FOTO JUMENTO
Vida de cão, Rua Augusta, Lisboa
IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO
Protecção anti-cão [A. Cabral]
Praia do Barril [A. Moura]
JUMENTO DO DIA
Cavaco Silva, candidato presidencial
Nem o cidadão Cavaco Silva nem o Presidente da República Cavaco Silva estão acima de qualquer suspeita, devem sim provar que estão acima de qualquer suspeita e não é isso que estamos a observar na questão do negócio das acções. Não estamos perante um investimento num fundo de um banco, não se tratou de uma operação em bolsa e a empresa cujas acções Cavaco Silva comprou valorizou-se ao ponto de as suas acções terem sofrido uma valorização de 145%.
O facto de Cavaco Silva ter pago todos os impostos segundo o próprio afirma (já que não fez qualquer prova) não significa que o negócio tenha sido transparente e o facto de o mesmo ser legal não significa que seja eticamente aceitável num Presidente da República ou num candidato a esse cargo.
Não seria mais fácil Cavaco Silva colocar na mesa todas as informações relativas a este negócio que suscita dúvidas quanto ao seu comportamento. É evidente que era mais fácil, mas também é evidente que Cavaco Silva não quer que os portugueses fiquem a conhecer todos os pormenores neste negócio.
«Cavaco Silva decidiu responder esta quarta-feira às acusações do candidato presidencial Manuel Alegre sobre o caso BPN.
Num discurso lido pelo conselheiro Alexandre Relvas, na sede parlamentar da campanha, Cavaco considera que Alegre entrou em “campanha suja”. “Quem faz uma campanha suja viola o mais elementar dever de decência democrática”, sublinhou na declaração, sem direito a perguntas dos jornalistas.
“A baixa política entrou na campanha eleitoral. Depois de ter perdido o debate televisivo na semana passada, o candidato Manuel Alegre resolveu, em desespero de causa, entrar numa campanha de ataques pessoais e socorrer-se de insinuações infundadas sobre o Prof. Cavaco Silva, a respeito de aplicações de poupanças, suas e de sua Mulher, no BPN, em 1999”, disse Relvas.» [CM]
GOSTEI DO REFRÃO DAS JANEIRAS CANTADAS NA RESIDÊNCIA DE SÃO BENTO
"Aqui mora gente honrada".
ESTOU PREOCUPADO COM A ALEMANHA
«Ontem, pelas 13H47, na cidade ameaçando chuva, uma lisboeta de avental parou, preocupada com um casal de turistas. Este agitava um mapa e tinha estampado, nas faces de ambos, a dúvida de ir pela Rua da Ribeira Nova ou pela Rua do Arsenal. A lisboeta interrogou-os com um sorriso. Eles assustaram-se, primeiro, e depois apontaram o Rossio no mapa. Ela disse-lhes, com a mão em forma de quilha de falua rasgando o Tejo, para irem pela Rua do Arsenal. Os turistas foram e, por alturas daquela loja de bacalhau, olharam para trás. Ainda lá estava a mulher lisboeta, com o sorriso e a mão em quilha: que seguissem, iam bem... Entretanto, a revista alemã Interim publicou um manifesto anunciando ataques aos turistas em Berlim. A cidade (20 milhões de visitantes no ano passado) acaba de ultrapassar Roma em número de turistas. Alguns berlinenses estão fartos desta invasão e estão dispostos, diz o manifesto, a "roubar carteiras e telemóveis, fazer arruaças nos restaurantes e locais públicos, deitar lixo à porta dos hotéis" - enfim, importunar os turistas. Há pouco, o ministério da Economia alemão reviu em alta o crescimento do seu PIB, baseado "na sustentada procura externa de produtos e serviços germânicos." No entanto, eu tenho outros índices - como a lisboeta de avental e o manifesto berlinense. Estou muito preocupado com a Alemanha. » [DN]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
DA INÉPCIA COM VIRTUDE
«Devo confessar, à puridade, um desejo modesto, porém ardente: gostava de que o Presidente fosse um homem culto, lido, cordial e descontraído. Não o é. E o meu recatado desgosto consiste no facto de ele desencadear, com as deficiências culturais e aleijões de carácter que demonstra, um generaliza-do reflexo condicionado. Os dez anos que levou de primeiro-ministro constituíram um cerco e o esmagamento das desenvolturas e das exaltações que o 25 de Abril nos tinha proporcionado. O País cedeu ao mito do político severo, austero, hirto e denso. E admitiu, como sua, a imagem brunida que ele expunha. Um chato. Mas um chato perigoso por aquilo que representa.
