sábado, novembro 11, 2017

OLÁ MADRINHA

Quando u amigo me disse que Marcelo Rebelo de Sousa tinha designado a Dra. Maria Cavaco Silva, pobre pensionista que já consegue ter dinheiro para as despesas graças à Geringonça, tive um momento Miguel Sousa Tavares, respondi que devia ter sido boca das redes sociais. Mas não, é mesmo verdade, já não tenho só o Zé Pixinha como padrinho, a Dona Maria também é. Isso significa que terei de passar a fazer um desvio sempre que for para o Algarve e passar pela luxuosa vivenda, comprada da forma que todos sabemos para dizer olá à madrinha.

Confesso que tinha uma certa inveja de nunca ter tido uma madrinha de guerra ou de nunca ter podido chamar madrinha à Dona Gertrudes Thomaz, não tendo tido a sorte de ser apadrinhado pelo Presidente do Conselho tive de me contentar com o padrinho que me saiu, o filho do mestre de pesca da traineira onde trabalhava o meu pai. Mas graças ao Marcelo já tenho uma madrinha a sério, como filho da nação já tenho quem me substitua a mãe, nunca me sentirei um português longe dos caminhos do senhor.

Ainda bem que Marcelo chamou a si a competência para designar madrinhas e escolheu essa espécie de Virgem de Boliqueime para todos termos madrinha. Até acho que devia ser reintroduzida a velhinha Cédula de Pessoal, com a sua capa martelada. Assim, todos temos direito ao assento do batizo. Fulano de tal foi batizada na pia batismal pelo pároco Marcelo, tendo como Madrinha a Dra. Maria Cavaco Silva, casada com o Aníbal.

Agora, além de beijinhos, procissões do Senhor dos Passos, abraços, missas do sétimo dia e visitas noturnas às barragens ressequidas, vamos passar a ter madrinha. Teremos a madrinha das vítimas das secas, a madrinha da seleção, até já imagino o engenheiro a rezar a Avé Maria ou a cantar o hino com a mão na peitaça, a lembrar o Trump. Com sorte até o Santana Lopes vai ser amadrinhado, agora que parece que sobreviveu ás facadas e que conseguiu sair vivo e mais ou menos lúcido da tentativa de homicídio do deus menino, ainda no colo da parteira.

Que mais poderemos desejar, temos um presidente que nos dá beijinhos e que nos esclarece todos dos dias e a toda a hora sobre todos as notícias de Portugal, das províncias ultramarinas e do mundo, que nos arranja madrinhas para que não tenhamos quem cuide espiritualmente de nós, temos agora a proteção da N.S. da Conceição, padroeira da nação, mais a sua representante terrena, agora nossa madrinha.

Somo um país e um povo cheios de sorte! De onde virá este cheiro a bafio que estou sentindo?