segunda-feira, novembro 06, 2017

PORQUE NÃO SE FUNDE A DIREITA?

Nunca fez tanto sentido uma fusão dos partidos de direita como faz agora, nem o CDS é o partido democrata-cristão que afirma, nem o PSD é social democrata. Não há qualquer diferença entre o PSD e o CDS e o seu posicionamento político é precisamente o mesmo, talvez como o partido fundado por Sá Carneiro um pouco mais à direita, assumindo claramente o posicionamento dos seus fundadores, no tempo em que pertenciam à ala liberal da velha Assembleia Nacional.

O que diferencia mais o CDS do PSD são características que diferem mais os gangues do que das de diferenciam os partidos, o CDS é o partido dos admiradores de Paulo portas e o PSD é o partido de seguidores de vários “senhores da guerra”, que vão de Cavaco Silva a Santana Lopes, de Passos a Manuela Ferreira Leite ou de Marques Mendes a Marcelo Rebelo de Sousa. Aliás, a fusão do CDS e do PSD já é uma realidade há vários anos, no plano europeu integram o mesmo partido, a existência de dois grupos parlamentares no Parlamento Europeu, é o reflexo da divisão nacional em dois gangues.

Mais do que a ideologia o que os impede de promover uma fusão é a perda de protagonismo, Portas deixaria de ser líder, mesmo que conseguisse liderar o novo partido da direita, dificilmente os seus seguidores no CDS teriam igual protagonismo. Aliás, apesar do apoio dado ao PSD para deixar de ser um pária europeu, integrando o partido conservador europeu, Paulo Portas tem ainda muitos adversários no PSD, as feridas abertas pelo Independente ainda não foram esquecidas. Mas mais do que as feridas, é o medo que alguns setores do PSD de perderem a liderança em favor de Paulo Portas que impede discussão da fusão.

A única justificação para que o CDS e o PSD continuem separados é para que o segundo continue a ser um partido transgénero, em função do gangue que o lidera ou das circunstâncias eleitorais ora é de esquerda, como é do centro ou da quase extrema direita. O CDS é sempre de direita, o PSD faz de conta que é de direita ou de esquerda em função das circunstâncias.

Esta tendência para o transgénero político é óbvia na disputa pela liderança do PSD. Santana Lopes afirma-se pela direita, mas tenta conquistar o eleitorado ao centro dizendo que vai dar tantos beijinhos e abracinhos como dá Marcelo, colando-se à imagem do Presidente da República. Rui Rio andou anos a dizer que se opunha a passos por ser social-democrata e agora presta vassalagem a Maria Luís Albuquerque e tenta captar a simpatia da quase extrema-direita de Passos Coelho.

Já é tempo de a direita acabar com esta palhaçada e promover a fusão dos seus dois gangues, criando o equivalente nacional aos partidos da direita europeia.