sábado, outubro 14, 2017

Conclusões de um ignorante em direito



Confesso-me ignorante em direito, mas num país em que altos magistrados e administradores bancários tiraram os cursos de direito e de economia saneando professores catedráticos a mando do grande educador do proletariado Arnaldo Matos, mais o seu ajudante Saldanha Sanches, para depois concluírem as cadeiras com passagens administrativas, para não falar dos cursos à Miguel Relvas, sinto-me no direito a falar de tudo, do que sei e do que tenho a mania de que sei,, pelo menos enquanto a geração MRPP que atormenta o país não mudar na sua totalidade de residência para o Alto de São João. Aliás, depois de, a propósito, de Tancos ter ouvido uma alta magistrada dizer que o MP nada tinha que ver com a prevenção criminal, até me sinto um especialista no MP.

A primeira grande dúvida que tinha em relação ao processo de Sócrates era se no momento da prisão preventiva já havia matéria suficientemente par deter preventivamente um cidadão deste país, beneficiário dessa Constituição que em matéria de direitos individuais dizem ser uma das mais avançadas do mundo. Além disso, o juiz de instrução a quem cabe defender os direitos dos cidadãos arguidos dos abusos dos investigadores, era esse cidadão exemplar de nome Carlos Alexandre, de quem dizem ser um supre juiz. Não podia e posso estar mais tranquilo.

A acusação fez-me confiar na justiça, há uma acusação de corrupção que certamente explica a prisão preventiva de um ano, Sócrates influenciou o governo venezuelano para contratar uma empresa portuguesa. Mas agora vivo em grande ansiedade, quem me garante que amanhã não acordamos com Cavaco preso por ter dado benefícios fiscais para atrair a Autoeuropa, o Durão Barroso mais o seu compadre que tanto promoveram a diplomacia económica. Quem em garante que amanhã não estarão na ala prisional da PJ todos os que foram presidente do AICEP ou dos ministros que promoveram a internacionalização das empresas portuguesas?

Mas podemos estar descansados, até que porque muitos meses depois de Sócrates preso, quando o Vale de Lobos apareceu no processo, já havia mais do que motivos para que Carlos Alexandre despisse as suas vestes de defesa dos valores constitucionais, depois das casas da Venezuela a prisão preventiva de Sócrates era pouca coisa,  em comparação do que ele merecia. Já se sabia o suficiente para aaplicar sem julgamento uma qualquer pena imaginada pelo André Ventura.

Do caso de Vale de Lisboa já muito se disse sobre o negócio, mas se esquecermos a Venezuela, que fornece jurisprudência criminal suficiente para transformar a famosa Praia dos Tomates num Tarrafal Algarvio, promovendo o famoso Gigi a cantina prisional, só  muitos meses depois da libertação de Sócrates o MP encontrou matéria para uma primeira acusação. O caso da PT, fundamento da terceira acusação, só apareceu há poucos meses. 

De qualquer das formas fico grato por o Ministério Público me ter dado a conhecer a vida íntima de Sócrates. Agora estou ansioso opor saber como faz o Marque Mendes quando tem namoradas altas, quais os palavrões que Cavaco Silva diz à esposa nos seus momentos de intimidade, quem paga os fatos e os Jaguares ao Paulo Portas, se a Assunção Cristas usa fio dental ou cuecas de gola alta, se o Pacheco Pereira declama poesia enquanto dá as suas berlaitadas ou se o Pedro Mota Soares já consegue dar uma em cima de uma Lambreta. Confesso que depois de saber dos segredos de Sócrates fiquei viciado em voyeurismo e estou mesmo a pensar em exigir que o MP me trate um tratamento contra esta adição, depois de andar anos a saber da vindima íntima de um político já não aguento o sofrimento desde que sofro do síndroma de abstinência. Ou o MP volta a descrever a vida íntima de outros políticos ou continuarei em sofrimento psicológico.