domingo, janeiro 05, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Ibisco, Lisboa


  Imagens dos visitantes
   
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Porto Covo e Lagoa de Santo André, hoje [H. Gomes]

 Imagem do dia
  
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SNOWSTORM: Leo Lajqi blew snow off a sidewalk during the tail end of a snowstorm in the Brooklyn borough of New York Friday. The Northeast U.S. got a blanket of snow and frigid temperatures Friday. (Justin Lane/European Pressphoto Agency) [WSJ]

  
 Jumento do dia
    
Maria Luís Albuquerque, a irrevogável ministra das Finanças

Este governo já era o campeão das rectificações orçamentais forçando o país a um PREC financeiro assente em orçamentos aldrabados, elaborados com base em previsões maquilhadas e em estimativas falseadas e adoçadas, ou, como agora se diz, calibradas em função das conveniências.

Mas a ministra das Finanças não vai ser conhecida apenas pelos swap e pelo ritmo a que rectifica o orçamento, agora vai para o Guiness por ter sido recordista mundial  já que em nenhum país houve um orçamento que esteve em vigor apenas três dias sem ser rectificado. Tudo porque a senhora ministra elaborou um OE contando com o ovo no dito cujo da galinha, fez as contas no falso pressuposto de que muita chantagem sobre o TC tornaria constitucional qualquer medida inconstitucional.

«O Orçamento de Estado para 2014 está “desatualizado” três dias depois da sua entrada em vigor, em parte devido à nova regra da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). Para que as novas alterações possam tomar efeito, o Governo precisa de preparar um Rectificativo que inclua os cortes nas pensões, avança o Público.

O alargamento da base de aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) para reformas acima dos 1000 euros mensais e o aumento da despesa com as reformas dos funcionários públicos obrigam o Governo a preparar rapidamente um Orçamento Rectificativo para incluir estas alterações, três dias depois da entrada em vigor do Orçamento de Estado (OE) para 2014, de acordo com o noticiado pelo Público.» [Notícias ao Minuto]

 
 Cavaco já está a tratar do pós-troika

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 Ilusão

 
 Burj Khalifa Downtown Dubai New Year's Celebrations 2014

   
 Comendas ou encomendas?

Parece que Cavaco em vez de condecorar Ronaldo fez uma encomenda à FIFA de uma bola de ouro, a forma apressada como o fez e num momento em que estava sob fogo devido aos autogolos que tem marcado na sua baliza só pode ser interpretada como uma jogada oportunista de Cavaco. Independentemente de se questionar se a condecoração é apropriada pode concluir-se que nem a condecoração nem Ronaldo foram tratados com a dignidade que merecem.
 
 Paulo Portas

O que mais me irrita em Paulo Portas é o sorriso cínico com que ele termina, um tique irritante que parece apreciar muito. É por isso que cada vez que o ouço me apetece mandá-lo a fazer uma coisa feia.

      
 Remorsos de um encenador de teatro
   
«Muita gente me acusa de ser o culpado do estado de desgraça do nosso país por ter reprovado Pedro Passos Coelho numa audição em que eu procurava um cantor para fazer parte do elenco de My Fair Lady. Até o espertíssimo gato fedorento Ricardo Araújo Pereira já afirmou que eu devia ser chicoteado em público todos os dias até Passos Coelho desistir de ser primeiro-ministro, como insistentemente o aconselha o Dr. Soares.
   
