terça-feira, setembro 30, 2008

O "Óptimo de Parente"


Agora que tanto se fala da mão invisível de Adam Smith faz também sentido lembrar o princípio do “óptimo de Pareto”. Não é que a nossa economia não nos dê muitos bons exemplos da actuação da “mão invisível” agora tão na moda graças ao esforço que Pacheco Pereira tem feito para encontrar fundamentação ideológico para o vazio criado por Manuela Ferreira Leite. Se há economia onde a “mão invisível” está sempre presente é precisamente a nossa, graças a essa mãozinha Belmiro enriqueceu de forma exponencial, Dias Loureiro e Oliveira e Costa tornaram-se banqueiros, o filho de Jardim Gonçalves teve acesso livre ao crédito e muito boa gente vive em casas da Câmara Municipal de Lisboa.

Igualmente importante na fundamentação dos marginalistas é o famoso “óptimo de Pareto” que assegura que “o aumento do bem-estar total recorre nas condições em que alguns melhoram o seu bem estar, sem que ao mesmo tempo, ninguém fique pior”.

Talvez seja tempo de aumentar a nossa auto-estima e afirmar que a nossa economia é um sucesso ainda que não respeite princípio nenhum, apesar disso cresce, já foi um modelo de sucesso, já foi um oásis e agora prepara-se para novas circum-navegações graças ao Magalhães, que já aportou a terras de Chavez.

Se o Marquês Vilfredo Frederico Damaso Pareto estabeleceu um princípio que explica como a economia deixa todos satisfeitos, ficando conhecido como o “óptimo de Pareto”, nós portugueses demos ao mundo um novo princípio de sucesso, capaz de optimizar a distribuição dos bens, é o “óptimo do Parente”.

O caso das casas da Câmara Municipal de Lisboa é um bom exemplo do funcionamento do princípio do “Óptimo do Parente”, em vez de ser o mercado ou regulamentos complexos a distribuírem as casas tudo se resolve de forma eficaz com a intervenção de um “parente”. Se a casa for modesta, algures no Bairro do Castelo é o motorista do vereador que tem um parente a quem a casa daria um grande jeito, se a casa for um Tn na Rua do Salitre ou nas avenidas novas o motorista percebe que é demais para os amigos e é um qualquer vereador, assessor de uma jota ou director que indica um parente a quem o apartamento caia que nem ginjas por uma renda de cento e tal euros. Mais tarde o mesmo parente manifesta o interesse em adquiri o apartamento, coisa que se resolve com dez ou quinze mil euros. Imagine-se a burocracia que se poupa, o dinheiro que os cidadãos não terão de pagar em autárquica e taxas de esgoto, tudo graças às poupanças conseguidas graças ao funcionamento do princípio do “Óptimo do Parente”.

São raros os negócios ou decisões económicas que não comprovem o funcionamento do princípio do “Óptimo de Parente”, desde o cidadão que vai comprar um automóvel a um stand indicado por um parente, aos investimentos em obras públicas que são adjudicadas a empresas onde há sempre um parente tudo passa pela intervenção de parentes. É por isso que parentes como Jorge Coelho e muitos outros encontram sempre cargos de administradores, para que o princípio funcione com eficácia é necessária a presença de parentes que assegurem uma decisão rápida e eficaz dos mercados.

Nem mesmo o mundo da política escapa à intervenção invisível do “Óptimo de Parente”, até se fala de “famílias políticas” e dentro de cada família os políticos são ordenados segundo grau de parentesco. Por exemplo, quando Menezes liderava o PSD o Pacheco Pereira era um primo afastado, agora que a liderança pertence a Ferreira Leite é tratado como primo-irmão. Dentro em breve teremos mais um bom exemplo do funcionamento do princípio, os candidatos a deputado pelos diversos partidos serão ordenados segundo o grau de parentesco.