sábado, setembro 13, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura-

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Gary Hershorn-Reuters]

«The moon rises over lower Manhattan as the "Tribute in Lights" comes into view on the evening of the seventh anniversary of the attack on the World Trade Center in N.Y.» [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva

Começa a entender-se o silêncio de Manuela Ferreira Leite, já que as suas intervenções são, em regra, desastres políticos, Cavaco Silva chamou a si o papel de oposição política, ainda por cima com a capacidade para desestabilizar o país, vai à Polónia elogiar as reformas feitas pelo Governo e quando regressa ao país desata em actos de hostilidade. Ontem o país discutiu o comunicado a propósito das declarações do ministro da Administração Interna, hoje dá uma entrevista ao Público para fazer ameaças ao Parlamento.

Para Cavaco já pouco interessa a estabilidade política, não receia as consequências de acumular a instabilidade política com uma grave crise internacional, para o Presidente o poder pessoal está acima disso e a possibilidade de acumular a Presidência com uma falsa primeira-ministra está a levá-lo a ultrapassar todos os limites do aceitável.

Nunca um Presidente desceu tão baixo na nossa democracia parlamentar, recorrendo ao blogue não oficial de Belmiro de Azevedo onde, numa entrevista que parece combinada, fazer ameaças ao Parlamento. Será que Cavaco está convencido de que vive num regime presidencial?

A FAMÍLIA SOCIALISTA

«De facto, não é fácil perceber. Quando há um par de meses Manuela Ferreira Leite afirmou numa entrevista à TVI que o casamento visa a procriação, baseando nisso a sua recusa do casamento das pessoas do mesmo sexo, o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, certificou, com escândalo e mofa, não ser essa a concepção dos socialistas. Esqueceu-se porém de clarificar qual é, ao certo, a concepção de casamento e de família dos socialistas. Os mesmos socialistas que recusaram, na lei da PMA, permitir a uma mulher "sem homem" o recurso à inseminação artificial mas que defendem para a mulher o direito de abortar por sua vontade até às 10 semanas, os mesmos socialistas que recusam uma concepção "anacrónica do casamento" na nova lei do divórcio (e desafiam nisso o Presidente da República) mas andam há anos a driblar o assunto do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por mais que se repita que estas questões "não são prioritárias" (e ainda alguém há-de explicar porquê) seria conveniente vislumbrar alguma coerência naquilo que sobre elas pensam. Sobretudo quando aqui ao lado um primeiro-ministro socialista em segundo mandato anuncia são só uma alteração à lei do aborto como uma lei que permita o suicídio assistido - e isto quando a recessão económica em Espanha acaba de ser declarada. Afinal, os assuntos ditos "não prioritários" - que têm a ver com a liberdade individual nas opções mais íntimas da vida e incluem as tais "concepções de família" -, e as opções políticas que sobre eles se fazem desempenham um papel cada vez menos irrelevante na definição do que afinal é a família socialista - quem lhe pertence, o que quer, para onde vai.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O FIM DA NOSSA HISTÓRIA?

«Portugal está sem destino. Deixou de ser um país colonial. Já não é um "bom aluno da "Europa". Pior ainda, apesar de muito esforço e muita propaganda, não se conseguiu "modernizar". O "atraso" continua e até aumentou. Não se vive hoje como se vivia durante Salazar, mas também não se vive numa mediocridade tranquila. Pelo contrário, o mundo muda e a insegurança cresce. O mundo muda e Portugal não se adapta: o desemprego cresce; as pensões diminuem, a educação é um artifício, o serviço de saúde vai pouco a pouco empobrecendo e a fisco oprime toda gente. No meio disto, o país não quer, nem está à espera de nenhuma reviravolta dramática. A "Europa", por que antigamente suspirava, obriga à imobilidade. É uma espécie de paragem definitiva, para além da qual nada existe - é pelo menos, por enquanto, um verdadeiro "fim da história".

De resto, trinta e tal anos de regime criaram um cinismo político geral. À volta do PS e do PSD há meia dúzia de fanáticos, que ninguém leva a sério, e uma corte de carreiristas, que ninguém respeita. Tendo governado o país simultânea ou alternadamente, nem o PS nem o PSD inspiram hoje qualquer confiança. Colonizaram o Estado e a administração local por interesse próprio e cometeram (ou permitiram que se cometessem) erros sem desculpa. Desorganizaram a sociedade, ou mesmo impedirem que ela se fosse por sua vontade organizando, e levaram Portugal a uma espécie de paralisia de que não se vê saída. Apesar de um ou outro protesto melancólico e corporativo, o público já não se interessa pelo seu futuro, ou pelo seu presente, colectivo.

