segunda-feira, março 16, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



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Flores do jardim Gulbenkian, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Carlos Moedas, emigrante rico e oportunista

Mesmo depois de ter dado a golpada e ficar com o tacho deixando a Maria Luís a pagar o crédito à habitação com o modesto ordenado de ministro reduzido pelos cortes salariais, o Carlos Moedas continuam a pensar que algum português lhe dá ouvidos. Agora vem dizer que é injusto dizer que Portugal não fez as reformas, logo ele que foi o inventor de um famoso guião da reforma do Estado que conveceu e deu ao FMI para assinar, entregando-o depois ao Portas para o implementar.

«O comissário europeu da Investigação, Inovação e Ciência, Carlos Moedas, considera "muito injusto" dizer que Portugal não fez as reformas e não está a lutar por elas e entende como "normal" a pressão dos técnicos do Fundo Monetário Internacional, num comentário à manchete do Expresso deste sábado. 

A missão do FMI considera que o Governo e os parceiros sociais desistiram das reformas. Esta semana, no regresso a Portugal, a equipa vai questionar o andamento da nossa economia.

"Todos reconhecem, o poder político reconhece, o esforço que Portugal fez em termos de reformas de ajustamento", frisa Carlos Moedas em entrevista à "TSF". "Podemos concordar ou não com as reformas, e essa é uma discussão entre as várias forças políticas em Portugal, mas as reformas foram realmente feitas". Todavia, "Portugal vinha de uma "posição externa líquida muito difícil e de dívida muito elevada, conseguímos essas reformas, mas temos que continuar", sublinha à rádio.» [Expresso]

 Obrigadinho ó Tó

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Quem deverá estar a rir que nem um perdido é o António José Seguro.

 Aviso pré-eleitoral

Nem que a vaca tussa votarei na comentadora da CMTV para Presidente da República.

      
 Os Diáconos Remédios
   
«Estava eu posto em sossego, ainda a praguejar contra o Dia Internacional da Mulher e o relambório habitual das quotas de género mais a ameaça do governo de impor às empresas do PSI 20 a obrigação de nomearem mulheres para lugares de topo, quando me sai ao caminho um pregador moralista a vociferar contra o "altar do deboche", que trava a natalidade, consequência, diz ele, da emancipação feminina. Ou seja, para João César das Neves o direito à igualdade é uma balela.

Dois dias depois tropeço noutra espécie de Diácono Remédios de apelido Saraiva - e, permitam--me a imodéstia, isto dos apelidos é como os bancos: há os bons e os maus -, a meter o nariz na vida alheia, qual alcoviteiro, porque determinada sujeita que nem conheço teve, de 2007 para cá, 15 homens. "Uff! Credo!", soltava o invejoso, retirando desta história a conclusão que é por causa de mulheres como esta que o mundo está perdido e em desconstrução.

Antes de mais nada, cumpre-me fazer uma nota prévia a qualquer outra consideração. Espero, sinceramente, que nunca falte a tribuna a César das Neves ou Saraiva. A liberdade é isto mesmo. Dizer tudo o que alma nos manda e aguentar as discordâncias e as consequências.

Devo dizer que tanto me incomodam estes discursos que revelam nas entrelinhas uma agenda contrarrevolucionária, como os movimentos histéricos do sutiã queimado. Mas, levado à letra o que diz César das Neves - "É verdade que a emancipação da mulher a masculiniza, desprezando as características femininas, no esforço obsessivo de as provar capazes em jogos de homens" -, significa tão-só que às mulheres está reservado, exclusivamente, o dever da maternidade. E, pior, sem liberdade de escolha. No mundo ideal de César das Neves, as mulheres não trabalham fora de casa que isso é para machos, não têm sequer direito a voto que é coisa de homens - heréticas sufragistas americanas, do que elas se foram lembrar no século XIX -, não saem à rua de minissaia ou, sequer, vão à praia em fato de banho porque isso é lascivo e libertino. Não, o lugar da mulher é em casa, de preferência a parir em série para resolver o problema demográfico e de sustentabilidade da Segurança Social. Não importa se tem sustento para uma maternidade responsável, como lhe chamou ainda há dias o Papa Francisco. Aliás, o mundo ideal de César das Neves é, nesta linha de pensamento, contraditório com a doutrina de sua santidade que até decretou que os católicos não devem "procriar como coelhos".

