Aquilo que se passa em Portugal no domínio da oftalmologia ultrapassa todos os limites do aceitável, uma especialidade médica usa todo um país para enriquecer rapidamente. Para o conseguir usa como chantagem o facto de haver alguma escassez de médicos desta especialidade, bem como o poder corporativo da Ordem dos Médicos.
Nada que incomoda que os médicos queiram ganhar o mais possível desde que não se esqueçam de que como todos os cidadãos deste país têm o dever de lhe dar algo em troca do muito que receberam. O estado deu-lhes a formação, assegurou-lhes emprego certo, proporcionou-lhes a especialidade e a experiência, construiu-lhes hospitais bem equipados, até lhes deu condições para poderem trabalhar no sector privado ao mesmo tempo que podem continuar nos hospitais públicos que lhe proporciona acesso a formação contínua e contacto com novas tecnologias. Em troca estes médicos não dão nada, fazem o mínimo possível nos hospitais públicos para que engrosse as filas nos seus consultórios onde cobram como proxenetas.
O país não pode viver sob a permanente chantagem de algumas especialidades, que enriquecem ao mesmo tempo que aumenta a ineficácia do SNS, gente que está no Estado apenas para adquirir experiência, ter acesso a informação, fazer experiências e experimentar novos equipamentos que depois ficam por utilizar.
Se há poucos médicos formem-se mais, se a Ordem dos Médicos se opõe à formação de mais médicos alterem-se os estatutos da Ordem dos Médicos de forma a que esta instituição não sirva apenas gerir o mercado da medicina em favor dos médicos, se mesmo assim há poucos médicos contratem-se médicos estrangeiros.
O país não pode estar sem acesso à medicina só porque alguns grupos de médicos usam e abusam de uma situação de monopólio. Está na hora de enfrentar estes oportunistas.