O Dom Manuel Clemente anda mesmo desastrado, há uns dias atrás disse-nos que "a realidade, também a natural e meteorológica, tem vários níveis de compreensão" acrescentando que "à ciência compete a primeira explicação, a partir da observação e interpretação correta dos fenómenos", mas "a natureza admite ainda interrogações mais profundas, que sondem o sentido último das coisas, para além do seu mero acontecer".
Toda esta reflexão para pedir” aos irmãos sacerdotes do Patriarcado de Lisboa que, quando a Liturgia diária o permita, celebrem a Missa para Diversas Necessidades, com a prevista Oração Coleta”, isto é, sugere que em resposta ao pedido “Oremos”, os paroquianos rezem a oração da chuva que sugere «Deus do universo, em quem vivemos, nos movemos e existimos, concedei-nos a chuva necessária, para que, ajudados pelos bens da terra, aspiremos com mais confiança aos bens do Céu.”
O que não entendo é qual a relação entre o sucesso desta oração e a orientação sexual de quem a manda rezar. Digo isto porque o mesmo Dom Manuel Clemente, talvez porque a seca persiste apesar das suas orações veio agora opinar que os homossexuais devem ser impedidos de entrar nos seminários, o que sugere algumas interrogações.
Como é que Dom Clemente consegue distinguir um celibatário homossexual de um celibatário heterossexual? O que será mais grave para Dom Manuel, um seminarista homossexual que respeita o celibato ou o padre heterossexual que anda metido nos lençóis da vizinha.
Mas o problema do Dom Clemente não parece ser o pecado, diz o prelado que a presença de um homossexual num seminário cria uma situação melindrosa. Não explica muito bem qual a situação melindrosa a que se refere mas acrescenta quês” se a pessoa tiver uma orientação forte nesse sentido é melhor não criar a ocasião". Isto é, a situação melindrosa resulta de uma velha máxima segundo a qual a ocasião faz o ladrão. Isto é os abusos sexuais ou as situações de homossexualidade entre seminaristas ou entre padres resulta da entrada de maçãs podres nos seminários.
Parece que o Dom Manuel percebe tanto de chuva como de sexualidade.