O modelo de sociedade que nos propõe César da Neves não é muito diferente daquele que o Conselho de Guardiães do Irão está a analisar, respondendo a um pedido do guia supremo, o ayatollah Ali Khamenei, para que as autoridades políticas tomem medidas para travar a quebra da natalidade. Nada melhor, portanto, que seguir a doutrina César das Neves de reduzir as mulheres ao papel de máquinas de fazer bebés. Podia ter ignorado, afinal de contas é só uma opinião, e todos temos direito a tê-la e a expressá-la. Sucede, porém, que a moral serôdia de César das Neves, herdeira do Morgado truca-truca, é um insulto à inteligência e uma ofensa à civilização do século XXI. Além de que tão perigoso é o talibã que reza virado para Meca como o fundamentalista que bate com a mão no peito de olhos postos em Roma.

E o que mais me irrita nisto tudo é que por causa de pessoas como João César das Neves ou José António Saraiva ainda vou acabar a dar o dito por não dito e a defender, com unhas e dentes, o Dia Internacional da Mulher. E isso eu não lhes perdoo.» [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.

 Vai e não voltes
   
«O governo finalmente apercebeu--se de que muitos portugueses estavam a abandonar o país. Muito a custo, parece ter admitido que isto de muita gente sair é capaz de não ser assim uma coisa tão boa. Que um país perder em três anos 7% da população ativa não será um bom indicador para o futuro da comunidade.

Vai daí, alguém se lembrou de pôr o secretário de Estado adjunto do ministro adjunto a tratar do assunto. Porém, pelas abundantes declarações do cavalheiro, não parece que ele lhe dê grande importância. Lá foi dizendo que Portugal sempre foi um país de emigrantes e que isto da mobilidade até é uma coisa boa. Deu até o seu exemplo pessoal: também ele esteve a estudar no estrangeiro e depois regressou. Um exemplo apropriadíssimo para a recente saída em massa de portugueses para fora da sua zona de conforto. Estavam eles superconfortáveis sem emprego, sem horizontes, sem meios para sustentar a família e lá foram estudar para uma universidade qualquer.

Pedro Lomba tem razão: sempre fomos - na esmagadora maioria das vezes, pelas piores razões - um país de emigrantes. Porém, desde que há registos credíveis, que não tinha saído tanta gente - nem nos anos 60 foi como nos últimos anos. Mas isso o secretário de Estado não sabe. Aliás, ele nem sabe quantos portugueses saíram. Como disse ao jornalista Paulo Magalhães, na TVI 24, acha que foi bastante gente e tem duas certezas: que não foram 400 mil pessoas e que há muita desinformação sobre o assunto. Aliás, percebeu-se pela entrevista que eram as duas únicas coisas que Pedro Lomba, de facto, sabia. Digamos que é um bocadinho estranho que o homem a quem foi dada a incumbência de tratar assuntos relacionados com a emigração não tenha sequer uma ideia de quantas pessoas estamos a falar. Até era fácil, bastava consultar a Pordata e teria a informação de que de 2011 a 2013 saíram 350 504 - ainda não há registos respeitantes a 2014 e para 400 mil falta pouco. Detalhes, bem entendido.

Seja como for, desconhecendo a razão pela qual tanta gente teve de sair do país e tendo apenas uma ideia vaga de quantos foram, o secretário de Estado engendrou um plano para apoiar os portugueses que querem regressar.

Bom, quem queira não; quem se candidatar a um subsídio para lançar um negócio. Uma coisa com viabilidade, com arrojo, com espírito empreendedor. Portanto, o empreendedor secretário de Estado analisará se o emigrante que não conseguiu empreender no estrangeiro ou que prefere agora empreender em Portugal tem um projeto com viabilidade e se é um verdadeiro homem de empreendimentos. Se for, subsidia-o em dez mil euros, ou, se mostrar ser mesmo um fantástico empreendedor, leva 20. Ui, isto é que vai ser empreender. Não estou a ver que negócio se lança com essa fortuna, mas deve ser para aí uma fábrica de alta tecnologia ou assim - não tenho conhecimento se as viagens de volta do emigrante e da sua família estão incluídas.

