O que sucederia se todos os habitantes da terra tivessem o padrão de qualidade de vida do Ocidente? É evidente que este cenário é apenas teórico, mas serve para questionar se os recursos disponíveis na terra seriam suficientes para assegurar a todos os habitantes do planeta o que consideramos desejável para os nossos concidadãos ou para avaliar o impacto no ambiente da produção dos bens necessários a assegurar esse mesmo padrão de vida.
É evidente que a resposta é que o mundo seria inviável, os alimentos são insuficientes, os recursos energéticos esgotar-se-iam rapidamente, as consequências ambientais seriam desastrosas. Não é difícil de imaginar que neste cenário há muito que o petróleo teria ultrapassado todas as barreiras psicológicas, que seria impossível travar o aquecimento global e que, muito provavelmente, a crise económica mundial instalar-se-ia à escala mundial gerando um conflito global em consequência da luta pelos recursos.
Não pretendo defender que as actuais relações entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos deve ser imutável a bem de todos e principalmente dos primeiros. Também não acredito nas soluções propostas pela extrema-esquerda, a ex-URSS está longe de ter sido um exemplo de generosidade mundial, foram mais as armas do que o desenvolvimento que exportou.
Mas com numerosos países em situação de falência, incluindo alguns dos mais ricos em recursos naturais, como Angola ou o Iraque, o problema merece reflexão. Se mais motivos não existissem bastaria o actual risco de ocorrência de uma grave crise alimentar à escala mundial para que se questionasse se o actual modelo económico gera desenvolvimento a todos os seres humanos, ou se sobrevive graças à eternização do subdesenvolvimento económico.
Talvez não nos sirva de muito reflectir, as decisões que afectam o mundo são tomadas nas bolsas de valores em função do objectivo de rentabilização dos capitais, os próprios líderes de muitos país pobres são corruptos e transformaram os recursos dos seus países em capitais investidos nessas mesmas bolsas.
Mas o facto de nada decidirmos só terá como consequência o agravar de uma crise que se avizinha, a escassez de recurso naturais, sejam energéticos, sejam solos aráveis ou minerais. A Rússia já disputa a soberania sobre o Pólo Norte, a China não abdica dos recursos minerais do Tibete e equaciona a possibilidade de comprar ou arrendar terras aráveis em países estrangeiros, os EUA levam as suas tropas para onde há poços de petróleo, até já se fala numa corrida ao hélio-3 na Lua.
O século XXI irá ser o século de progresso, liberdade e democracia como foi anunciado? Duvido, os recursos são escassos e insuficientes para satisfazer as necessidades da população mundial e uma boa parte deles encontra-se nos países onde pior se vive, muito dificilmente esta situação será sustentável durante muitos mais anos.