Esta foi a semana em que terminou a Casa dos Segredos e em que se voltou a falar dos segredos financeiros de Cavaco Silva, o candidato arregaçou as mangas e começou a esmurrar Manuel Alegre segundo uma velha táctica que diz que a melhor defesa é o ataque. Olhou nos olhos de Alegre, não se engasgou, agitou-se tanto que nem me lembrei de lhe olhar para as mãos para confirmar se estava norma em termos neurológicos. Mas teve azar, a palavra BPN deixa-o fora de si e mesmo que Alegre não lhe tenha acertado em cheio o próprio Cavaco se enterrou, derrotou Alegre e derrotou-se a si próprio. Não hesitou em atacar os seus apoiantes que gerem a CGD e o BPN e ao tentar limpar o currículo de outros amigos seus, como Dias Loureiro ou Oliveira e Costa, acabou por centrar o debate das presidenciais no pior dos temas, o caso BPN.
Não deixa de ser irónico que Cavaco Silva, o grande ideólogo da estratégia da asfixia democrática chegue ao fim do ano com evidentes problemas de falta de ar, cada vez que se fala das suas acções na SLN o candidato presidencial fala de uma forma que evidencia problemas respiratórios. 2009 foi mesmo o ano de todas as asfixias, foi a asfixia democrática que culminou com as denúncias de escutas a Belém por parte do governo que queria saber se à noite Cavaco prefere as telenovelas ou o Mário Crespo, e termina com o país asfixiado pela dívida ao exterior.
Quem também sofreu de asfixia neste final do ano, foram os administradores da CGD e do BPN que constam na lista da comissão de honra do Cavaco Silva e que foram afogados pelo candidato em pleno debate com Manuel Alegre. É um velho hábito de Cavaco Silva, quando o seu interesse está em causa asfixia os seus apoiantes, aconteceu no passado com Fernando Nogueira, já tinha sucedido este ano com Manuel a Ferreira Leite e aconteceu agora com Faria de Oliveira e Norberto Rosa, actuais administradores da CGD.
Durante o ano que terminou muito se falou de eleições legislativas antecipadas, principalmente quando foi lançada a comissão parlamentar de inquérito ao caso TVI, mais um processo que contou com a intervenção política oportunista de Cavaco Silva. O governo sobreviveu, mas Cavaco teve mais sorte do que Sócrates , o caso escutas a Belém também evidenciou indícios de crime cuja investigação poderiam ter conduzido à demissão de Cavaco Silva e a eleições antecipadas para a Presidência da República.
Cavaco é a figura da semana e do ano de 2010 mas pelos piores motivos, este ano ficará para a história da Presidência da República como o pior ano da sua história em democracia, senão mesmo da República. Cavaco Silva relevou-se uma personagem sem dimensão para ser Presidente da República e o Palácio de Belém quase pareceu o palácio real de Boliqueime, onde os Silvas e os Montezes receberam o papa armados em Bourbons.