Esta foi a primeira semana da campanha eleitoral tendo cabido ao PS a comício e abertura, para isso recorreu ao Público, o seu jornal de campanha, para sugerir que Passos Coelho é um caloteiro fiscal. Passos reagiu das mais diversas formas, começou por se confessar um descuidado, depois garantiu que para alguém ser um primeiro-ministro mais honesto do que ele teria de nascer duas vezes e terminou a semana assegurando que com mais multa ou menos multa tinha todas as contas em dia. Cavaco confirmou que verificou as contas na reunião semanal e de limitou-se a fazer um bocejo presidencial.
Quem está também em campanha é o Ministério Público que se reuniu em Vilamoura para propor que a PJ passe a ser o seu braço armado, sendo de esperar que num próximo congresso defendam que seriam criadas muitas sinergias no combate ao crime económico se os tribunais também ficassem na sua dependência. Era o três em um o MP investigava, prendia e condenava. Mas a grande novidade do congresso não foi a ambição do MP de controlar a sociedade portuguesa, isso já toda a gente sabe, a novidade esteve na lista dos patrocinadores, saíram os bancos como o generoso BES e passaram a estar os jornais oficiosos do MP, os jornais onde todos os dias se viola o segredo de justiça. Enfim, compreende-se esta proximidade entre o MP, banqueiros trafulhas e jornais desbocados.
Quem se deve estar a divertir é o primeiro-ministro grego, em poucos dias Portugal esqueceu-se da queixa que tinha apresentado a Bruxelas pois o presidente da Comissão Europeia confirmou o que todos sabiam, que o governo português para salvar a sua face nas eleições tentou tramar a Grécia. Agora Passos Coelho corre um sério risco de ouvir Tsipras dizer que é diferente, que sempre cumpriu as suas obrigações fiscais, que nunca teve dúvidas de que as obrigações de cidadania não são uma opção e que para ser mais honesto do que ele o primeiro-ministro português teria de nascer duas vezes.