quarta-feira, maio 07, 2008

Quem vai ganhar o PSD?


No passado Sábado o Expresso divulgou uma sondagem que deixou felizes os três candidatos à liderança do PSD (há quem diga que serão cinco mas a sondagem não foi nisso). Ferreira Leite acha que está imparável e até diz que não vai fazer muito para ganhar ainda que pelo que se investiu na produção da sua página da web não seja bem assim. Santana Lopes ficou eufórico, afinal não estava tão queimado como ele próprio julgava. Passos Coelho ficou satisfeito pois parte com um score que à partida não esperaria.

É evidente que as sondagens valem o que valem e desde que o Expresso deu uma vitória tranquila a João Soares em Lisboa ninguém leva muito a sério os seus prognósticos. Além disso de pouco vale saber qual o eleitor desejado pelos eleitores, não sabemos se os eleitores dos outros partidos estão a desejar o melhor ou, na perspectiva dos seus partidos, o pior candidato do PSD.

Este raciocínio não é tão ilógico quanto isso pois se analisarmos os resultados o mesmo Passos Coelho que apenas 15,5% dos inquiridos consideram que seria o melhor líder do PSD, é o que mais limita as expectativas eleitorais de Sócrates. Ou o efeito bipolarização seria mais acentuado com Santana ou Ferreira Leite ou há algo de errado. Compreende-se que com Ferreira Leite esse efeito poderia ser evidente, mas ninguém acredita que Santana seja um perigo para Sócrates, só mesmo os responsáveis pela sondagem poderão acreditar que com Santana Lopes o PSD atingiria os 35%, da mesma forma que eu não acredito que Ferreira Leite consegue os 38%. É evidente que os “eleitores” inquiridos estão a ser simpáticos para com os candidatos à liderança do PSD.

Mas quem vai escolher o futuro líder do PSD nem são os inquiridos nesta sondagem, nem os telespectadores da Quadratura do Círculo e muito menos o sangue azul do PSD que apareceu no lançamento da candidatura de Manuela Ferreira Leite.

Quem escolhe o líder do PSD são os militantes, os militantes de Cascais que têm andado desiludidos com o seu partido, os militantes que ficaram a odiar os que ajudaram a derrubar Santana Lopes, os militantes que não gostaram de ver Rui Rio elogiar Sócrates, os militantes que desesperam por um lugar de assessor governamental, os militantes que estão mais preocupados com as eleições autárquicas e até os militantes que não sabem muito bem porque o são nem quem lhes pagou as quotas.

O contrário da ideia que a candidatura de Ferreira Leite pretende lançar, que a vitória são favas contadas, tenho muitas dúvidas quanto ao sucesso da ex-ministra, até porque à medida que for evidente que não é alternativa de governo perde o principal argumento para convencer os militantes, a não ser o governo Ferreira Leite nada tem a dar em troca dos votos dos militantes.

É evidente que nem todos os velhos santanistas vão votar Santana, da mesma forma que há menos cavaquistas do que Ferreira Leite imagina, até estou convencido de que uma boa parte dos que são cavaquistas em público preferem Passos Coelho em privado. O PSD corre um sério risco de terminar este processo da mesma forma que começou, com um líder escolhido pelos militantes mas rejeitado pelo eleitorado, isto é, a crise dá lugar à crise.

A dúvida está em saber se o santanismo consegue derrotar o cavaquismo de saias, se o cavaquismo consegue pôr termo à carreira de Santana ou se os militantes do PSD optam por acabar com este circulo vicioso que está a levar o partido para um beco sem saída.