Nada tenho de pessoal contra o senhor. Ele pertence a uma sociedade velha e relha, que apenas assegura formas de autoritarismo. Estes cinco anos de Presidência acentuaram o infortúnio. Os debates nas televisões foram expressivos do desagrado que algumas intervenções causavam no dr. Cavaco. Trejeitos de ira, econtorções dos músculos faciais, movimento descomedido dos lábios, frases desmedidamente agressivas. A medonha panóplia de exercícios paliativos forneceu-nos a estirpe do indivíduo e a compleição do político.
O pior foi o discurso da quadra. Se o de José Sócrates representou a vacuidade total, o do dr. Cavaco fundamentou a admissão de uma era vindoura de incertezas. Apenas a reiterada advertência de que "eu bem avisei a tempo". O disperso, confuso e absurdo afastamento de responsabilidades que também lhe cabe. Depois, o caso do BPN e da Caixa Geral de Depósitos. Então, as debilidades da natureza moral do candidato emergiram de roldão. Ao acusar de incompetência a administração do banco das fraudes, trucidou alguns dos seus antigos comparsas de Governo, entre os quais o perplexo e honesto Faria de Oliveira. Procedeu como o fizera com Fernando Nogueira, Santana Lopes, Fernando Lima: serviu-se e descartou-se. Perante as acusações de tibieza que lhe foram feitas, o homem, atabalhoadamente, tentou proteger-se usando o pretexto que lhe é comum: disse que não dissera o que tinha dito e acusou os jornalistas de interpretação abusiva. Uma televisão retransmitiu a verdade dos factos e as declarações proferidas. Nem por isso o prevaricador se retractou.
Já cansa repetir que o dr. Cavaco é um incidente desgraçado na nossa história próxima recente. Metáfora de um país sem juízo, também não chega. Ele resulta de uma confusão entre a ignorância e a beatífica admissão de uma cultura de aparências. Surpreende (o não?) haver gente de envergadura intelectual e moral a apoiar, para reeleição, uma criatura que, por incultura, inépcia e desadequação nunca encontrou a fórmula de viver e de actuar perto das questões e do coração dos portugueses.» [DN]
Parecer:
Por Baptista-Bastos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
COELHO FAZ DE SARNA DE CAVACO SILVA
«O candidato presidencial José Manuel Coelho disse hoje à agência Lusa que vai colar-se a Cavaco Silva para contornar a falta de recursos financeiros da sua candidatura.
O também deputado único do PND-Madeira, que viajou terça-feira no mesmo avião que Cavaco Silva para os Açores, estará naquela região até quinta-feira, garantiu que segue depois para "a capital" onde tem agendadas várias entrevistas. "Regresso sábado à Madeira para reprogramarmos as iniciativas mas depois volto ao continente", disse.» [DN]
Parecer:
Começo a achar que Cavaco tem azar com os coelhos, nem deve comer "coelho à caçador":
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à candidatura de Cavaco como se vai livrar da "sarna".»
INTERESSE PÚBLICO
«O secretário de Estado da Administração Pública disse hoje que o Governo admite invocar o interesse público como resposta às acções interpostas pelos sindicatos para impedir os cortes salariais da Função Pública.
Apesar de esse não ser o único instrumento que o Governo pretende utilizar, será um dos argumentos "para concretizar esta medida absolutamente necessária da redução remuneratória", disse Gonçalo Castilho dos Santos.
"O Governo e a Administração farão uso de todos os instrumentos jurídicos no quadro da lei e da Constituição que lhe permitiam concretizar esta medida absolutamente necessária da redução remuneratória", afirmou, acrescentando que "as resoluções fundamentadas de interesse público - que neste caso coincide absolutamente com o interesse nacional - é com certeza um dos instrumentos de que o Estado não abdicará".» [DN]
Parecer:
O petite secretário de Estado da Administração Pública não encontra melhor argumento jurídico.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao secretário de Estado que se demita, não está a fazer nada de bom nem de bem feito no governo.»
TÍTUMAS QUE GRANDE FISCAL!
«António Pinto Barbosa, nome escolhido por Governo e PSD para liderar a equipa que vai monitorizar as contas públicas, presidiu ao Conselho Fiscal do BPP, avança o Público.
Segundo a mesma fonte, o economista certificou durante quase uma década as contas do Banco Privado Português (BPP), instituição alvo de investigações do Banco de Portugal, CMVM e também do Ministério Público devido a suspeitas de práticas ilícitas durante a gestão de João Rendeiro.
