O ano político que agora se inicia tem muito de atípico, para além das eleições que se vão realizar, temos incertezas quanto à evolução da economia mundial, o PSD tem uma liderança intermitente, na extrema-esquerda PCP e BE discutirão a hegemonia. Por sua vez, o PS tem que elaborar um orçamento num contexto de incertezas e com o actual modelo de crescimento das receitas fiscais esgotado.
Se os partidos optarem por discutir projectos com seriedade, se o PSD apresentar uma proposta alternativa credível e o PCP abandonar a estratégia da terra queimada, 2009 poderá ser um ano de boa colheita. O futuro do país não pode ser problematizado num debate de mentiras, jogos de sombras e utopias fáceis. O desenvolvimento não se consegue com golpes de magia que resultem em vida fácil, tem de resultar de um projecto de médio e longo prazo, um projecto bem desenhado e assumido colectivo, sem golpes de asa que transferem as dificuldades para as próximas gerações.
O país está atrasado como esteve quase sempre e esse atraso não se mede apenas pelos indicadores económicos, que não são mais do que o efeito, as causas são as reformas que não foram feitas a tempo ou estão por fazer.
Se o debate político for sério o próximo anos político poderá ser um ano de boa colheita, independentemente dos resultados das várias eleições. Mas pelo pouco que já se viu não é de prever nada de muito bom.
O PSD apresenta-se com uma candidata a salvadora que acha que é num discurso aos putos que vai apresentar um projecto, que em vez de discutir o que preocupa os portugueses opta por esperar por uma desgraça maior na economia mundial para explorar as consequências da crises. A estratégia é simples, quanto maiores forem as dificuldades mais fácil é passar a mensagem do salvador, evitando apresentar propostas para debate.
O lado do PCP a temporada já foi inaugurada com as greves na Soflusa e as manifestações da FENPROF, no próximo Domingo Jerónimo de Sousa irá à Festa do Avante anunciar as próximas lutas.
O Governo opta pela estratégia do silêncio, os seus assessores lá vão passando algumas informações acerca do OE para a comunicação social, como as contas do Estado fossem um assunto reservado aos corredores. Parece que o futuro do país é um jogo de sombras.
2009 não promete nada de bom, a postura e estratégias das nossas organizações partidárias estão longe de ser as que poderiam conduzir às melhores soluções.
