no dos submarinos. Esperemos que não seja à custa da conclusão do Caso Freeport e à custa da investigação do Caso BPN. Concluam o Caso Freeport para sabermos a verdade sobre este caso, os submarinos podem esperar já que o caso permaneceu no fundo do mar durante vários anos e investiguem o Caso BPN. O bilhete pago pelos portugueses foi demasiado caro parque que agora não tenham direito a um lugar na primeira fila para assistir ao "espectáculo".