Na verdade, confesso que em 2002, quando preparava os ensaios para levar à cena My Fair Lady fiz uma série de audições a cantores para procurar o intérprete do galã apaixonado por Elisa Doolittle, a pobre vendedora de flores do Covent Garden, personagem saída da cabeça brincalhona e maniqueísta de Bernard Shaw, genial dramaturgo que no seu tempo se fartou de gozar com políticos. Entre muitos concorrentes à audição, apareceu Pedro Passos Coelho de jeans, voz colocada, educadíssimo e bem-falante. Era aluno de Cristina de Castro, uma excelente cantora dos tempos de glória do São Carlos que tinha sido escolhida por Maria Callas para contracenar com a diva na Traviata quando da sua passagem histórica por Lisboa. As recomendações portanto não podiam ser melhores e a prova foi convincente. Porém, Passos Coelho era barítono e a partitura exigia um tenor. Foi por essa pequena idiossincrasia vocal que Passos Coelho não foi aceite, o que veio a ditar o futuro do jovem aspirante a cantor que, em breve, ascenderia a actor protagonista do perverso musical da política. Se não fosse a sua tessitura de voz de barítono, hoje estaria no palco do Politeama na Grande Revista à Portuguesa a dar à perna com o João Baião, a Marina Mota, a Maria Vieira, e talvez fosse muitíssimo mais feliz. Diria mal da forma como o Estado trata a cultura em Portugal, revoltar-se-ia com os impostos que o teatro é obrigado a pagar, saberia que um bilhete que é vendido ao público a dez euros, sete vão para o Estado, teria um ataque de nervos contra os lobbies da Secretaria de Estado da Cultura, há quarenta anos sempre os mesmos... não saberia sequer o nome do obscuro e discretíssimo secretário da Cultura oficial, não perceberia porque em Portugal não há uma Lei do Mecenato que permita aos produtores de espectáculos cativar os mecenas, tal é a volúpia cega dos impostos, saberia que cada vez mais há artistas no desemprego em condições miserabilistas e degradantes, que fazer teatro, cinema ou arte em Portugal se tornou um acto de loucura e de militância esquizofrénica. Mas a cantar no palco do Politeama estaria bem longe da bomba-relógio do Dr. Paulo Portas, cada vez mais fulgurante como pop-star, da troika, agora terrível e pós-seguramente medonha, das reuniões de quinta-feira com o Senhor Professor, do Gaspar que se pisgou para o Banco de Portugal, dos enredos do partido bem mais enfadonhas do que as animadas tricas dos bastidores do teatro, das reuniões intermináveis com os alucinados ministros, das manifestações dos professores, dos polícias, dos funcionários públicos, dos pescadores, dos estivadores, dos reformados, dos trabalhadores de tudo o que mexe e não mexe em cima deste desgraçado país, ah!, e das sentenças do Palácio Ratton que agora são chamadas para tudo, só para tramarem a cabeça intervencionada do pobre Pedrinho... não bastava já as constantes birrinhas do Tó Zé Seguro, as conversas da tanga do Dr. Durão Barroso, o charme cínico e discreto de Madame Christine Lagarde, as leoninas exigências da mandona da Europa para Bruxelas assinar a porcaria do cheque. Valha-me o Papa Francisco que tudo isto é de mais para um barítono!

Assumo o meu mais profundo remorso. Devia ter proporcionado ao rapaz um futuro mais insignificante mas mais feliz. Mas, tal como Elisa Doolittle, que depois de ser uma grande dama prefere voltar a vender flores no mercado de Covent Garden, talvez o nosso herói renegue todas as vaidades e vicissitudes da política e suba ao palco do Politeama para interpretar a versão pobrezinha mas bem portuguesa de Os Miseráveis!

PS. O artigo foi escrito em português antigo. No Teatro Politeama nem as bailarinas russas aderiram ao Acordo Ortográfico.

* Encenador e dramaturgo. Diplomou-se em Londres com uma bolsa da Fundação Gulbenkian, foi diretor da Casa da Comédia. Com "What happened to Madalena Iglésias" iniciou e revitalizou o teatro ligeiro» [DN]
   
Autor:
 
Filipe la Féria.

PS: Este artigo de opinião escapou-se ao crivo diário da comunicação social mas ainda que com alguns dias de atraso merece ser lido senão mesmo relido.
      
 Sempre os seniores
   
«A ideia de que reformados e pensionistas representam um segmento social disponível para a poupança e, por isso mesmo, explorável para gastar não é nova. Antes desta crise se instalar com armas e bagagens (sobretudo armas, diga-se), bancos e seguradoras fartaram-se de vender os chamados serviços para seniores (nova designação dada à terceira idade), designadamente nos campos da saúde, da hospedagem e do lazer.

Tanto na esfera pública como na privada, cresceram que nem cogumelos instituições e empresas cujo foco era o de vender o que quer que fosse para tornar a velhice mais saudável, mais aprazível e, numa palavra, mais feliz.

Nesse tempo, que não vai assim tão longe, a economia agradecia porque essas poupanças dos seniores eram libertadas ajudando a criar riqueza e emprego.

Agora, em tempos de vacas magras, em que não conseguimos pagar o que devemos e, pior, a economia deixou de poder garantir a sustentabilidade dos sistemas sociais em que assenta o nosso modelo de sociedade, eis que o Estado, também ele, se volta para os reformados e pensionistas.

Porém, desta vez, não é para tornar reprodutivas as poupanças dos seniores e colocá-las ao serviço da economia e do bem-estar social.

Desta vez, trata-se de confiscar essas poupanças para garantir a contenção da despesa do Estado e que o défice não sobe acima dos 4 por cento do PIB. Ou seja: parte das pensões e reformas, que eventualmente eram injetadas na economia para felicidade coletiva, é pura e simplesmente subtraída a esse antigo ciclo virtuoso do dinheiro porque o Estado deixa de pagar.

