terça-feira, maio 06, 2014

Limpinho

Não entendo tanta excitação com a saída limpa, uma espécie de saída com fraldas, que por aí se sente, se há coisa em que os políticos e as personalidades mais dominantes desta praça são especialistas é precisamente em saídas limpas.
 
Por exemplo, alguém que teve uma saída limpa como aquela que estamos vivendo é o Oliveira e Costa, montou uma burla que deixou o país meio arruinado e agora ainda está gastando o dinheiro dos contribuintes com um julgamento que ao pé do que ele fez até parece que o que está em causa são umas quantas multas de trânsito.
 
O pessoal do BPN é mesmo especialista em saídas limpas e se o Oliveira e Costa está como o país e ainda é obrigado a usar fraldas absorventes, já o Oliveira e Costa saiu tão limpinho que até pode usar cuecas, até mesmo de fio dental, só não sabemos se são  made in Portugal ou, se ao contrário do que sucede com o finório do ministro da Economia, ainda não se convenceu da qualidade do produto nacional. A saída de Dias Loureiro foi tão limpinha que com o comentário de Cavaco Silva metendo as mãos no lume pela sua honestidade até se pode dizer que saiu com o cuzinho limpinho e ainda teve direito a uma cheirosa lavagem presidencial com água de malvas.
 
Ainda dentro do BPN temos um bom exemplo dado pelo próprio Cavaco Silva quando em plena campanha eleitoral se saiu com a famosa declaração de que ainda estava por nascer alguém mais honesto do que ele que, pobre professor, nem percebia nada desses termos em inglês sobre acções. A brancura de Cavaco é tão grande que a própria Nossa Senhora de Fátima costuma vir a Portugal sempre que a troika nos avalia e pelo que se vai percebendo até se instala na Travessa do Possolo, onde terá umas conversas com a Dona Maria na famosa marquise de que se disse ter sido construída sem pagamento de IVA, enfim, se calhar foi por isso que o Cavaco em vez de um Audi tinha um Citroen BX.
 
Da Travessa do Possolo passamos para Belém onde vamos encontrar mais uma saída tão limpinha que faz de nós o país da roupa branca. O nosso amigo Fernando Lima usou a instituição presidencial para conspirar contra a democracia e no fim Cavaco foi reeleito para completar o trabalho de derrube do governo e o conspirador ainda foi promovido.  A saída foi tão limpinha que as falsas acusações a um governo legítimo nem sequer mereceram uma pequena investigação por parte do Ministério Público.
 
E se há instituição de onde se sai ou muito sujo ou muito limpinho é precisamente o Ministério Público, compare-se a celeridade da investigação ao diploma de Sócrates com a branqueadora rapidez com que está sendo tratado o diploma de Miguel Relvas, já nem vale a pena comparar o espectáculo que foi o Caso Freeport com o dos submarinos que, em boa verdade, já teria sido esquecido na brancura da nossa memória se não fossem as piadolas de mau gosto de Passos Coelho.

O Miguel Relvas é mais um caso de brancura lusa, até parece que saiu do filme “A aldeia da roupa branca”, o homem até podia tomar banho na estação de tratamento de águas da Avenida de Ceuta que sairia dali a cheirar a Aramis. Sai do governo e depressa se instala como consultor de negócios, o que nos faz pensar que já terá obtido uma cátedra em gestão, para voltar ao estrelato enquanto o Zeca Clemente abria caminho ao pontapé. Os jornalistas bajularam, os militantes aplaudiram o feito e o ainda Dr. Relvas está aí para lavar enquanto durar.
 

Não sei o porquê de tanto debate sobre a famosa saída limpa, hoje em dia há papel higiénico de todas as cores, a Renova até os exporta para os cuzinhos mais finos de Nova Iorque, e se a borrada for grande e sair de forma incontrolada há fraldas para todos os gostos e idades. Esta saída só é limpa porque em tempos houve alguém que escondeu o papel higiénico e obrigou o país a limpar o cu com a troika.