sábado, setembro 06, 2008

A próxima aparição


Ao contrário do que por aí se tem comentado, não partilho da opinião de que o silêncio da actual liderança do PSD seja uma estratégia política, talvez o seja mas apenas porque é a que mais se adequa ao perfil e aos afazeres pessoais dos seus membros. Manuela Ferreira Leite, António Borges, são gente que nunca ficou com grandes calos na mão a colocar tijolos no edifício do PSD, isso é trabalho dos militantes porque eles são os “eleitos” que acham que devem governar por avaliação curricular, as eleições não passam de um maçada feita de sondagens e actos eleitorais.

Manuela Ferreira Leite passou de modesta directora-geral a ministra porque era amiga pessoal de um Cavaco Silva que era tão desconhecido como ela, nunca fez grande trabalho partidário, a sua passagem pela distrital de Lisboa do PSD passou despercebida, marcou o início das lideranças pobres nessa importante estrutura do PSD. Ao optar pela ausência e pelo silêncio Ferreira Leite mata dois coelhos com uma cajadada, evita o mau cheiro da massa de militantes anónimos e ganha tempo para os seus afazeres domésticos, tempo importante agora que tem um neto para acompanhar. No conceito de partido é ela que leva o partido ao poder, a organização e o projecto pouco conta, a política faz-se de plásticas ideológicas, golpes de asa.

Ninguém imagina António Borges em reuniões partidárias, é mais fácil vê-lo na mesa de Belmiro de Azevedo no “Espírito do Douro”, o salamaleque organizado todos os anos pela SONAE, do a comer uma sandes de courato numa qualquer festa do Pontal. O homem tem muitos afazeres profissionais, considera-se a si próprio demasiado brilhante para a aceitar que o seu contributo partidário vá muito além de apresentar a sua figura como cartaz. Desde que pertence a esta equipa António Borges teve duas aparições, uma para dizer banalidades evidentes sobre política económica e um artigo no Público onde defendeu que a gestão do aeroporto do Porto deveria ser entregue numa bandeja a Belmiro de Azevedo, o dono do jornal. O próprio Rui Machete, o presidente da Mesa do Congresso há muito que vive das mordomia da democracia como presidente da “lucrativa” Fundação Luso Americana.

Para esta equipa a política resume-se às próximas eleições, se conseguirem evitar a maioria absoluta de Sócrates vão aguardar que Cavaco provoque uma crise política e promova a sua velha “ajudante” a primeira-ministra, nesse caso teremos um Presidente que acumula com as funções de primeiro-ministro num esforço para terminar a carreira afirmando-se como o salvador do país. Se não conseguirem esses objectivo regressam aos seus afazeres pessoais e familiares.

Portanto não entendo o porquê de tanta curiosidade em relação à próxima aparição de Manuela Ferreira Leite, se não vier anunciar aos seus crentes o quarto segredo de Fátima pouco mais vaio dizer do que banalidades. Vai dizê-las com aquele ar de seriedade e de rigor que Manuela Ferreira Leite tanto aprecia quando é oposição e quer salvar o país, mas não passarão de banalidades. Sério seria apresentar um projecto vem vez de testar banalidades nas sondagens eleitorais, algo que Pedro Passos Coelho propôs.