Enquanto Passos Coelho se arma em ajudante de uma oficina de automóveis para designar as suas decisões no domínio da política económica, influência óbvia dos engenheiros que tiraram o MBA em mercearia e já se julgam no direito ao Nobel da Economia, os economistas do FMI armam-se psicólogos e caracterizam o estado actual da economia designando-a como uma economia em stress.
Ora, stress é o que muita gente diz que tem quando não tem nada e quer armar-se em doente, há quem por tudo e por nada se sinta com stress. É mais ou menos o que sucede com a economia portuguesa, ao fim de dois anos de sujeição dos portugueses a praxes académicas dignas da Praia do Meco as organizações internacionais quase nada fizeram e agora prognosticam uma cura milagrosa para o doente. Não admira que o mestre Pires de Lima venha agora suceder à Santinha da Ladeira e ande por aí a apregoar milagres económicos em tudo quanto é esquina.
O problema é que agora começam mesmo a haver razões para o país estar em stress, os empresários não confiam em políticos que todos os dias tiram um truque na manga, os investidores receiam apostar num país onde o governo ignora a Constituição e insiste em governar contra a vontade dos cidadãos, as famílias receiam a partida dos seus jovens, os pequenos empresários são perseguidos por políticos que só consideram os que têm “capacidade” para os influenciar.
O Presidente está tão cheio de stress que até as mãos abanam, lá recuperou o “equilíbrio” graças à morte de Eusébio e à brilhante ideia de distrair o povo com uma condecoração ao Ronaldo. Não há maneira de convencer o Tozé a assumir-se como ala liberal do PSD, é cada vez mais um presidente acabado de quem ninguém espera nada e cujo mandato presidencial tem cada vez mais a forma de contrato de arrendamento do Palácio de Belém, terminados os cinco anos de contrato será despejado.
O governo sofre de stress porque as famosas reformas que fez não passam medidas temporárias, desenhadas à pressa, constitucionalmente insustentáveis e de carácter temporário. As únicas medidas definitivas são aumentos de impostos e contribuições sobre o trabalho, o que na prática não passa do famoso golpe da TSU inventado pelo saudoso Gaspar, aumentam-se a receitas ficais e contributivas pagas pelos trabalhadores para, em compensação, reduzir as suportadas pelas empresas.
O líder da oposição está em stress porque não há forma de convencer os portugueses de que não é igual a Passos Coelho e que os seus MBAs liberais de esquerda são melhores encomendas do que os MBAs liberais de direita que ensinaram Passos Coelho termos técnicos de grande complexidade intelectual como a calibragem.
O Durão Barroso está cheio de stress porque nem os alemães, nem os ingleses e muito menos os franceses lhe disseram que o gostariam de ver mais uns anos a tramar a Europa com a sua incompetência, ainda por cima o Marcelo lidera as sondagens e os portugueses não gostam nada da ideia de a troika ser liderada por um português que fugiu com a desculpa de que iria ser a nossa cunha na EU.