O PS nunca ganhou eleições sem um forte apoio de independentes e quando o conseguiu com maioria absoluta sem um grande movimento de apoio por parte desses independentes. A última vez que o PS ganhou as eleições graças ao trabalho da sua máquina foi há mais de trinta anos, com Mário Soares na sua liderança e num contexto histórico bem diferente do actual.
O partido socialista tem uma máquina arcaica onde as linhagens ainda são mais importantes do que as capacidades individuais, e ser filho ou afilhado de uma personalidade de peso é a garantia de sucesso e de uma ascensão rápida. Que o digam os filhos de muitas personalidades do velho PS ou o próprio António Costa que tanto deve a Jorge Sampaio e a outras personalidades do PS que o protegeram e promoveram. O partido socialista que tanto se afirma como republicano como é o partido português que mais se assemelha a um partido monárquico.
Guterres socorreu-se dos seus Estados Gerais para mobilizar os independentes, mais tarde Sócrates fez o mesmo com com as Novas Fronteiras e António Costa chegou à liderança do PS pelos muitos independentes que votaram numas directas promovidas ingenuamente por José António Seguro. Foram sempre os independentes a levar o PS ao poder, da mesma forma que foram sempre os independentes os primeiros a serem acusados de culpados dos insucessos dos governos do PS. Quem não se lembra da forma como Sousa Franco se afastou do PS?
António Costa desprezou dos independentes, o único que de vez em quando é exibido para tranquilidade dos mercados é o economista do BdP Mário Centeno, mas esse independente mais não é do que o delegado do BdP e do BCE a equipa de António Costa, uma garantia deste de que o PS não terá manifestações de desobediência em relação à troika, uma declaração de obediência à política de austeridade. Tudo o resto à volta do líder do PS é gente da sua confiança, diria que é ferro-velho, a sua velha guarda onde só tem lugar um ou outro desses jovens que já era velhos à nascença.
Esta velha desconfiança do PS em relação a gente que não está vinculada à família por lados de dependência criados no aparelho e que asseguram a sua obediência, pode sair cara a António Costa. Depois de tra ganho as autárquicas de forma esmagadora e de ter derrotado Seguro nas directas António Costa achou que era uma forma da natureza, que capa de ganhar todos os embates eleitorais sem depender de terceiros.
Mal ganhou as directas Costa rodeou-se de políticos como Ferro Rodrigues e Vieria da Silva e apoiou-se na velha guarda do PS, fez as pazes com Seguro, recuperou os seguristas e até já há quem no meio desta embriaguez sugira Maria de Belém para uma candidatura presidencial. Convencido de uma vitória eleitoral fácil António Costa desprezou os independente e os jovens, em vez de apresentar um projecto tem tentado navegar de vento em poupa empurrado por casos e casinhos.
Veremos os resultados desta estratégia, para já temos os resultados na Madeira que dizem não ser extrapoláveis para o país e as sondagens que não contam por não serem a grande sondagem.