A propósito do lançamento do “Magalhães” o Governo decidiu fazer uma mega distribuição do PC de nome nacional, vamos ver ministros numa correria para mais uma mega operações de computadores. Não é nada de novo, há uns tempos atrás José Sócrates decidiu acumular as funções de primeiro-ministro com a de distribuidor de computadores das Novas Oportunidades.
Não sou contra o facto de os ministros nada terem que fazer e optarem por emprestar o seu sorriso, que, em regra, é de beleza duvidosa, à distribuição de computadores ao preço da uva mijona. Até acho a produção do “Magalhães” uma excelente ideia, não estando preocupado em saber se a máquina é portuguesa ou se português só tem o nome e a montagem, aliás, acho mesmo ridículos que alguns tenham reflectido sobre o assunto, tanto quanto sei são raras as máquinas cuja produção possa ser atribuída a um país.
Dinamizar o acesso à sociedade da informação foi uma das opções mais meritórias deste governo e uma boa parte das críticas que por aí se ouvem devem-se à conhecida “dor de corno”, designada pelos mais bem-educados por dor de cotovelo, uma doença que em Portugal é endémica e infelizmente ainda não foi descoberta uma vacina para a tratar. Mas convenhamos que ver ministros armados em vendedores da Taparware a galgar quilómetros para distribuir as caixas aos putos perante o ar de caso dos pais e professores é um pouco ridículo.
Faz todo o sentido uma cerimónia de lançamento, desde que não se lembrem de contratar umas criancinhas, que antes passam por um casting para escolher aquelas cuja cor do cabelo condizem mais com a gravata de José Sócrates. Mas dar um feriado a meia dúzia de ministros investindo-os neste papel ridículo é pura parolice nacional. Esperemos, que Sócrates não opte, como já o fez, por nos enjoar com dezenas destas cerimónias ridículas.
Preferira antes ver os ministros a reunir com algumas das nossas empresas com o objectivo de promover o desenvolvimento da sociedade da informação, já que não basta ter computadores, serão necessários programas e conteúdos para que estes se revelem úteis. Por isso seria mais importante que o ministro com a tutela das comunicações reunisse com as empresas do sector para discutir a forma de tornar barato o acesso à Web ou a forma de criar condições para que se generalize a instalação de servidores em território nacional com custos de colocação de conteúdos competitivos. Ou ver o ministro da Economia reunir com a banca para discutir a constituição de capitais de risco ou a facilidade no acesso ao crédito para promover a criação de empresas no domínio da sociedade da informação, para que os nossos licenciados fossem estimulados a criar empresas em vez de ambicionarem ser funcionários públicos, acabando muitos deles por irem para repositores dos hipermercados.
O “Magalhães” é uma excelente ideia, o problema é saber se vai haver oceano para navegar.