domingo, janeiro 16, 2011

Semanada

A primeira semana de campanha eleitoral foi de uma qualidade deprimente, se não fosse a sofisticação dos recursos disponíveis actualmente ainda veríamos Manuel Alegre de balde de tinta de água na mão e Cavaco Silva. A diferença entre as grandes candidaturas e a de José Manuel Coelho está apenas nos recursos, o candidato madeirense ganha-lhes em humor, nenhum candidato apresenta um projecto e, pior do que isso, nenhum consegue convencer os portugueses quanto às suas capacidades.

A campanha foi o fim de dois mitos de Cavaco Silva, o da honestidade e o da competência, Cavaco recusou-se a demonstrar a sua honestidade perante factos que a põem em causa e perante uma jornalista não hesitou em assumir o papel de "mísero professor" que não percebe nada de acções com nomes esquisitos em inglês. Esta última linha de defesa de Cavaco Silva prova a sua falta de honestidade, um doutorado em economia em Inglaterra, que foi ministro das Finanças, primeiro-ministro e Presidente da República invoca ignorância que não tem para justificar um negócio onde com a ajuda de amigos duvidosos rentabilizou as suas poupanças em 145%, isso na hipóteses de alguma vez ter sido utilizado dinheiro seu pois a amigos que proporcionam tão chorudos lucros nada impedia que emprestasse dinheiro a juros simbólicos, dispensando Cavaco de usar o seu próprio dinheiro.

Igualmente ignorante nesta coisa esquisita dos mercados financeiros é Passos Coelho que até gosta de dizer que foi o melhor aluno do se curso de uma escola que nem é grande coisa. Excitou-se tanto com a hipótese de a venda de dívida portuguesa correr mal que se apressou a dizer que se o FMI interviesse em Portugal deveriam haver eleições legislativas. Talvez se tenha excitado com a estratégia manhosa de Cavaco Silva que deixou o governo sozinho atribuindo-lhe as responsabilidade se tudo corresse mal, enfim, um responsabilizou e outro adiantou-se a pedir eleições, correu mal aos dois, Cavaco mudou de discurso e Coelho ficou a falar sozinho.

Nestas eleições Cavaco Silva parece que anda pelo país com uma coelheira na bagageira, primeiro foi Pedro Passos Coelho a colar-se à sua estratégia, depois o José Manuel Coelho decidiu parasitar a sua campanha fazendo humor à sua custa e como se estes dois coelhos não bastasse veio à liça a Quinta da Coelheira onde tem por vizinho um Oliveira e Costa. Já só falta que num dos jantares de campanha seja servido "Coelho à Caçado".

Nesta semana o país ignorou a morte de um capitão de Abril enquanto a comunicação social promoveu um cronista de má-língua a grande libertador nacional, tudo porque um amor à primeira vista do tipo "Morangos com Açúcar" acabou de forma trágica com uma dos supostos "apaixonados" a atingir a loucura. É um mau sinal destes tempos, daqui a cem anos vai haver um concurso televisivo para escolher o maior dos portugueses e o mais votado será a Lili Caneças.