domingo, janeiro 23, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alvéola-cinzenta [Motacilla cinerea] no Parque da Bela Vista, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Vigo [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Director do jornal "i"

Se o "i" fosse um talho em vez de um jornal onde se vende de tudo um pouco, incluindo bufaria, a esta hora os seus leitores estariam todos com uma grande caganeira, vulgo diarreia. É uma vergonha que um jornal que se pretende de refência, apesar de estar cotado no mercado por um euro, publique com destaque de primeira página um estudo que foi notícia do DN no passado dia 6 de Dezembro.

Compreendo que em dia de reflexão o "i" queira ajudar o seu candidato presidencial, mas poderia fazêlo com respeito pelos que ainda o compram.

«"No jobs for the boys", foi a famosa tirada de António Guterres na primeira reunião da direcção do PS depois da vitória nas legislativas de 1995. O aviso tinha o objectivo de acalmar o apetite do aparelho socialista, afastado há dez anos do poder. No entanto, os números mostram que os boys não só têm um apetite insaciável, como sempre tiveram jobs. Os períodos imediatamente antes e depois de todas as eleições legislativas entre 1980 e 2008 foram aqueles em que as empresas públicas mais trabalhadores contrataram. "É evidente que são casos de compadrio ou nepotismo."

A conclusão é de Pedro Martins, professor de Economia Aplicada na Faculdade Queen Mary, da Universidade de Londres, que realizou o estudo. "Os nossos resultados indicam um impacto sistemático do ciclo político nos timings das empresas públicas em Portugal", diz o estudo. "Encontramos provas significativas de um grande aumento de contratações logo a seguir a um novo governo tomar posse, principalmente se for de uma cor política diferente (esquerda ou direita) do governo anterior. Além disso, as contratações tendem a aumentar antes de o novo governo tomar posse, independentemente do resultado das eleições."» [i]

O IRREFLECTIDO DIA DE REFLEXÃO

«No dia de reflexão, os portugueses vêem-se ao espelho, reflectidos: inventores de costumes tolos. Como este sábado de reflexão. Hoje, se vos tenho de dar cavaco, logo tenho de acautelar: "Salvo seja..." Se me descrevo "acordei alegre", tenho de acrescentar: "Nada a ver, claro." Não fossem vocês, e a Comissão Nacional de Eleições, pensar que eu estava falar com maiúsculas. Reflexão, pois, cada um de vós como aqueles macaquinhos de mãos tapando olhos e ouvidos. E eu fazendo do macaquinho com as mãos a tapar a boca. Significa isto que se um candidato - dos que, na última quinzena, abriram telejornais dizendo banalidades - tivesse revelado, ontem à noite, o segredo da cura do cancro eu não poderia hoje dizer- -vos. Teria de esperar por segunda-feira, data em que se espera que os portugueses voltam a ser legalmente irreflectidos, para vos dar a novidade. O dia de reflexão trata-vos por parvos temporais, portugueses: 24 horas antes de votarem, vocês são demasiado permeáveis às minhas manigâncias... Ora isso, além de me dar ideias malandras (se faço bem as contas ainda me restam 43 776 horas num mandato de cinco anos para vos manipular...), ignora que, se as televisões e os jornais calam, a Internet não fecha a loja ao sábado de reflexão. Pode ser consultada, no telemóvel, até na fila antes de votar. Hoje, tapar a informação é o mais inútil (e irreflectido) dos exercícios. » [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TÍTUDIA PARA REFLECTIR NAS TRAPALHADAS

«Em dia de reflexão, proponho uma meditação profunda sobre as contínuas trapalhadas que todo o dia são notícia neste país. Cingir-me-ei apenas a duas.

A crónica dos cortes anunciados na Função Pública mostra bem como as contas do Estado estão a ser geridas em cima do joelho. A pressa é inimiga da perfeição, já diz o povo. E com toda a razão. Na ânsia de cortar o défice a qualquer custo, tomam-se decisões precipitadas, esquecendo que a máquina do Estado está demasiadamente enferrujada para reagir com rapidez a novas regras.

Os resultados estão à vista. A pressão para processar todos os salários de Janeiro com os devidos cortes resultou em atrasos nos pagamentos, em suspeitas de uma nova taxa que amplificava a medida orçamental, em funcionários a terem reduções diferentes, apesar de auferir exactamente o mesmo.

