segunda-feira, setembro 01, 2008

A má oposição

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Por aquilo que se está a ver no PS parece a questão que se coloca a uma oposição é saber se deve fazer muito ou pouco ruído. De um lado estão os defensores do ruído a mais, do outro está Manuela Ferreira Leite que é defensora do silêncio de sacristia. É evidente que passado o Verão, quando uma parte da nova liderança terminar as suas férias a bordo dos iates, iremos a assistir a mais agitação por parte da liderança do PSD.

Deve a oposição medir-se pelo ruído que faz?

Em Portugal a oposição não gosta do o ser, principalmente quando se trata de partidos que habitualmente ou ocasionalmente estão no poder. A impaciência impede estes partidos de terem um conceito de oposição, se o governo contar com uma maioria absoluta entram em crise, uma legislatura é demasiado tempo.

resultado desta atitude das oposições é termos primeiros-ministros que caem em São Bento de pára-quedas. Durão Barroso deu o golpe em Marcelo e chegou ao poder sem ter lido um único dossier, o mesmo sucedendo a Sócrates que chegou a primeiro-ministro através de umas eleições que mais pareceram um concurso de beleza.

Em vez de termos governos formados por gente que durante quatro anos estudou dossiers, formulou alternativas, explicou o seu projecto aos eleitores, temos governantes que chegam aos ministérios e só depois é que vão pensar o que fazer já que os programas eleitorais não passam de rascunhos feitos à pressa.

O mal de Ferreira Leite não está em falar pouco, nada impede que ponha o que pensa por escrito, até corria menos riscos frente aos jornalistas. Mas nem isso, Ferreira Leite pouco mais escreve do que os artigos que publica no Expresso, nada dizem, não passam de meia dúzia de parágrafos em tom de telegrama e, na maior parte dos casos, não diz o que pensa do futuro, limita-se a comentar de forma banal os acontecimentos mais recentes.

O problema do silêncio de Ferreira Leite não é perdermos o espectáculo, como ela diz, ou não termos oportunidade de lhe criticar as asneiras, que como se tem visto diz a bom ritmo. O problema do silêncio é que não significa uma atitude qualitativamente diferente do barulho de Menezes. Menezes fazia ruído e esperava por fenómenos exógenos à sua acção política para obter os votos necessários para ser poder. Ora, Manuela Ferreira Leite tem a mesma atitude que Menezes, espera em silêncio que a crise económica internacional se agrave, que uns mariolas desatem aos tiros para obter ganhos eleitorais. Foi assim que chegou a ministra da última vez, teve a “sorte” de cair a ponte de Entre-os-Rios. Por agora ainda não teve tal “sorte”, o acidente do Tua está longe do jackpot eleitoral de que precisa.

O problema de Ferreira Leite é o mesmo de todas as oposições, querem chegar ao poder sem qualquer projecto. É por isso que se costuma dizer que não são as oposições que ganham as eleições, são os governos que as perdem. Por isso as nossas oposições nada fazem para provarem que são melhores que o governo. É isso que explica o silêncio de Manuela Ferreira Leite, mais do que seriedade é oportunismo.