Os cidadãos da cidade do Porto estão no desemprego, são
prejudicados nos seus direitos, têm piores cuidados de saúde ou de segurança
porque a sede do INFARMED não é no Porto? A resposta é não.
Ocorreu alguma alteração legislativa que coloca o INFARMED
na tutela da autarquia do Porto? A resposta é não
Foi feito um estudo que concluiu que a transferência do
INFARMED melhoraria o seu desempenho por beneficiar de uma envolvente que o
favorece? A resposta é não
Foi feito algum estudo para avaliar se o INAFARMED ou o país
teriam alguma coisa a ganhar mudando a sede do INFARMED? A resposta é não
No pressuposto de que a mudança da sede do INFARMED teria um
impacto global positivo para o país esse estudo contemplou a várias cidades do
país onde o INFARMED poderia ser reinstalado? A resposta é não
A mudança de localização do INFARMED visou promover a
criação de emprego na região do país com mais desemprego ou a criação de
riqueza numa das zonas mais pobres do país? A resposta é não
Os custos financeiros e humanos desta mudança foram
avaliados? A resposta é não
O governo divulgou algum estudo de avaliação do impacto da mudança
nos diversos planos, vantagens empresarias, consequências sociais e familiares,
despesa pública, criação de emprego e de riqueza? A resposta é não
É uma decisão tomada sem apoio de qualquer avaliação, tendo
em conta unicamente objetivos políticos e que foi negociada em privado e nas
costas dos cidadãos. Chamar desconcentração ou descentralização a uma mera
deslocalização idiota e oportunista é gozar com a inteligência dos portugueses.
Tornar isto público através de um ministro que diz duas ou três patacoadas imperceptíveis
porque estava meio engasgado é gozar com a seriedade do Estado.
Modernizar ou descentralizar, processos que não significam
necessariamente progresso, não são mera desconcentrações. O Estado não é uma
caixa de bombons a distribuir pelos autarcas mais populistas com melhor
imprensa e muito menos para fazer
negócios autárquicos ou de qualquer outro tipo.
Poder-se-á argumentar que as empresas também mudam as suas sedes e isso é verdade. Mas também se sabe que quando as empresas mudam a sede não é para o patrão ficar mais perto da amante ou para comprar simpatias. As empresas deslocalizam-se por razões racionais, medindo custos e benefícios e quem decide assume pessoalmente as responsabilidades e os custos. Neste caso quem decide não divulgou os critérios racionais, não assume os custos e nem sequer se deu ao trabalho de dar uma explicação. Aliás, nem sequer respeitaram a dignidade do Estado na forma como comunicaram a decisão.
Poder-se-á argumentar que as empresas também mudam as suas sedes e isso é verdade. Mas também se sabe que quando as empresas mudam a sede não é para o patrão ficar mais perto da amante ou para comprar simpatias. As empresas deslocalizam-se por razões racionais, medindo custos e benefícios e quem decide assume pessoalmente as responsabilidades e os custos. Neste caso quem decide não divulgou os critérios racionais, não assume os custos e nem sequer se deu ao trabalho de dar uma explicação. Aliás, nem sequer respeitaram a dignidade do Estado na forma como comunicaram a decisão.
Comparar o INFARME com a ESA é comparar o cu com as calças,
todos os funcionários da ESA estavam fora do seu país e pagos principescamente
para isso, beneficiam de ajudas de custa que representam vários ordenados de um
quadro do INFARMED, a transferência da habitação é financiada, a colocação dos
filhos em escolas internacionais é subsidiada, a aquisição de carros beneficia
de isenções. Aos funcionários do INFARMED nem vão dar um bilhete da CP.
Compreende-se que a decisão tenha sido comunicada por um
ministro engasgado, no meio de um corredor e sem adiantar a mais pequena
justificação, justificando apenas com o eu quero, posso e mando, eu sou o
Adalberto! António Costa estava longe, provavelmente só fala do país quando
está longe para chamar gulosos aos funcionários públicos.
Isto não é modernizar, descentralizar ou desconcentrar. Nem
sequer resulta de um estudo sério, isto é puro populismo. Foi iniciado o regabofe do Estado, Faro vai querer que o Instituto Hidrográfico mude a sede para o Algarve, o chefe da secção do BE de Évora vai exigir que o IFAP se mude para aquela cidade, o quarto secretário da seção do PS de Vila Formoso vai querer que a sede do SEF mude para aquela localidade porque ali passa muita gente, Almeida vai querer que em compensação pelo encerramento da CGD se mude para lá a sede do Banco de Portugal. Enfim, nem quero imaginar o que vão ser os meses anteriores às próximas eleições autárquicas.
Em matéria de gestão do Estado esta é a decisão mais imbecil a que assistir desde que sou adulto.
Em matéria de gestão do Estado esta é a decisão mais imbecil a que assistir desde que sou adulto.