quarta-feira, novembro 08, 2017

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP


Vale a pena ler o artigo de Jerónimo de Sousa, intitulado "Revolução de Outubro: Ideais e valores para o nosso tempo", publicado no DN e aqui reproduzido. Não tanto pelo seu valor intelectual ou por acrescentar algo à ideologia ou princípios que norteiam o PCP e que desde Álvaro Cunhal em nada mudaram.

Mas é um exercício notável, é mesmo um artigo que certamente será lido com alguma avidez por muitos militantes do PCP, e que durante muito tempo servirá para que estes justifiquem porque razão o PCP não mudou por mais que o mundo tenha mudado.

Tudo o que se passou e passa nos países comunistas, tudo o que foi a obra de Lenine, Trotsky, Estaline e todos os líderes comunistas europeus ou de todo o mundo, fica aqui justificada, com grandes elogios.

Há uma única falha no artigo do secretário-geral do PCP, a razão porque centenas de milhões de cidadãos vivos (porque os mortos perderam os direitos antes de morrerem) que viveram no paraíso de Jerónimo fala e que o conheceram como muitos poucos dirigentes do PCP conheceram, não concordam com o secretário-geral do PCP, que parece escrever em nome deles, mas no pressuposto de que foram todos enganados por uma qualquer conspiração.

De qualquer das formas, é um artigo notável que coloca Jerónimo de Sousa muitos furos acima do seu antecessor no cargo de secretário-geral.


Há uma única dúvida que eu continuo a ter, Marx e Engels teriam motivos para se sentirem honrados com o que fizeram líderes como Lenine, Estaline, Trotsky, Polpot ou os monarcas da Coreia do Norte, os modelos de comunismo era o comunismo que idealizaram no seu manifesto? Tenho muitas dúvidas, Lenine matou o ideal comunista tal como Karl Marx e Friedrich Engels o apresentaram, o marximo-leninismo não passa de uma corruptela de má qualidade do marxismo. Não acredito que Marx e Engels conseguiria carregar com tantas vítimas como alguns líderes comunistas insistem em ignorar, para não terem que rever os seus programas.

      
 Revolução de Outubro: Ideais e valores para o nosso tempo
   
«Foi numa Rússia semifeudal, dominada pelo poder autocrático e repressivo dos czares e da mais alta nobreza, com mais de cem nacionalidades oprimidas, destruída pela I Guerra Mundial, com um povo fustigado pela exploração, a repressão, a pobreza, a fome e o analfabetismo que, no dia 7 de Novembro de 1917 (25 de Outubro no antigo calendário russo), o proletariado russo, com o papel de vanguarda do Partido Bolchevique, conquistou o poder e lançou as bases de uma nova sociedade sem a exploração do homem pelo homem.

Digam o que disserem os detractores da Revolução de Outubro ao serviço do grande capital referindo-se a ela como se o seu legado não passasse de um amontoado de destroços e a sua essência estivesse associada ao caos, desordem, conflitos violentos, crimes, erros trágicos, sonho, utopia ou terror, o século XX fica assinalado para sempre pela Revolução de Outubro. Por muito que lhes custe, a Revolução de Outubro é (e continuará a ser) o acontecimento maior da história da humanidade, que inaugurou uma nova época, a época da passagem do capitalismo ao socialismo.

Digam o que disserem os que - confundindo desejos com realidades, teoria científica com crença ou atitude revolucionária com devoção - reduzem a Revolução de Outubro ao voluntarismo de "heróis" individuais, loucos, alucinados ou românticos, a Revolução de Outubro de 1917, sob a direcção do Partido Bolchevique e de Lenine, confirmando a perspectiva política e ideológica apontada pela obra teórica de Karl Marx e Friedrich Engels, fica marcada como a primeira e única a empreender com êxito a gigantesca tarefa de construir uma sociedade nova em que os recursos, os meios e os instrumentos do Estado e do país foram postos ao serviço do povo.

A edificação do novo Estado significou a instauração de um verdadeiro e genuíno poder popular, uma nova forma de democracia participativa - os sovietes - que imprimiu à URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) um fulgurante desenvolvimento económico e foi responsável por um extraordinário progresso social, notáveis descobertas e avanços na ciência e nas novas e revolucionárias tecnologias.