Nem Sócrates, nem Ferreira Leite percebem, no fundo, o que se passa. Sócrates persiste em repetir a sua velha ladainha, inteiramente desacreditada, com o entusiasmo de 2006. Ferreira Leite (a "tia Manuela", como agora popularmente lhe chamam) critica a evidência e recomenda os remédios do costume. Cada um à sua maneira, os dois falam uma nova "língua de pau", que os portugueses não ouvem ou que não registam. Talvez por isso, não falam muito e quando falam, excepto pelas querelas de partido e pelo vaguíssimo contraste entre o maior "liberalismo" de Ferreira Leite e o improvisado "neo-keynesianismo" de Sócrates, concordam no essencial. O PS e o PSD são o regime e não podem ou tencionam tocar no regime. A reforma de Portugal, se por absurdo vier, não virá dali.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

VITÓRIA OU MORTE

«Há pouco mais de um ano, António Costa apresentou-se às eleições com uma estratégica "socrática": o PS deve ser o "partido natural de governo" do município, contrapondo-se a forças políticas à sua direita e à sua esquerda, sendo capaz de atrair independentes de várias proveniências ideológicas e de várias gerações, unidos num projecto reformista e de saneamento financeiro, com coragem e determinação. Aspirava à maioria absoluta de mandatos.

A estratégia teve êxito na captação de apoios - a equipa de mandatários, por exemplo, exprimia de forma clara a concretização com sucesso da estratégia. Mas a especificidade do eleitorado lisboeta, o momento muito negativo do ciclo político do Governo que se vivia em meados de 2007, a surpreendente resiliência de Carmona Rodrigues, a menor presença de voto de protesto contra o PSD do que se antecipava e um conjunto de outros factores tiveram como consequência que, em número de vereadores, o PS ficou claramente aquém do que esperava e do que a consistência das políticas e das estratégias justificaria.

Por isso o PS em Lisboa entrou "socrático" na sexta-feira que antecedeu as eleições e acordou "costista" na segunda-feira de manhã. A tendência natural de António Costa sempre foi - é sabido - a frente popular à portuguesa, que Jorge Sampaio concretizou, ganhando assim a Marcelo Rebelo de Sousa as eleições que iria perder se o não fizesse. Essa foi uma e a primeira das razões pelas quais, no dia 16 de Julho, segunda-feira, após a eleição da véspera, logo às 9h00 da manhã, mandei entregar a José Sócrates em S. Bento uma carta em que pela primeira vez lhe dizia que talvez fosse melhor deixar-me sair do projecto da frente ribeirinha para que me convidara uns meses antes.

Com seis mandatos em 17 na vereação, "impedido" de se aliar ao "pestífero" Carmona, com Roseta radical como sabe e gosta de ser, com as feridas do "alegrismo" ainda vivas, sem poder trabalhar com o PSD, com o PCP - que não brinca em serviço e sabe que em Lisboa ainda é forte - renitente a pedidos de namoro sem consequências, o objectivo passou a ser claro: "nenhuns inimigos à esquerda" e ordem de batalha em três etapas, com o objectivo de que, no Outono de 2009, a esquerda possa enfrentar unida as eleições. Pela frente irá ter um bloco liderado pelo PSD, que entretanto naturalmente pode absorver o voto "carmonista" e lançar um candidato com experiência autárquica, visibilidade mediática, e que possa abrir a sectores envelhecidos da população.

A primeira etapa foi engolir Sá Fernandes. Tarefa relativamente fácil, que ele estava ansioso por ser engolido. Durou um ano. Agora entrou-se na segunda fase: seduzir Helena Roseta, condicionada, além do mais, pela reforma da legislação autárquica que PS e PSD vão implementar para se defender. A terceira etapa, mais à boca das urnas, é integrar no projecto o PCP, desta vez com mais realismo, entregando-lhe poder a nível de freguesias, de cultura e de outras áreas que lhe interessam em especial, o que o PS vinha recusando.

A jogada foi de mestre. Na abertura do ano político, Roseta e a sua gente aceitaram passar o Rubicão. E, como Artur Portela escrevia - quiçá sem razão - da ala liberal marcelista nos anos 70 (o destino dos afluentes é engrossar a corrente do rio), podem dizer o que disserem que ninguém se equivoca: Roseta voltou a entrar nos carris e ser-lhe-á destinado um papel na coligação de esquerda, até porque um plano de habitação local a começar em Outubro de 2008 não estará executado em 2009...

A jogada foi de mestre, também, porque Costa passou a ter - no crucial ano que antecede as eleições - uma maioria na vereação, que lhe permitirá resistir ao natural "filibusteirismo" das oposições contra as políticas populares com que vai tentar reforçar as condições para uma vitória... que passará a só ser possível por maioria absoluta de vereadores.

Favas contadas, portanto? Infelizmente para ele, talvez não. Por um conjunto de três razões, nenhuma delas dependendo da sua acção. O grande problema das lúcidas e transparentes estratégias ideológicas é que queimam todos os barcos e passam a depender demasiado de factos de terceiros.

