sábado, novembro 04, 2017

E VÃO TRÊS

Era suposto que a Geringonça só tivesse conseguido fazer aprovar um orçamento, a direita tentou, através de Cavaco Silva, exigir dos partidos de esquerda o que nunca se exigiu a nenhum governo, que dessem garantias de que o acordo subsistiria nos restantes exercícios eleitorais, os jornalistas passaram a pente fino os acordos com PS com os partidos à sua esquerda, todos desejavam um governo de iniciativa presidencial, uma forma de garantir eleições logo que um presidente tivesse poderes constitucionais para dissolver o parlamento.

Entretanto, a direita governou algum tempo, o suficiente para sabermos que com a direita no governo as grandes calamidades são fúrias demoníacas, que a presença do Estado servia para uma palavra amiga e que as indemnizações era coisa para as seguradoras, quem tivesse sido previdente tinha agora direito a ser indemnizado. Governou pouco, mas o suficiente para, por exemplo, vender a TAP à pressa. Foi o prémio a que Passos teve direito depois de o PSD ter sido o mais votado.

A certeza de que a Geringonça não funcionaria era evidente na designação que foi dada a um governo, algo com aparência desengonçada que todos sabemos ir parar, desfazendo-se em peças. A certeza era tão grande que Passos Coelho nem se deu ao trabalho de fazer oposição, pegou no seu pin da bandeirinha e deu início à pantomina do governo no exílio, até inaugurou uma escola já a funcionar. Ignorou o primeiro orçamento e riu até chorar desse rapazola que ninguém conhecia, um tal Mário Centeno, neto do Joaquim Gomes, dono de um restaurante de Viola Real de Santo António.

No segundo orçamento a pantominice foi mais sofisticada, enquanto o Governo apresentava o OE Passos Coelho fazia lembrar o agora famoso Puigdemont, foi para Albergaria-a-Velha e reuniu uma espécie de governo no exílio, apresentando as suas propostas orçamentais, propostas que por uma questão de princípio Passos se recusava a apresentar num parlamento de que ele se considerava o dono legítimo, ainda por cima presidido por um penetra mal-educado.

Passos já tinha percebido que não era só o Rui Rio que o tinha abandonado, até o diabo tinha faltado ao seu encontro, em setembro. Agora era o próprio Passos que já dizia que a Geringonça iria geringonçar até ao fim da legislatura. Tinha razão, nem mesmo a maior calamidade de que há memória desde o terramoto de 1755 lhe devolveu o poder, o mafarrico veio, mas ignorou-o. No meio dos incêndios o governo elaborou o orçamento e ainda antes do rescaldo foi aprovado, e vão três orçamentos aprovados. Como diria um conhecido administrador bancário ai aguentam, aguentam!