O site do Público cita mesmo uma dessas certificações às contas do BPP, em que António Pinto Barbosa, fundador do PSD, aprova "a regularidade dos seus registos contabilísticos e o cumprimento dos estatutos", garantindo aos accionistas do banco que as "demonstrações financeiras e o relatório de gestão, bem como a proposta nele expressa, estão de acordo com as disposições contabilísticas e estatutárias aplicáveis".» [DE]
Parecer:
Bem, o homem tem duas grandes qualidades, é amigo do ministro e é da Faculdade de Economia do Porto.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver se vai ser mais eficaz do que os controladores financeiros.»
BOM SENTIDO DE HUMOR
«O secretário de Estado do Tesouro diz que os investidores estão a reconhecer "de forma positiva" as medidas tomadas pelo Governo para consolidar as finanças públicas do país.
Costa Pina disse hoje que a colocação de 500 milhões de euros em dívida pública com juro abaixo do negociado no mercado secundário demonstra a confiança dos investidores nas medidas do Governo de consolidação orçamental.» [DE]
Parecer:
Pudera, com os juros de 3,686% não faltam investidores, até porque antes disso é muito provável que o FMI esteja cá.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
DESCULPA IMAGINATIVA
«A directoria do Norte da Policia judiciária (PJ) informou que "se tratou de uma simulação" o aparente sequestro de um indivíduo de Macedo de Cavaleiros, encontrado manietado na bagageira do automóvel, na aldeia de Eixos, Mirandela.
Falta conhecer os contornos desta história, que a PJ transfere para um comunicado a ser revelado mais tarde. Ainda assim, ao que conseguimos apurar, o indivíduo terá usado o sequestro como desculpa para poder passar a noite com uma amante, de nacionalidade brasileira.» [JN]
O "GARANHÃO" DO EQUADOR
«Dizia-se "bravo, muito macho e garanhão". Ramón Moreira, ex-pescador e dono de um pequeno hotel em Manabí, no Equador, morreu aos 72 anos, e deixou 96 filhos, que teve com, pelo menos, 49 mulheres, e mais de 200 netos.
Ramón vivia numa pequena localidade da costa equatoriana, chamada Chorrera, situada na província de Manabí. Foi ali que uma jornalista do jornal "El Mundo" o entrevistou, pouco antes da sua morte. O homem, de 72 anos, era bem conhecido na região pela sua história de vida, quase inverosímel.
Na entrevista, o homem recordou ter-se enamorado de mais de 150 mulheres. Confessava-se "perigoso" e dizia que para estar sempre em forma bastava-lhe "um bom caldo de peixe, muitos mariscos, a brisa do mar e... estava pronto".» [JN]
É UMA PENA QUE OS GABINETES MINISTERIAIS NÃO POUPEM COMO A PSP
«As medidas de austeridade impostas em Portugal tocam a quase todos e nas formas mais insólitas. É o caso dos polícias que, para poupar, têm que desligar a televisão e só a podem voltar a ligar na hora dos noticiários.
Os polícias devem «diminuir o número de lâmpadas nos locais de passagem», assim como substituir as «lâmpadas incandescentes convencionais por lâmpadas fluorescentes compactas», «evitar estar sempre a acender e apagar» lâmpadas de halogéneo e desligar todos os equipamentos eléctricos (computadores, impressoras, etc), ou seja, não utilizando o modo standby.
Já na poupança com os gastos com a água, os polícias devem «colocar dispositivos em instalações sanitárias de forma a reduzir o caudal das descargas» e aproveitar a água da chuva para lavar carros e regar jardins. » [Portugal Diário]
Parecer:
Um bom exemplo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se regras idênticas nos gabinetes dos ministros e dos secretários de Estado.»
COMO DERRUBAR O GOVERNO DE SÓCRATES?
Se alguém me perguntasse qual a melhor forma de derrubar José Sócrates não proporia nenhum processo do tipo Freeport ou Face Oculta, ou uma comissão parlamentar de inquérito, nem mesmo greves de professores conduzidas por Mário Nogueira, nada disto deu resultado. Proporia antes a nomeação de um director-geral incompetente para a DGCI ou, na falta de um voluntário, que se promovesse uma reestruturação da Administração Fiscal nos termos daquela que está em curso.
O pacato secretário de Estado dos Assuntos Fiscais está neste capítulo a revelar-se mais eficaz do que a Manuela Moura Guedes, os investigadores dos casos Freeport e Face Oculta ou do que Mário Nogueira, com menos violações da lei, sem grande agitação social e sem alarme público Sérgio Vasques vai derrubar José Sócrates em menos tempo do que aquele que se perdeu com a comissão parlamentar de inquérito ao negócio da TVI.
Podem ligar os cronómetros.
THE FIRST SOLAR ECLIPSE [Boston.com]
AFTER DARK CONDOMS