domingo, outubro 29, 2017

SEMANADA

Parece que o país vive de novo um Período Revolucionário em Curso, Marcelo aproveitou-se de uma calamidade natural para chamar a si poderes constitucionais muito originais, dando início a um PREC marcelista. O governo tem agora de estar permanentemente ligado às televisões pois nunca se sabe se recebe ordens no noticiário da manhã ou no telejornal da noite. Deixou de haver governo aprovado no parlamento, quem decide quais são as prioridades, quais as medidas que devem ser adotadas até ao sábado ou o que deve ser feito até daqui a dois anos é o Presidente.

A competência dos governantes é medida na capacidade de dar afetos, sendo isso medido nos beijinhos, abracinhos e selfies por minuto, é mais competente quem conseguir chorar mais depressa ou quem exibir a expressão de maior sofrimento. Um governante competente não deve ter gabinete, deve ter apenas assessores para marcar viagens e hotéis e motoristas para visitar as zonas de calamidade.

Santana Lopes assume-se como o clone de Marcelo e tem uma certa razão para isso, dificilmente se encontrará um político que se ajuste tão bem ao modelo de primeiro-ministro que o Presidente da República parece desejar, alguém que não tem programa, que em vez de estar em Lisboa tem um Conselho de Ministros ambulante, a reunir uma vez em cada concelho e resolve as questões da governação através dos jornais. Se em vez de Jorge Sampaio o Presidente no tempo em que Santana Lopes era primeiro-ministro ainda estavam os dois nos cargos, já tinham tido tempo para fazerem como o Putin e o Medvedev, quando Marcelo atingisse o limite de tempo na presidência trocava com o primeiro-ministro. Santana é o primeiro-ministro natural de Santana e Santana é Marcelo é o Presidente na versão santanista.

Quer grande escândalo, a recolha de imprensa do ministério da Administração Interna sugeria a leitura de um blogue, coisa que em Portugal deve ser tratada ao nível da máfia siciliana. Ainda por cima ousava criticar o Sr. Presidente, uma divindade que está a meio caminho entre o Santo António e a Santinha da Ladeira. O Escândalo foi tal que o novo ministro suspendeu a página e quer saber como tal crime foi possível.