A maioria dos portugueses dificilmente encontram um motivo para ter uma réstia de esperança neste ano de 2011, dificilmente a economia recuperará e mesmo que tal suceda os benefícios dessa recuperação chegarão a muitos, pior do que isso, os grandes beneficiários de uma recuperação económica serão precisamente os que lucraram com a crise. As medidas de recuperação de uma crise gerada pela desigualdade são medidas que aprofundam essa mesma desigualdade, a crise gera miséria, a abundância alimenta-se dessa miséria.
Se na economia a esperança não é muita, na vida política a desgraça é ainda maior, brevemente iremos eleger um presidente incapaz, seja o economista que optou por negócios de acções menos transparentes ou o poeta que só diz asneiras. E como se isso não bastasse arriscamo-nos a ter um primeiro ministro com uma cabeça cuja grande utilidade é servir para se pentear.
Começamos 2011 não com a esperança de ser um ano melhor mas sim desejando que não seja ainda pior do que aquilo que já é. Cortaram-se rendimentos a alguns, aumentaram-se preços e impostos, sacrificaram-se empregos e todos temos consciência que estamos à beira de uma situação pior, basta que os especuladores apostem na crise portuguesa ou que os senhores do ministério das Finanças continuem tão incompetentes como têm sido.
Mesmo assim tenho esperança de que 2011 possa ser melhor do que o dizem, tenho esperança de que os portugueses percebam que está na hora de produzir riqueza e de a distribuir com mais justiça, está na hora de desalojar a nova burguesia que se instalou na política e que vive dos dinheiros públicos, está na hora de apostar no futuro e de em vez de clientes de SCUT e de outras bolas comportarmo-nos como a nação que ainda somos.