quarta-feira, outubro 25, 2017

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das Finanças

Espera-se de uma ex-ministra das Finanças, a não ser como que seja uma iletrada o que não é o caso, que fale de temas fiscais com mais seriedade do que a que usaria um cavador, para citar Sousa Franco. É evidente que se quisermos que os ateliers de arquitetura ou os escritórios de advogados assumam as suas obrigações, deixando de escravizar os seus profissionais com um sistema de trabalho absolutamente precário, devemos deixar às situações de recibos verdes.

Acusar um regime que limita pela via fiscal o recurso a recibos verdes com o argumento de que se quer mostrar resultados com o e-fatura revela alguma irresponsabilidade. recorde-se que a primeira vez que o ministério das Finanças fez uma campanha apelando à emissão de faturas foi precisamente com Manuela Ferreira Leite como ministra. Será que na ocasião o objetivo da ministra era apenas apresentar estatísticas de emissão de faturas?

«"O [novo] regime é absolutamente desadequado à nossa realidade do que são os recibos verdes porque, se se quer uma fatura de um arquiteto que trabalha num atelier de arquitetura, ele não tem nem uma", exemplificou Ferreira Leite, que falava na conferência organizada hoje em Lisboa pela sociedade de advogados Miranda sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018).

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, tem vindo a argumentar que as mudanças ao regime simplificado de IRS, destinado aos trabalhadores da categoria B, nomeadamente os profissionais liberais, têm como objetivo "introduzir mais faturas no 'e-fatura'", o que permite arrecadar mais receitas de IVA.

Sobre o facto de o Governo ter indicado que a medida abrange apenas 10% dos trabalhadores abrangidos por este regime, Manuela Ferreira Leite criticou que a questão se coloque ao nível de quantas pessoas são afetadas, o que disse ser "puramente eleitoralista".» [Notícias ao Minuto]

 Um problema ambiental

Esgotado o impacto das imagens do fogo e das viaturas queimadas, enterrados os mortos e respeitado o luto, quase esgotado o tema das ovelhas e cabras, as televisões passaram a apelar à comiseração com reportagens sobre gatinhos e outros animais domésticos. Mas é certo que com as abelhas e outros insetos ninguém se preocupará, o mesmo sucedendo com toda a diversidade biológica destruída. Em poucas horas uma boa parte do interior foi transformado num deserto biológico.

Tal como sucede com todas as catástrofes, agora é a vez dos sábios aparecerem nessa feira de vaidades que são as nossas televisões, são especialistas de tudo, grandes sumidades científicas a descarregar no passado e a explicar as respetivas poções mágicas. Uns apelam aos carvalhos, outros sugerem que se mandem cabras, alguns sonham ainda com as aldeias cheias de gente a viver muito abaixo do limiar de pobreza.

Dizem que a culpa é da fuga do litoral, que o povo procura o conforto das grandes cidades e já ninguém se sujeita à vida do campo, a culpa é dos políticos que não regionalizaram e não tornaram a vida no interior mais atrativa. Ignoram que a maior fuga dos campos não foi para o litoral, mas para cidades bem no interior, como Paris, Londres e muitas cidades industriais do norte da Europa. Esquecem também que o conforto de que falam foram os bidonvilles de Paris, mas que grande conforto! Vivem luxuosamente nas cidades e nos seus gabinetes universitários, olham os do interior como "nativos" a preservar num modelo agrário miserável.

Tudo se resolveria com centenas de milhares de cabras, transformariam o mato em caganitas pretas num instante e reduziriam a carga combustível das nossas florestas. Esquecem-se de explicar quem iria guardar e manter tantos milhares de rebanhos de cabras, com base em que política agrícola e com que ajudas se manteria esses milhares de bocas trituradoras. Quando ouço arquitetos paisagistas a verem as cabras como solução sinto vontade de rir, ignoram os problemas ambientais que resultam da pastorícia intensiva. Esquecem-se de que quando haviam cabras no interior havia mais muitos do que isso e que se muitos tinham cabras era porque era mais inacessível ter vacas.

Lembro-me de ver a alegria de Cavaco e dos seus ministros com o ritmo acelerado com que baixou a população ativa agrícolas, era um indicador de sucesso do desenvolvimento cavaquista. Não era difícil, a chegada do mercado ao interior destruiu uma economia de sobrevivência que era inviável com a livre circulação de trabalhadores e o desenvolvimento do país. Ganha-.se mais como servente na construção de pontes estradas do que a semear nabos ou na pastorícia, numa agricultura inviável pela pobreza dos terrenos.

