Em Portugal não sabemos quantos assessores estão nos gabinetes dos governantes, quem são e quanto ganham. Não sabemos quem está em cargos de nomeação com base na confiança pessoal na Casa Civil da Presidência da República, quem são, quanto ganham e o que fazem. Não sabemos quantos assessores estão colocados na autarquias, o que fazem, porque foram nomeados e quanto ganham. Não sabemos quantos institutos públicos existem, o que fazem, quem os dirige. Não sabemos quanto gasta cada governante em estudos, a quem os encomenda, com base em que critério fez a escolha e raramente chegamos a saber da conclusão dos estudos. Não sabemos quantos diplomas são feitos por encomenda em escritórios de advogados, o critério que presidiu à escolha desses escritórios que são quase sempre os mesmos e quanto custou a produção de diplomas que supostamente deveriam ter sido elaborados no gabinetes ministeriais. Não sabemos as contas de nenhum ministério, não sabemos as contas das autarquias, desconhecemos quanto é a divida de sectores como a saúde. Não sabemos o que andam a fazer muitos titulares de cargos públicos nomeados segundo critérios de confiança pessoal, como os controladores financeiros ou os presidentes de inúmeras comissões criadas à margem da orgânica da Administração Pública. Não sabemos quando gastam os governantes e assessores quando viajam para o estrangeiro.
Em Portugal não sabemos nada, não temos direito a saber nada. Pior ainda, a ministra da Saúde não sabe quanto deve, o ministro das Finanças não sabe quanto é o défice, o ministro das Administração Interna não sabe quando recebe os blindados, o ministro das Obras Públicas não sabe que obras deverão avançar, o ministro da Agricultura não sabe porque faltou açúcar nos supermercados.
A opacidade criada à volta do Estado para impedir os cidadãos de saberem como é gasto o dinheiro dos impostos é de tal forma grande que até os governantes já não sabem a quantas andam.
Os cidadãos deste país só têm direito a saber uma coisa, quanto pagam de impostos e quanto vão receber a menos, isso se entretanto não sair mais uma versão do PEC ou se não tiverem de chamar o FMI para nos dizer como se vai pagar a dívida pública.