O debate sobre o suposto aumento do sucesso escolar é ridículo e todos os seus intervenientes pautaram igualmente pelo ridículo.
Toda a gente sabe que é impossível medir o sucesso escolar de um ano para o outro, um exame não é propriamente uma análise clínica e o suporto aumento do sucesso escolar depende do grau de dificuldade das provas. Se as provas do ano passado foram difíceis o sucesso escolar aumentou, se tivessem sido fáceis dificilmente teria sucedido o mesmo. Aliás, até é difícil definir o que é um exame fácil ou difícil.
Não tenho dúvidas de que algumas medidas adoptadas, apesar de não terem sido do agrado dos professores ou de todos os professores, terão resultados positivos, é o caso, por exemplo, da estabilidade da colocação de professores resultantes do alargamento para três anos das colocações.
Mas vir um primeiro-ministro a usar dados que deveriam ser analisados com algum cuidado para concluir que a sua política foi um sucesso é ridículo. Infelizmente para qualquer governo a política do ensino dá sempre prejuízo, a não se que consista na redução do horário de trabalho e no aumento de vencimento dos seus agentes, num sector com tantos bons hábitos é difícil agradar. Nem mesmo quando se vai de encontro às reivindicações, quando o governo passou a colocar os professores por três anos os sindicatos vieram logo pedir o adiamento do sistema por um ano.
É ridículo ver os professores a torcer para que o insucesso aumente para dessa forma terem razão nas suas lutas sindicais. São os professores a desejarem que o insucesso aumente e os magistrados a torcer para que ocorram mais assaltos, espero não vir a ter a sensação de que os professores deixam de ensinar da mesma forma que pressinto que nos últimos dias os magistrados têm sido os maiores copinchas dos criminosos.
É lamentável que num país cujo desenvolvimento depende em grande medida da qualidade do ensino os seus principais agentes, professores e responsáveis governamentais optem por papéis ridículos, o mesmo se podendo dizer da oposição e de alguns comentadores que se tivessem ganho um lugar junto à manjedoura andariam a esta hora a tecer elogios à ministra da Educação e a José Sócrates.
É lamentável que os que devem dar o exemplo ao país optem por ser ridículos.