Foi a revolução acelerada e uma mutação brutal no nosso meio rural, cada um reaproveitou os terrenos que podiam ser reaproveitados. Os ministros da Agricultura negociavam ajudas, umas à produção e outras para se deixar de produzir. Entretanto os ministros do Ambiente estavam mais preocupados com  Tróia ou com a Comporta, para viabilizar os investimentos turísticos em xonas ambientais críticas, do que em proteger as abelhinhas e as libelinhas. Aliás, ninguém se preocupa com a bicharada, não alinham em selfies e são más de dar beijinhos para a TV filmar.

Há um problema que não é apenas agrícola, de ordenamento do território ou de gestão das florestas. É preciso viabilizar o que é economicamente viável, gerir o parque florestal a pensar não só nos incêndios mas também nas questões ambientais e perceber que a imensidão de terrenos sem aptidões agrícolas são um valioso património natural que deve ser preservado, promovendo a diversidade biológica.

      
 Estava mesmo a pedi-las
   
«SIC Notícias avança esta terça-feira que Paulo Azevedo, presidente do Conselho de Administração do grupo Sonae, é alvo de uma queixa-crime por parte da Meo. O recurso aos tribunais surge no seguimento de declarações polémicas do filho de Belmiro Azevedo sobre o negócio de compra da Media Capital pela Altice, a dona da Meo.

No dia 20 de outubro, a Agência Lusa contactou Paulo Azevedo para saber a opinião do gestor sobre o processo de compra da Media Capital e mais especificamente, sobre a posição assumida por Carlos Magno, o presidente da ERC. As críticas a Magno foram duras e transformaram-se num ataque ao próprio negócio: "Acredito que esta não decisão carece de sustentação legal, mas sinto o dever de dizer bem alto que estamos a assistir a uma tentativa de deixar passar uma operação que provocará um grave e perigoso enfraquecimento da resiliência e qualidade da nossa sociedade".

A concretização do negócio "criará as condições para que daqui a 10 anos possamos estar todos indignados com a descoberta de uma 'Operação Marquês' 10 vezes maior", prosseguiu o presidente do Conselho de Administração da Sonae, na resposta escrita à Lusa.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Este rapaz sai ao pai e gosta muito de fazer negócios pondo em causa a honestidade dos outros.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 Estranho conceito de cidadão responsável
   
«Bárbara Guimarães emitiu um comunicado em que admitiu ter estado envolvida num acidente de automóvel ocorrido no passado dia 8 de outubro. A apresentadora confessou ter embatido em vários veículos quando deixava um parque de estacionamento de um hotel em Alcácer do Sal.

“Na madrugada do referido dia 8, entrei no meu carro estacionado num parque de estacionamento de um hotel a essa hora totalmente deserto, e embati em alguns veículos que se encontravam estacionados nas imediações”, começa por introduzir.

Entretanto, Bárbara garante que a ocorrência foi registada pelas autoridades competentes, assim como as circunstâncias em que o acidente teve lugar.

“De imediato, assumi toda a responsabilidade pelos danos, exclusivamente materiais, causados a terceiros”, garante.

Posteriormente, sublinha que pediu auxílio médico após o sucedido; “Como qualquer cidadão responsável deve fazer, devido às circunstâncias em que tenho vivido, nomeadamente o envolvimento em ações criminais de violência doméstica em que, sendo embora a vítima, sofri um desgaste pessoal insustentável, solicitei por esse motivo um acompanhamento e tratamento terapêutico para fazer face à extrema e constante violência psicológica a que tenho sido submetida nos últimos anos”.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Um cidadão responsável pede ajuda antes de colocar em perigo a vida de terceiros, quem se embebeda e conduz é tudo menos um cidadão responsável. A isto chama-se favas depois do almoço.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

 O que é a alma portuguesa?
   
«Na cerimónia, a bordo da Sagres, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a uma instituição que é "uma escola de bem formar e bem servir", reconhecida por todos, nos seus 80 anos de vida, 55 dos quais ao serviço de Portugal.

"A Sagres é uma expressão da alma portuguesa, por isso é tão querida esta instituição por todos os portugueses", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, num breve discurso, após uma também curta intervenção do ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes.

"Já disse o senhor ministro da Defesa Nacional que é como que um prolongamento da nossa plataforma continental insular. Porque é uma expressão da nossa alma, da nossa vontade, da nossa coragem, da nossa determinação, da nossa qualidade, bravura e da nossa resistência", acrescentou.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Marcelo anda a usar conceitos que se pensava estarem há muito arquivados na Torre do Tombo. Ainda por cima Santana anda a imitá-lo. Em tempos houve outro senhor que gostava muito de referir-se à alma portuguesa e escrevia coisas como esta "Apesar dos erros e contradições anárquicas desde o meado do século XIX, foi revivendo no continente a virtualidade fecunda da civilização cristã e do progresso geral que está na essência da alma portuguesa." Chamava-se Salazar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»