terça-feira, maio 27, 2008

Soluções fáceis


As reacções à alta dos preços das matérias-primas mostra bem como muitos dos políticos deste país só pensam de forma pequena e mesquinha, salvo raras excepções estamos a assistir a uma exibição de irresponsabilidade e incompetência.

Qual a reacção perante a alta dos preços dos combustíveis? A direita e a esquerda da incompetência unem no apela ao intervencionismo estatal, aqueles que mais se afirmam como liberais só encontraram uma solução para o problema, a redução dos impostos. Paulo Portas, um símbolo do nacionalismo da direita (que em tempos mandou a armada para o largo da Figueira da Foz impedir que uma traineira viesse invadir com pílula abortiva o útero da mulher portuguesa) manda o seu nacionalismo às urtigas e vai para Espanha berrar contra o ISP. Por este andar ainda o vamos ver Paulo Portas a manifestar-se na Noruega contra o preço do bacalhau.

Sabendo-se que a tendência dos preços do crude é para a subida e que dificilmente voltarão aos níveis anteriores o lógico seria discutir a política energética, questionar qual a capacidade de resposta do país perante uma situação adversa. Mesmo que se coloque a questão numa perspectiva fiscal o lógico seria questionar os impostos no seu todo e não apenas um imposto. Mas não foi essa a opção de políticos ignorantes, irresponsáveis e oportunistas.

Com o aumento dos preços dos produtos alimentares assistimos à mesma leviandade, enquanto Portas foi berrar para Espanha, o afinador de máquinas Jerónimo de Sousa foi para um arrozal dizer que a reforma agrária, que sobreviveu apenas enquanto houve cortiça e eucaliptos para vender, tinha sido a solução de todos os nossos males alimentares. Esqueceu-se de que Portugal nunca foi auto-suficiente em termos alimentar e que a sua reforma agrária teria os mesmos efeitos na produção de cereais que teve a campanha do trigo promovida por Oliveira Salazar.

Num momento em que as vagas de crise vindas da economia nacional põem e evidência as fragilidades da economia portuguesa, aconselhando a uma reflexão séria sobre a nossa economia, alguns dos nossos políticos preferem vender sonhos e ilusões, estando mais preocupados com as cadeiras de São Bento do que com os portugueses.