E quantas pessoas poderão concorrer, ou seja, quantos portugueses poderão VIR ao abrigo do programa VEM, queria saber o referido jornalista da TVI 24, "30? 40?". Parece que são 40, numa primeira fase, claro. "Mas...", espantou-se o Paulo Magalhães, "saíram 350 mil..."Mas o secretário de Estado não queria ouvir falar do número de pessoas que se tenciona captar com o VEM. A questão não é essa, disse, já exasperado, o governante, "o que conta é a intenção".

E quanto custa o VEM? Qual a dotação orçamental? Isso não interessa nada, o que conta é que se "criou um quadro", diz Pedro Lomba. "Números?", insistia o Paulo Magalhães, "as coisas não se fazem assim", suspirava o secretário de Estado, com certeza por achar que o jornalista não percebia que havendo intenção não era necessário mais nada.

É compreensível que o Pedro Lomba não goste de falar de números. Um cavalheiro que acha que dando um subsídio de dez mil euros a uma pessoa, que mudou toda a sua vida para outro país, a faz regressar não está preparado para fazer uma continha de somar que seja.

Não vale a pena tentar explicar a quem tem o desplante de apresentar uma coisa tão disparatada, que acha que não tem de definir objetivos, que julga desnecessário falar de números, que não se preocupa em saber sequer quantas pessoas saíram do país, que fala de intenções e, cheio de autoridade, que diz "que as coisas não se fazem assim", que não é com uns subsídios patéticos que se faz regressar quem quer que seja. É evidente que quem se resigna a fazer esta ação de campanha eleitoral mal amanhada não imaginará que está a insultar quem foi obrigado a deixar o país por puro desespero.

O mais preocupante no VEM não é a manifesta incompetência e impreparação de quem o fez ou apresenta, é a forma leviana como se olha para um problema que é central para o país.

Mas, pronto, foi giro, sempre deu para matar saudades dos briefings do secretário de Estado. Nada como umas boas gargalhadas para nos dar algum ânimo. E bem precisados estamos.» [DN]
   
Autor:

Pedro Marques Lopes.


 Portugal tem uma nova estrela
   
«Ambos acreditam que a existência desta lista irá limitar o trabalho do Fisco e referem mesmo que já se nota alguma receito por parte dos trabalhadores. Por isso, defende Paulo Ralha, é essencial que o diretor-geral da Autoridade Tributária esclareça a situação para que não fiquem “fantasmas a pairar no ar”.

Uma das áreas que será mais afetada será a investigação dos sinais exteriores de riqueza, refere ao Jornal de Notícias Paulo Ralha, dado que era normal os funcionários procurarem saber de quem são determinados bens, como carros de alta cilindrada, aeronaves ou casas muito valiosas para se certificarem de que os seus proprietários fazem declarações fiscais compatíveis.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Dos fundos de um serviço de Finanças para a Ribalta graças a poder falar do fisco como se soubesse de tudo e sem correr os riscos que correm os colegas a coberto do estatuto de sindicalista.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 O SNS está melhor, diz o competentíssimo Macedo
   
«“Ao ver-me de bata, virou-se contra mim. Levei um estaladão, fui contra a parede e desmaiei”. Esta declaração foi dita ao Público por uma médica que, à semelhança do que acontece com muitos profissionais de saúde, sofreu agressões por parte de um paciente.

Ainda que para muitos possa parecer, dada a brutalidade, que casos como este são raros, o certo é que acontecem frequentemente, tanto em hospitais como em centros de saúde. Ou melhor, acontecem de forma cada vez mais frequente.

Em 2013, atestam os dados de um observatório do Direção-Geral da Saúde a que o Público teve acesso, foram reportados 202 casos de violência como este. No ano passado, o número subiu para os 531.

O crescimento foi de 160% e prova que os doentes estão cada vez mais insatisfeitos e frustrados com os cortes que têm sofrido e que afetam os cuidados de saúde que recebem. Associado a isto, está ainda a exaustão que tem afetado médicos e enfermeiros.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

É por isso que as urgências e os centros de saúde são locais perigosos para os profissionais de saúde, gente que Passos Coelho difamou dizendo que ganhavam mais e trabalhavam menos do que no sector privado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se por algo mais grave que mais tarde ou mais cedo vai suceder.»
  

   
   
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