sexta-feira, maio 23, 2008

Um povo explorado por elites da treta


Os bancos abusam, roubam em tudo, até nos arredondamentos e o que faz o Banco de Portugal? Nada. Por aquilo que se viu no caso do BCP nem sequer evita os abusos dos administradores que. As petrolíferas usam e abusam das cotações do crude na bolsa e o que faz a Autoridade da Concorrência? Nada! Para que houvesse um estudo aos preços dos combustíveis este teve que ser encomendado pelo ministro da Economia.

As empresas que vendem acessos à web cobram o que querem e praticam qualidades inferiores às oferecidas e o que faz a ANACOM? Nada! Os clientes que paguem e se calem.

Não admira que aconteça o que acontecer os lucros da banca, das petrolíferas e das empresas de telecomunicações não evidenciem sinais de crise. Se as cotações do crude sobem nas bolsas o preço da gasolina sobe na estação de serviço horas depois, assim as petrolíferas não precisam de aumentar os capitais para suportar o negócio, os consumidores financiam as compras a novos preços. Se os bancos enfrentam dificuldades limitam-se a aumentar os juros por questões de segurança, mas aumentam os juros a todos os clientes e independentemente do risco.

Numa economia sem regras onde reguladores e empresas são farinha no mesmo saco, num mercado sem concorrência as nossas empresas praticam os maiores preços possíveis, obtendo benefícios dignos de monopólios. As nossas elites transformaram a sociedade portuguesa numa imensa máquina de enriquecimento pessoal, de um lado as elites enriquecem, do outro lados todos os outros portugueses empobrecem.

É por isso que entre as nossas elites todos se dão bem, o dr. Constâncio é amigo dos banqueiros e até promove um funcionário do banco que está ausente, a gerir a SIBS. Os senhores da concorrência são apreciados e elogiados pelos grandes empresários. São todos amigos uns dos outros, hoje estão num organismo regulador, amanhã estarão numa empresa do ramo, hoje são governadores do Banco de Portugal, amanhã serão administradores de um banco comercial. Andaram nas mesmas escolas, fizeram a carreira juntos, todos querem enriquecer o mais depressa possível, todos juntos são os grandes detentores do poder e da riqueza, uns possuem-na, outros vivem, de migalhas generosas.

O cidadão comum ganha o menos possível a bem da competitividade das empresas e da economia, depois paga o mais possível por tudo e mais alguma coisa igualmente a bem da competitividade das mesmas empresas e da economia. Nas nossas empresas não há a menor preocupação ou sentido de Nação, os seus administradores estão indiferentes à miséria que alastra e ajudaram a provocar, apenas lhes interessa obter resultados a qualquer custo para alcançarem prémios de rendibilidade de fazer corar muitos gestores de outros países mais ricos.

Talvez esteja na hora de questionar o país que somos ou que queremos ser, se o desenvolvimento do país se consegue à custa de miséria então talvez seja melhor ter um país mais pobre mas mais justo. Estas elites da treta estão-se nas tintas para o país e para os portugueses, abotoam-se o mais depressa possível. Muitos deles já o seu apartamento em Londres ou em Paris, as contas depositadas em offshores e na hora da crise apanham o primeiro avião. Depois, quando tudo voltar à normalidade, regressam para salvar o país de mais uma crise profunda.

É tempo de os portugueses reagirem e começarem a boicotar as empresas abusadoras. A única linguagem que estes proxenetas entendem é a dos números dos lucros.