quarta-feira, janeiro 22, 2014

Uma questão de stress

Enquanto Passos Coelho se arma em ajudante de uma oficina de automóveis para designar as suas decisões no domínio da política económica, influência óbvia dos engenheiros que tiraram o MBA em mercearia e já se julgam no direito ao Nobel da Economia, os economistas do FMI armam-se psicólogos e caracterizam o estado actual da economia designando-a como uma economia em stress.
  
Ora, stress é o que muita gente diz que tem quando não tem nada e quer armar-se em doente, há quem por tudo e por nada se sinta com stress. É mais ou menos o que sucede com a economia portuguesa, ao fim de dois anos de sujeição dos portugueses a praxes académicas dignas da Praia do Meco as organizações internacionais quase nada fizeram e agora prognosticam uma cura milagrosa para o doente. Não admira que o mestre Pires de Lima venha agora suceder à Santinha da Ladeira e ande por aí a apregoar milagres económicos em tudo quanto é esquina.
  
O problema é que agora começam mesmo a haver razões para o país estar em stress, os empresários não confiam em políticos que todos os dias tiram um truque na manga, os investidores receiam apostar num país onde o governo ignora a Constituição e insiste em governar contra a vontade dos cidadãos, as famílias receiam a partida dos seus jovens, os pequenos empresários são perseguidos por políticos que só consideram os que têm “capacidade” para os influenciar.
  
O Presidente está tão cheio de stress que até as mãos abanam, lá recuperou o “equilíbrio” graças à morte de Eusébio e à brilhante ideia de distrair o povo com uma condecoração ao Ronaldo. Não há maneira de convencer o Tozé a assumir-se como ala liberal do PSD, é cada vez mais um presidente acabado de quem ninguém espera nada e cujo mandato presidencial tem cada vez mais a forma de contrato de arrendamento do Palácio de Belém, terminados os cinco anos de contrato será despejado.
  
O governo sofre de stress porque as famosas reformas que fez não passam medidas temporárias, desenhadas à pressa, constitucionalmente insustentáveis e de carácter temporário. As únicas medidas definitivas são aumentos de impostos e contribuições sobre o trabalho, o que na prática não passa do famoso golpe da TSU inventado pelo saudoso Gaspar, aumentam-se a receitas ficais e contributivas pagas pelos trabalhadores para, em compensação, reduzir as suportadas pelas empresas.
  
O líder da oposição está em stress porque não há forma de convencer os portugueses de que não é igual a Passos Coelho e que os seus MBAs liberais de esquerda são melhores encomendas do que os MBAs liberais de direita que ensinaram Passos Coelho termos técnicos de grande complexidade intelectual como a calibragem.
  
O Durão Barroso está cheio de stress porque nem os alemães, nem os ingleses e muito menos os franceses lhe disseram que o gostariam de ver mais uns anos a tramar a Europa com a sua incompetência, ainda por cima o Marcelo lidera as sondagens e os portugueses não gostam nada da ideia de a troika ser liderada por um português que fugiu com a desculpa de que iria ser a nossa cunha na EU.