De facto, a fundação em Dezembro de 1922 da URSS como união voluntária de nações iguais em direitos, significou um exemplo para todo o mundo da forma como a nova sociedade se construía e dos novos princípios em que se baseava e resolveu um gigantesco e complexo problema nacional.

A URSS, num curto período de tempo histórico, alcançou um significativo desenvolvimento industrial e agrícola, erradicou o analfabetismo e generalizou a escolarização e o desporto, eliminou o desemprego, assegurou a saúde pública e a protecção social, garantiu e promoveu os direitos das mulheres, das crianças, dos jovens e dos idosos, expandiu o impacto dos movimentos de vanguarda artística e as formas de criação e de fruição da cultura, conquistou um elevado nível científico e técnico, colocou em prática formas de participação democrática dos trabalhadores e das massas populares, empreendeu a solução da complexa questão de nacionalidades oprimidas, incrementou os valores da amizade, da solidariedade, da paz e cooperação entre os povos.

Foi a União Soviética o primeiro país do mundo a pôr em prática ou a desenvolver, como nenhum outro, direitos sociais fundamentais, como o direito ao trabalho, a jornada máxima de 8 horas de trabalho, a proibição do trabalho infantil, as férias pagas, a igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho, os direitos e protecção da maternidade, o direito à habitação, a assistência médica gratuita, o sistema de segurança social universal e gratuito e a educação gratuita (entre muitos outros).

A Revolução de Outubro e a edificação da nova sociedade socialista foram responsáveis por espantosos avanços que se traduziram em descobertas e conquistas pioneiras.

Foi a União Soviética que criou o primeiro satélite artificial (Sputnik); lançou no espaço o primeiro homem (Iuri Gagarin) e a primeira mulher (Valentina Terechkova); realizou o primeiro passeio espacial (Alexei Leonov); criou os primeiros engenhos espaciais que atingiram a Lua; lançou os primeiros foguetões que colocaram em órbita as primeiras estações espaciais.

No final da década de 80 do século XX, a URSS encontrava-se na vanguarda em diversas tecnologias; possuía um terço do total de médicos do mundo e a mais baixa taxa de mortalidade do planeta: em 1980, a União Soviética tinha 997 médicos para 10 mil habitantes e todos os tipos de assistência médica eram gratuitos. Em 1913, em toda a Rússia só havia 11 600 cientistas (incluindo os professores universitários). Na década de 80 do século XX já tinha mais de 5 milhões de cientistas, ou seja, um quarto do total existente em todo o mundo. A URSS tinha em 1987, 140 mil jardins-de-infância frequentados por mais de 16 milhões de crianças. Em 1985, mais de 80% da população já tinha casa ou apartamento individual e as rendas não sofriam qualquer alteração desde 1928 representando apenas 3% a 4% do orçamento familiar. Em 1979, a URSS ocupava o primeiro lugar na Europa e o segundo lugar no mundo a nível de produção industrial. Na mesma década de 80 era já o país onde se faziam maiores inventos, cabendo-lhe 20% a 25% do fundo mundial de novas soluções e projectos técnicos registados por ano.

A Revolução de Outubro projectou-se em todo o mundo determinando grandes conquistas e avanços civilizacionais e libertadores para os trabalhadores e para os povos.

Foi também a União Soviética que, na Segunda Guerra Mundial, enfrentando sozinha durante três anos, a besta nazi-fascista e os seus exércitos deu um contributo determinante e decisivo para a sua derrota.

No seguimento da Segunda Guerra Mundial, foi ainda com o determinante papel da União Soviética que se alterou profundamente a correlação de forças internacionais, dando origem a uma nova ordem mundial que ficaria consagrada na Carta da ONU.

Se a Revolução de Outubro e a construção de uma sociedade socialista significaram extraordinários avanços e transformações libertadoras, o desaparecimento da URSS e as derrotas do socialismo no Leste da Europa no último quartel do século XX cujas causas, para além de significativos factores externos, radicaram fundamentalmente num "modelo" que se afastou e entrou mesmo em contradição com os valores e ideais do socialismo, tiveram como resultado um grande salto atrás nos direitos e conquistas dos trabalhadores e dos povos.