Outro ponto que merece reflexão é o chumbo, ontem e pela segunda vez, na Assembleia da República, da proposta do PCP de actualizar de 20% para 21,5% a taxa sobre as mais-valias bolsistas.

Uma pouca-vergonha, se me é permitido dizer. Porque em causa estava simplesmente o aumento daquela taxa na mesma proporção em que foram actualizados os escalões de IRS e todas as restantes taxas liberatórias, em 1,5 pontos. Ao contrário do que querem vender, não é um novo imposto. É uma actualização. A mesma que foi feita para quem tem certificados de aforro ou depósitos.

Pior, o Executivo assumiu desde logo que se tinha "esquecido" (muito conveniente, digamos) daquela actualização - "o Governo não se esquece dessa taxa", dizia, em Novembro, o secretário de Estado Sérgio Vasques.

O que é que mudou? Pelo meio, Teixeira dos Santos entendeu-se com Eduardo Catroga para salvar o Orçamento do Estado e é sob esse escudo que PS e PSD lavam as mãos. Ambos argumentam que não podem quebrar-se "compromissos assumidos", invocando o princípio-base do acordo de que a consolidação seria feita do lado da despesa e não da receita. Há quem lhe chame demagogia...

P.S. No dia em que Portugal conseguiu, com relativo sucesso, vender dívida no mercado, a sempre oportuna Moody's veio revelar, em solo português, que até Março define em quantos níveis pretende cortar o rating da República. Assim fica difícil.» [JN]

Autor:

Por Joana Amorim.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

BIBI DESPEDIU JOSÉ MARIA MARTINS

«Ao fim de sete anos de relação cliente/advogado, Carlos Silvino (Bibi) decidiu despedir José Maria Martins como o seu defensor no processo da Casa Pia. Foi o próprio Bibi quem, segundo o DN apurou, informou o processo que tinha revogado a procuração àquele advogado e ao seu colega Ramiro Miguel. Carlos Silvino afirmou ainda que, oportunamente, vai nomear um novo advogado.

José Maria Martins entrou, recorde-se, para a defesa de Carlos Silvino em 2003. Primeiro como "adjunto" do então advogado dória Vilar. Mas, Carlos Silvino acabaria por revogar a procuração a este último advogado, ficando apenas com José Maria Martins como seu defensor.» [DN]

Parecer:

Terá sido com base em justa causa?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Manifeste-se solidariedade ao desempregado.»

AMIGOS DE RENATO SEABRA LANÇAM SITE PARA RECOLHER FUNDOS

«Os amigos do modelo Renato Seabra vão lançar um site com o objectivo de recolher fundos para ajudar a pagar a defesa do jovem, acusado do homicídio do cronista Carlos Castro.

O cunhado do modelo, José Malta, adiantou ontem ao PÚBLICO que vai ser aberta uma conta para recolher fundos e que os amigos estão a preparar actividades, como jogos de basquetebol, para angariar dinheiro.

"Estamos à espera de uma autorização legal para lançar o fundo. A aprovação está iminente", afirma José Malta, que confirma que a casa da sogra está à venda desde há dois dias. O site terá informação detalhada sobre os encargos que a família de Renato terá que suportar para pagar a sua defesa e servirá para promover actividades lançadas pelos amigos e familiares do modelo com o mesmo propósito.» [Público]

Parecer:

Uma decisão que merece uma reflexão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos jornalistas que reflictam sobre como as notícias promoveram uma reacção deste tipo..»

"ENFRAQUECIMENTO MORAL", DIZ O PAPA

«E ao fim de uma semana de revelações bombásticas sobre as festas do primeiro-ministro italiano que acabam em orgias com prostituição, o Papa fez alertou para um “enfraquecimento dos princípios éticos e das atitudes morais”. Todos os italianos encararam o discurso como uma referência a Silvio Berlusconi.

Não houve nenhuma referência directa, mas o discurso de Bento XVI reforça o tom crítico do cardeal Tarcísio Bertone, que dizia na quinta-feira que “a Santa Sé segue o caso com atenção e com particular preocupação”. Berlusconi procurava desdramatizar as palavras de Bertone: “Recebi garantias do Vaticano, asseguraram-me que se tratava de um discurso em geral e que não se referia a mim”.» [Público]

Parecer:

Por cá o enfraquecimento moral tem a forma de acções baratas e casas compradas de forma estranha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

ANATOLY GLADKOV