Acabou de ser apresentado um projecto de reforma da legislação laboral e todos sabemos como vai actuar o PCP, é como se fosse uma ópera bufa em que apenas ocorrem algumas pequenas mudanças no texto. Ainda antes de a CGTP estar a negociar já o PCP condenou qualquer acordo, a CGTP já tinha as manifestações marcadas há meses e ninguém acredita que depois do PCP apresentar uma moção de censura ao governo Carvalho da Silva tenha qualquer espaço na negociação.
Os interlocutores da CGTP já sabem que com a central não vale a pena negociar qualquer cedência, renegociar qualquer princípio, todos sabemos que Carvalho da silva comparece nas negociações para no fim de cada reunião beneficiar da presença das televisões para repetir o discurso de sempre, no final confirmará a rotura e não assinará qualquer acordo. As outras organizações sindicais presentes já foram rotulados de sindicatos que não são sérios, não tentarão articular qualquer posição com a CGTP, limitar-se-ão a defender os seus associados com a força que têm.
Daqui a cinco anos a mesma CGTP e o mesmo PCP vão organizar novas manifestações e apresentar mais uma moção de censura em defesa das normas agora aprovadas.
O PCP obterá mais uma das suas grandiosas batalhas políticas renovando a esperança de reforçar o seu peso eleitoral nas próximas eleições, a CGTP falará em grande vitória dos trabalhadores confirmando esta vitória com uma greve cuja adesão chegará aos 90% da praxe.
A verdade é que os trabalhadores conseguirão menos do que poderiam obter com negociadores sérios e empenhados na sua defesa, negociadores que percebessem que o bem estar dos trabalhadores não se mede em votos no PCP e que o interesse desses trabalhadores não se confundem com as determinações do CC do PCP.
O mundo mudou e mudou em grande medida por uma globalização fortemente impulsionada pelos interesses da China, o PCP não pode num dia elogiar o modelo chinês e no dia seguinte ignorá-lo, não pode num dia apoiar um capitalismo dinamizado por dumping social apoiado num modelo político onde não existem direitos para os trabalhadores e no dia seguinte vir dizer que todos os males do mundo são dos trabalhadores.
Ao negociar de má fé, apenas para obter os resultados eleitorais para um partido que representa poucos trabalhadores, precisamente aqueles que estão dispostos a abdicar do desenvolvimento em nome de um paraíso ideológico, a CGTP está a prejudicar os trabalhadores portugueses. As conquistas dos trabalhadores não se medem pelos minutos que Carvalho da Silva aparece nas televisões.