Está, vai continuar a estar e é muito provável que nunca volte a ter os preços de há três anos, nem que alguém encontre petróleo no Beato. O que fazer face ao aumento dos preços dos combustíveis? Baixar os preços, para além de resmungar e protestar contra os ministros como se fossem membros da OPEP?
A solução mais óbvia seria baixar os impostos, mas mais tarde ou mais cedo a redução dos impostos poderia ser absorvida por novos e sucessivos aumentos. Entretanto, teríamos que pagar em IRS ou em IVA o que alguns deixaram de pagar em ISP; teríamos a ilusão de que estaríamos a pagar menos e isso até seria verdade para os que consomem mais combustíveis. Como preços dos transportes públicos acompanham o aumento dos preços os seus utentes teriam que suportar os aumentos dos preços dos combustíveis e, por via dos impostos, o dos combustíveis que não consumiram. E o que fazer quando o impacto da eliminação do ISP deixasse de se fazer sentir?
Bem, poderia exigir-se ao Governo que concedesse subsídios ao combustível o que, aliás tem o mesmo significado económico que eliminar o imposto, eliminar uma receita tem o mesmo impacto nas contas públicas que um aumento correspondente nas despesas. Neste caso a ilusão continuaria, os consumidores de combustível andariam felizes com a solidariedade de todos os outros contribuintes.
Sejamos claros, a única forma de responder ao aumento do preço dos combustíveis está em poupá-los, só que, incrivelmente, isso não está a acontecer. Os preços dos combustíveis sobem, os preços dos produtos alimentares disparam, o desemprego aumenta e não se nota uma atitude colectiva no sentido de poupar um recurso escasso e cada vez mais caro.
Os automobilistas não resistem ao carro, os edifícios continuam burros numa perspectiva energética, as empresas pouca importância dão às poupanças energéticas não investindo em tecnologias mais evoluídas. Pouco ou nada se faz para poupar combustível ou para que este seja usado de uma forma mais eficaz. Comportamo-nos como nababos das arábias.
Com o défice comercial a agravar-se, algo que de que estamos esquecidos graças ao Euro, não faz qualquer sentido adoptar medidas que estimulem o consumo de combustível ou que favoreçam a preguiça em poupá-lo. A factura mais cara que estamos a pagar nem é a conta que cada um de nós paga quando vai à estação de serviços, é a hemorragia de riqueza nacional que o preço do crude está a provocar na economia nacional., mas isso não parece preocupar ninguém.
É evidente que algumas estações de serviços na fronteira vão encerrar, da mesma forma que há décadas que não há lojas de brinquedos deste lado da raia, ou lojas de panos do outro lado. É possível que algumas empresas se mudem para o lado de lá, da mesma forma que muitas empresas espanholas investiram deste lado. Isso não passa de fait divers muito apreciados por jornalistas mais azarentos que não encontram melhor motivo para mostrar serviço ao patrão.
A verdade é que qualquer medida que estimule o consumo excessivo ou ineficaz dos combustíveis é uma decisão criminosa na perspectiva do futuro de uma economia excessivamente dependente de energia importada. O problema não é alguns irem à fronteira abastecerem-se, o grande problema está no empobrecimento colectivo que resulta de não pouparmos o crude que temos que importar cada vez mais caro, ao mesmo tempo que nos é cada vez´mais difícil exportar.
Os preços estão altos? A única solução a médio prazo é poupar e não manter o consumo como pretende o presidente da GALP que aproveitou as dificuldades alheias para exigir uma redução do ISP que lhe garanta a manutenção das vendas.