quarta-feira, outubro 04, 2017

Escolher o líder do PSD por concurso

Com o pessoal do PSD à procura da poção mágica que lhes devolva o poder, não faltarão os que falem em refundação ou no modelo de escolha do líder. Quando o PS escolheu as diretas e isso resultou, houve logo no PSD que defendesse a mesma solução. Quando o PS organizou reuniões magnas com independentes o PSD passou a fazer o mesmo. Com poucas soluções novas por descobrir, no plano programático Passos ainda testou em Loures um Trump à portuguesa, mas não resultou. Porque não o PSD adotar para a liderança o que fez para os mais altos cargos da Administração Pública? Porque não escolher o líder por concurso?

Poderia colocar um anúncio do tipo:

“Procura-se alguém em boas condições psicológicas, bem-parecido, que irradie inteligência, com coragem política, que não tenha um currículo de trapalhadas e confusões, com experiência para o cargo, que possa assumir o cargo de imediato e com disponibilidade para trabalhar 12 horas por dia, prescindindo de fins de semana e de férias, tendo o vencimento indexado ao do teso do primeiro-ministro. O candidato teve ter resistência psicológica para suportar artigos caluniosos, investigações avulsas do MP, traições de amigos e companheiros de partido e sabe Deus o que mais pode sofrer um líder partidário.»

Gostaria de ver o Marques Mendes desfilar num casting sem poder contar as inconfidências que alguém lhe fez contado com o seu estatuto de “Garganta Funda” da Nação. Como é que Marques Mendes explicaria ao júri que já não é aquele líder fraco que nem chegou a resistir na liderança do PSD até às eleições legislativas? Será interessante ver Marques Mendes apresentar a sua candidatura sabendo que de um dia para o outro as suas empresas fantasmas pode ter protagonismo de primeira página. Ainda por cima falta julgar o caso dos Vistos Gold.

Santana Lopes que é candidato a tudo, desde a presidência do SCP ao cargo de Provedor da Santa Casa que em boa hora soube abichar, afirma mais uma vez a sua disponibilidade para se candidatar. Mas irá largar o seu canto confortável para se arriscar a estar menos tempo na liderança do PSD do que esteve da última vez?

Rui Rio o mais provável sucessor de Passos Coelho passaria numa prestação de provas ou em testes de avaliação da inteligência se tal fosse condição prévia na avaliação de um futuro líder do PSD? Duvido, acho que a diferença entre Passos e Rio está, entre outras coisas, na inteligência, Passos é o menos inteligente entre os menos inteligentes, Rio é o menos burro entre os mais burros. Mas além de Rio ter um discurso que depois de espremido não escorre nada de intelectualmente confortante, tem um conceito de coragem e frontalidade política muito questionável. Nunca criticou os excessos de Passos na política económica, um dia sugeria que discordava, no outro garantia que apoiava. Ora sugeria que Passos devia sair, ora aparecia a almoçar com Passos como garantia da sua lealdade.

Sejamos honestos, em matéria de inteligência, coerência, lealdade, capacidade e coragem a maioria dos candidatos à liderança do PSD chumbaria se tivessem de passar pelo crivo de um júri independente, rigoroso e honesto.