As
televisões encontraram nos sorteios as receitas que perderam na publicidade e
isso explica em grande medida a facilidade com que têm conseguido sobreviver sem
grandes danos à crise financeira e consequente redução dos orçamentos publicitários.
A caça às chamadas de valor acrescentado ocupa quase todos os programas das televisões
e não seria de admirar se um dia destes forem os próprios jornalistas dos telejornais
a apelar aos telespectadores para ligarem para os números dos sorteios.
A pouca
vergonha chega ao ponto de ouvirmos uma apresentadora da SIC a apelar a que liguem
para o tal número da sorte garantindo que naquela televisão os mais pobres costumam
ter sorte. A miséria humana nesta estação de televisão já chega ao ponto de apelar
aos trocos dos que passam fome para enriquecimento do Balsemão e da Ongoing.
Quando
apostamos num jogo da Santa Casa conhecemos as regras, há um regulamento público,
sabemos qual a percentagem das receitas que está reservadas a prémios, os júris
dos concursos são independentes. Além disso, as receitas do jogo não podem ser
gastas de qualquer forma, a forma como são gastas obedecem a contratos com o
Estado. Sucede mais ou menos o mesmo com os casinos ou com qualquer outra forma
de jogo autorizado. Não admira que o Estado persiga o jogo ilegal, nem as
modestas rifas se escapam a esta perseguição.
Chamar
concursos aos jogos das televisões é gozar com os portugueses, aquilo não
passam de jogo ilegal em que quem joga é manipulado por doses de cavalo de
publicidade. Não se conhecem as regras, os chorudos lucros deste jogo ilegal não
têm qualquer destino social, não há júris dignos desse nome, a percentagem dos
lucros é ocultada de quem joga. Aquilo a que o país assiste diariamente ´+e a
um imenso casino da coxa onde os donos das televisões, incluindo a estatal, vão
buscar lucros fáceis.
Se
assim é porque razão ninguém se queixa? Seria de espera que a Santa Casa exigisse
o fim destes concursos ou que os casinos os ac usem de concorrência desleal? A
razão é simples, em Portugal os políticos e as empresas têm mais medo das telecisões
do que do terrorismo. Quem se mete com as televisões leva e um político perseguido
por uma televisão é um político acabado, o mesmo se pode dizer de qualquer
instituição ou empresa que se meta com esta autêntica al Qaeda televisiva que
se instalou em Portugal.
Se a
Santa Casa levantasse a voz contra esta imensa batota televisiva o Santana
Lopes deixaria de ter acesso às televisões e em menos de nada estaria de
regresso à vida difícil do português comum.