sexta-feira, janeiro 14, 2011

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência

A notícia da primeira página do SOL caiu que nem uma bomba, ainda os últimos jornais estavam a chegar às bancas e já se preparava uma segunda edição com mais pormenores, soube-se que José Sócrates e mais alguns membros e ex-membros do governo socialista tinham adquirido vivendas de luxo numa urbanização algarvia, a quinta das roseiras. As suspeitas adensam-se quando se sabe que o negócio foi feito através de uma off-shore pertencente a um ajunto de José Sócrates, amigo de confiança e homem da máxima de confiança do primeiro-ministro.

Os jornalistas dos jornais da concorrência empenham-se agora na investigação de todo o património imobiliário de José Sócrates, incluindo o dos seus familiares. O líder sindical do Ministério Público já tomou posição pública defendendo que havendo suspeita de enriquecimento ilícito e fraude fiscal deve haver lugar a uma investigação levada até às últimas consequências, apelando ao Presidente da República que exija do Procurador-Geral da República que disponibilize todos os meios necessários à investigação.

Quando o Público divulga a informação de que José Sócrates terá ganho mais de 100 mil euros num negócio de acções fora da bolsa, com acções compradas a preço de favor que depois foram compradas por um banco de amigos que entretanto faliu devido a sucessivas fraudes o país indignou-se. Pedro Passos Coelho convocou a comunicação social para exigir a José Sócrates que esclareça de forma cabal todos os seus negócios, ameaçando que se não o fizer apresentará uma moção de censura.

Respondendo aos jornalistas durante uma visita à Feira Nacional da Agricultura o Presidente da República desdramatizou a situação, assegurando que usaria dos seus poderes para evitar uma crise política, desafiando os portugueses a confiarem na justiça, acrescentando que espera que tudo seja esclarecido. Questionado sobre se confiava na honestidade do primeiro-ministro respondeu que cabe à justiça esclarecer essa questão e que não cabe ao Presidente a emissão de certidões de honestidade.

Confrontado com os pedidos dos jornalistas para que esclareça os seus negócios José Sócrates convocou uma conferência de imprensa onde em vez de esclarecer as dúvidas optou por afirmar a sua inocência. Assegurou que pagouy todos os impostos e que se alguém o pretendesse confirmar que fosse consultar o seu site, assegurando que já lá tinha explicado tudo, acrescentando que para serem mais honestos do que ele teriam de nascer três vezes. Questionado sobre quando fez a escritura respondeu que tem uma memória muito complicada, ainda se lembrava do sermão do padre de uma das muitas missas semanais e ocasionais em que esteve presente há cinco anos, mas não tinha a mais pequena ideia de onde se fez a escritura, que não se lembra de onde comprou a casa e só tinha uma leve ideia de quem a comprou. Para encerrar o assunto lembrou que não passa de um mísero engenheiro que nada percebe de negócios de casas e ainda por cima com termos técnicos em inglês.

O Bloco de Esquerda não perdeu tempo e informou em comunicado que vai propor a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para aferir se o primeiro-ministro usou dinheiro seu no negócio de acções ou se o mesmo banco que as vendeu a preço de favor também adiantou o dinheiro, tendo o primeiro-ministro limitado a sua intervenção a indicar o NIB da conta para onde deveriam ter sido transferidos os lucros fáceis. O PSD decidiu, entretanto, aprovar a comissão se esta também se debruçar a eventual fraude fiscal no recurso à off-shore de um amigo para comprar a vivenda no Algarve.

Na Quadratura do Círculo o filósofo Pacheco Pereira defendeu que mais do que qualquer outra acusação ao primeiro-ministro, a confirmarem-se estas afirmações são a prova da falta de carácter de José Sócrates. Na SIC a jornalista Manuela Moura Guedes antecipou programa noticioso que estava a preparar indo já hoje a versão Balsemão do Jornal da Sexta.

PS: É quase tudo mentira mas se fosse tudo verdade isto ia ser um grande regabofe!