sexta-feira, março 13, 2015

Cinismo

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Perante o abandono do país por parte de muitos portugueses o governo reagiu de forma brutal, sugerindo aos jovens que partissem em busca de zonas de conforto, Miguel Relva sugeria mesmo destinos como o Brasil ou Angola.  Com o amor dos desprezos pelo drama vivido por muitas famílias que recorriam à partida de alguns para fugir ao desemprego, para ganhar com que pagar a casa ao banco ou mesmo para evitar dívidas ao fisco e `s contribuições com as consequências dramáticas a que Passos Coelho foi poupado.
  
Não eram jovens com uma formação da treta a quem o padrinho Ângelo Correia teve de dar emprego para ter o que comer, eram quadros prometedores, gente com mestrados e doutoramentos, era a melhor geração que o país tinha produzido muito graças às apostas feitas na educação e na investigação que este governo procurou desmantelar. Mas ao governo interessava a partida destes jovens.
  
O modelo de desenvolvimento defendido por este governo assenta em trabalho pouco qualificado e essa gente estava amais, o Gaspar proibiu que alguém falasse de crescimento o que tornava necessário deixar partir os excedentes de trabalhadores qualificados e de quadros. Esta vaga de emigrantes apresentava uma tripla vantagem, aliviava as pressões sociais de uma geração com capacidade reivindicativa, eliminava os jovens das taxas de desemprego e podia gabar-se do sucesso nas contas externas com a ajuda das suas transferências.
  
Nesse tempo até o eurodeputado Paulo Rangel teve aquilo que pensou ser uma ideia brilhante, propôs a criação de uma agência de apoio aos emigrantes, uma forma de estimular a emigração proporcionando aos jovens expulsos do país a informação adequada para encontrarem um destino mais facilmente. A ideia não pegou porque isso significava assumir uma política velada de emigração e, entretanto, começaram a ouvir-se algumas críticas.
  
Agora que se aproximam as eleições o governo veio com a lenga lenga do empreendedorismo para inventar umas gorjetas que consigam convencer alguns jovens mais distraídos a regressar a um país . A medida além de cínica e oportunista é ainda discriminatória pois parece que só os jovens empreendedores e os chineses endinheirados são bem-vindos a este país, os outros podem ficar onde estão.