No plano político, que é disso que se trata, tão importantes quanto as medidas em si serão seguramente as razões e os argumentos que possam sustentá-las. Só para dar um exemplo: certamente que todos gostaríamos de ser elucidados quanto às razões que a Irlanda apresentou para sair do seu plano de ajuda financeira e regressar aos mercados com um défice de 4,8 por cento, enquanto nós parecemos agrilhoados a uma previsão de défice de 4 em vez de 4,2, sendo certo que são precisamente essas 2 décimas que vão provocar este suplemento de sacrifício entre os mais velhos.

Em boa verdade, só parece existir uma ideia clara: a de que temos de nos livrar da troika, custe o custar.

Acontece que uma ideia dessas carece de demonstração sobre os benefícios futuros que possa albergar. E não chegam proclamações sobre a soberania financeira recuperada a partir de maio. É preciso que essa soberania possa vir a ser usada politicamente para o melhor bem possível distribuído pela maior maioria possível de portugueses. Ora, nesta perspetiva, tirar aos rendimentos disponíveis dos seniores não parece a melhor ideia para a nossa economia.» [JN]
   
Autor:

Manuel Tavares.
      
 Cristiano Ronaldo condecora Cavaco
   
«O Presidente vai condecorar Cristiano Ronaldo por ele ser "símbolo de Portugal". Bate certo, é jovem e emigrou. Nessa terça-feira, vou gostar de o ver a deslizar de joelhos no tapete da Sala Azul até à bandeirola de canto e apontar para o peito, para a fita tripartida (azul, branca e negra, disposta em pala) pendente ao pescoço, de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Mas, na verdade, pode ser pouco: ele só vai receber o terceiro grau da ordem (um pouco como o galardão de melhor marcador do campeonato), nas vésperas de o mundo lhe dar o primeiro, a Bola de Ouro. Como costume, as coisas em Portugal acontecem sempre com algum atraso: seria preciso Cristiano Ronaldo ganhar o Campeonato do Mundo, a 13 de julho no Maracanã, para Belém o homenagear com o Grande-Colar, o topo (o seu lugar natural) da Ordem do Infante. Em todo o caso, a placa de Grande-Oficial já diz quase tudo: "Talent de bien faire". Bien faire a receber a bola no peito, bien faire a rasgar a defesa, bien faire a meter a bola no cantinho - talent é com ele. Quase tudo, mas faltando ainda o essencial. Ele é símbolo porque representa, mas sobretudo porque é exemplo. Aos 14 anos, menino pobre e longe dos seus, deixava o quarto da pensão da Duque de Loulé, ao fim de um dia de treinos, para vir, solitário, bater e rebater bolas no passeio da Avenida da Liberdade. Talento, sim, mas mais querer, sobretudo querer. Símbolo de Portugal? Quem dera.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.
   

 
 E ninguém o manda à bardamerda?
   
«Luís Marques Mendes referiu, esta noite, no jornal da Noite da SIC, que o Governo não está a ser coerente com as medidas que toma, e que o PS tem culpa nas más decisões do executivo de Passos Coelho pois não é firme e "não mete medo". O social democrata defende, ainda, que uma das medidas do Plano B ao Orçamento do Estado passaria por aplicar uma taxa às Parcerias Público-Privadas (PPP).  » [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Depois da mana se esquecer da ministra dos swaps e das suas emntiritas foi a vez do mano culpar o PS pelas asneiras do governo, isto é, o que corre bem é obra do governo, o que corre mal resulta da má oposição do PS.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao mano da mana Mendes que vá à bardamerda!»
   
 Romaria a Peniche
   
«Um milhar de pessoas, entre elas o atual líder do PCP, Jerónimo de Sousa, assistiu hoje à recriação da fuga do histórico comunista Álvaro Cunhal da cadeia política de Peniche há 54 anos.

A tenda instalada ao lado da Fortaleza de Peniche, com mais de trezentos lugares sentados, foi pequena para acolher o público, deixando muita gente em pé no interior e no exterior, a ver ao vivo ou através de televisores a encenação da fuga de Álvaro Cunhal da ex-prisão política, a 03 de janeiro de 1960.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi um dos presentes na iniciativa, que culmina a celebração dos 100 anos do nascimento do fundador do Partido Comunista Português (PCP).» [DN]
   
Parecer:

Dantes a romaria era a Baleizão onde se prestava uma homenagem a uma Catarina Eufémia que muito provavelmente nem era militante do PCP, agora que se cria um culto da personalidade póstumo a Cunhal as tarefa é transformar Cunhal num herói de banda desenhada.

O Partido Comunista é como a Igreja Católica, não lhe faltam santos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Assista-se.»
  
 Até os EUA
   
«O ministro das Finanças dos EUA, Jacob Lew, vai deslocar-se à Europa, incluindo uma passagem por Lisboa, para pressionar políticas em favor do crescimento económico, disse hoje um dirigente do Ministério, sob anonimato.» [DN]
   
Parecer:

Este mundo está mesmo roto.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
     

   
 Xnir
   
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