Não deixa de ser curioso que ande tanta gente preocupada com o silêncio de Manuela Ferreira Leite, quando, na verdade, quase todos os dirigentes políticos estão a evitar as suas aparições em público. A única excepção é Jerónimo de Sousa, precisamente aquele que, através do jornal Avante, mais se queixa de os órgãos de comunicação social o boicotarem, atitude que até se compreende, as iniciativas do PCP são tantas que se os jornais e televisões lhe desse a cobertura desejada passariam a designar-se por Avante n.º2, Avante n.º 3 e por aí adiante.
Sócrates, que é acusado por um PSD inspirado em Pacheco Pereira, de manipular a comunicação quase não apareceu desde que regressou de férias, qualquer pilha-galinhas que ande a roubar caixas do Multibanco tem tido mais tempo de antena. Até chego a pensar que Sócrates manipula a comunicação social para aparecer pouco e sem ter que responder a muitas perguntas. Até o imagino a telefonar para o Pinto Balsemão ou para a Manuela Moura Guedes a pedir que não encontrem, tudo gente oprimida pela asfixia constitucional promovida pelo primeiro-ministro.
No caso de Paulo Portas o desaparecimento é tão evidente que já se justifica pedir à polícia inglesa que nos volte a emprestar o ‘Eddie’ e a ‘Keela’ (na fotografia), os cães pisteiros que especialistas em encontrar gente com cheiro a morto. O facto é que a ausência de Paulo Portas tem sido tão prolongada que o líder do PP já deve ter poupado uns milhares, só em camisas, fatos e gravatas. Ainda por cima, nem se queixa de andar a ser boicotado pela comunicação social controlada e asfixiada por Sócrates.
O próprio Louçã, que dantes quase não dormia a pensar na anedota com que haveria de cativar a atenção da comunicação social no dia seguinte, anda muito parco em aparições. Louçã e o Bloco de Esquerda andam tão desaparecidos que ainda alguém se vai lembrar de fazer um abaixo-assinado para que Ana Drago volte a aparecer. Enfim, já que Louça não quer aparecer…
Enfim, um dia destes aparecem todos e ainda vamos ter saudades dos tempos em que Manuela Ferreira Leite andava desaparecida e evitava abrir a boa, seguindo a sabedoria popular porque estamos no tempo das moscas.