Em primeiro lugar, Costa fica muito refém da estratégia de Sócrates. Se este continuar a ter uma estratégia "socrática", com inimigos à esquerda e à direita, se apostar na maioria absoluta sem coligações pré ou pós-eleitorais, antecipo dificuldades para que o Bloco Esquerda se entregue, esvaído, qual "berloque de esquerda", nos braços doces e fortes do "costismo". Se o fizer, pode cair na armadilha em que o PCP caiu com Sampaio e o PCF com Mitterrand: trocar o farnel próprio por um prato de lentilhas... e acabar a passar fome.

Depois, o PCP. Nunca, há pelo menos 20 anos, o PCP esteve tão perto de consolidar-se como o bloco liderante da esquerda, apesar das cócegas e das pequenas caneladas da esquerda-caviar. A estratégia "nenhum aliado à direita" e o PS como inimigo principal - sobretudo por causa do descontentamento com as reformas - está a dar frutos. E Lisboa valerá uma missa, ainda por cima sendo para entronizar o rei dos outros? Admito que o PCP possa vender cara a aliança e que a não faça.

Depois o PSD: em Lisboa, sem aliança PS/PC, a direita unida tem ganho sempre. Paradoxalmente, o PSD não precisa de maioria absoluta. Basta que dê pelouros ao PCP e que ambos a nível nacional ataquem, cada um pelo seu lado, o PS. A música era boa e o tempo até melhorou. Talvez Fernando Seara só por isso tivesse estado na Festa do Avante. Vá lá saber-se...»
[Público assinantes]

Parecer:

Por José Miguel Júdice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UM CANDIDATO PARA LIDERAR O PSD

«Nuno Morais Sarmento foi de férias para Moçambique. Mas deixou uma bomba para rebentar ao retardador. Numa entrevista a ser publicada amanhã no semanário Expresso, o antigo ministro da Presidência dos governos de Durão Barroso e de Santana Lopes assume que um dia poderá vir a liderar o PSD.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Mais uma facada em Manuela Ferreira Leite.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Será que ninguém no PSD acredita na vitória eleitoral?»

CAVACO DIZ QUE NÃO TENSÃO COM O GOVERNO

«O Presidente da República, Cavaco Silva, negou hoje, em Vila Real, qualquer tensão com o Governo e Parlamento por causa dos Estatutos dos Açores e disse que ainda ontem trabalhou com o primeiro-ministro, José Sócrates.Questionado pelos jornalistas sobre um alegado "clima de tensão" com o Governo e Parlamento devido ao Estatutos dos Açores, o Presidente da República disse que as perguntas "não têm razão de ser". Cavaco Silva admitiu hoje, em entrevista ao PÚBLICO, utilizar o veto político se as alterações ao Estatuto dos Açores não responderam às suas dúvidas e divergências sobre o equilíbrio de poderes entre os órgãos constitucionais.» [Público]

Parecer:

Por este andar não vai haver tensão nem nada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Cavaco que actue com mais transparência e se deixe de gerir tensões.»

JUIZ BONDOSO

«Mais do que valorizar o crime de homicídio na forma tentada, o juiz algarvio que na tarde de quarta-feira mandou em liberdade o homem que, no interior da esquadra da PSP de Portimão, atingiu outro com três tiros entendeu que o agressor tinha motivos para temer pela sua segurança. Das medidas de coacção que lhe podiam ser aplicadas a mais severa de todas era a prisão preventiva, mas acabou por ser contemplado apenas com um termo de identidade e residência bem como apresentações diárias na polícia.» [Público assinantes]

Parecer:

Nunca os juízes portugueses foram tão bondosos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Coloque-se o despacho do juiz na página d Associação Sindical dos Juízes.»

GOVERNO ESPANHOL VAI PLANTAR 45 MILHÕES DE ÁRVORES

«O governo espanhol anunciou nesta sexta-feira que vai plantar 45 milhões de árvores em pouco mais de três anos para reflorestar 61,3 mil hectares de território e lutar contra as mudanças climáticas que afetam o planeta.» [BBC Brasil]

Parecer:

Pode ser que se engane e plante algumas deste lado da fronteira.

SACERDOTE AMERICANO APANHADO A VENDER COCAÍNA NUM CAMPUS UNIVERSITÁRIO

«Un sacerdote católico de la Universidad de Illinois se enfrenta a una pena de 30 años de cárcel, tras ser detenido y acusado de vender cocaína en el campus, informaron este viernes medios locales. Cristopher Layden, de 33 años, fue detenido el pasado miércoles, después de que la policía encontrara tres gramos de cocaína en un registro al Centro Católico St.John y en la propia residencia del sacerdote en la rectoría del campus, según informa el diario Pantagraph, de Illinois. » [20 Minutos]

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Toda a mulher adora receber flores" gostou da fotografia de Kat Love.
  2. O "Colheita 63" também acha que a cooperação estratégica entre Cavaco e Sócrates já foi.

A NASA EVOCA O 11 DE SETEMBRO COM IMAGEM [Link]

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