Mas o desaparecimento da URSS não desvaloriza a primeira experiência de uma sociedade livre da exploração e da opressão do homem pelo homem nem apaga a realidade das grandes realizações e conquistas do povo soviético e a decisiva influência da URSS no desenvolvimento mundial.

Por outro lado, o capitalismo, atravessado por profunda crise estrutural, que, do alto da sua sobranceria imperialista, se autoproclamou como "fim da história" capaz de resolver os problemas da humanidade não consegue esconder a sua verdadeira natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora que a situação do mundo hoje ainda mais evidencia, como se pode ver por estes dados (entre muitos outros): apenas oito grandes capitalistas acumulam a mesma riqueza que 3,6 mil milhões de pessoas; as três pessoas mais ricas do mundo possuem mais activos financeiros que o conjunto dos 48 países mais pobres; o desemprego atinge 200 milhões de pessoas dos quais 74 milhões são jovens, o maior nível de sempre, e 56% dos empregos criados entre 1997 e 2013 são precários; 17% da população mundial é analfabeta; 67,4 milhões de crianças não frequentam a escola; 830 milhões de pessoas são trabalhadores pobres, 795 milhões sofrem de fome crónica e 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil.

Nenhuma campanha de desinformação, manipulação ou intoxicação conseguirá apagar o profundo significado da Revolução de Outubro. O futuro da humanidade não reside na exploração, opressão, pobreza, injustiça e guerra, mas sim na realização do sonho milenar do homem, na sua libertação, na paz, no progresso social e na justiça - no socialismo e no comunismo.

Estes são os objectivos supremos por que luta o PCP e que, nas suas diferentes fases e etapas, se materializam hoje nos combates que travamos pela defesa, reposição e conquista de direitos, pela ruptura com a política de direita e com os constrangimentos que impedem o nosso desenvolvimento soberano, por uma política patriótica e de esquerda, componente indissociável de uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril.» [DN]
   
Autor:

Jerónimo de Sousa.

      
 Teodora não desiste
   
«a análise à proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) publicada hoje, o CFP analisa o cumprimento das regras orçamentais europeias por Portugal ao abrigo do braço preventivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) em que o país se enquadra desde que saiu do Procedimento por Défice Excessivo.


Em causa estão três objetivos: a variação da despesa primária líquida de medidas discricionárias em matéria de receitas não exceder a taxa de referência de crescimento a médio prazo do Produto Interno Bruto (PIB) potencial ('benchmark' da despesa), a regra transitória para a dívida pública e a realização de progressos suficientes para atingir o objetivo orçamental de médio prazo.

Quanto ao 'benchmark' da despesa, o CFP refere que "o crescimento do agregado corrigido de despesa primária líquida excede o limiar de referência tanto em 2017 como em 2018", estimando que esse excesso face à taxa de referência "deverá ascender a -1,3% do PIB em 2017 e -1,0% em 2018".

Sublinhando que "estes desvios são superiores ao limite máximo de 0,5% do PIB, o que configura a natureza de um risco de desvio significativo em 2018", o CFP acrescenta que, "excluindo o efeito das medidas temporárias e não recorrentes, o desvio da despesa reduz-se" para -0,9% do PIB, o que continua a ser "superior ao limite máximo previsto".» [Notícias ao Minuto.]
   
Parecer:

Há muito tempo que a senhora não fazia das suas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Uma senhora sem vergonha na cara
   
«"Neste momento, é preciso uma palavra de grande confiança e de garantia do ministro da Saúde de que podemos estar tranquilos e que nos hospitais as regras estão a ser cumpridas. É um caso que não podemos aceitar que se venha a repetir", afirmou aos jornalistas Assunção Cristas, durante uma visita a Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, na sequência dos incêndios de junho que afetaram aquela região.

A líder do CDS-PP disse que o seu partido está a avaliar a matéria e adiantou que, segundo a informação que tem no momento, há normas aplicáveis a todos os equipamentos ligados à saúde e que têm que ser cumpridas.

"O caso é muito grave. Já tivemos duas perdas de vidas por causa da 'legionella' (...). Mas, é importante perceber o que é que falhou aqui. É importante que o ministro da Saúde possa prestar todos os esclarecimentos e que nos dê a garantia que todas as normas que são aplicáveis e que servem para garantir a qualidade do ar nos hospitais e centros de saúde são cumpridas", sublinhou.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Vale tudo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»