Seguindo o mais puro raciocínio do liberalismo económico tão
do agrado dos imbecis que nos governam e de alguns empresários mais
oportunistas que o apoiam tudo o que é feito em prol da competitividade apenas
se justifica porque se pretende ajudar empresários, incompetentes, corruptos,
gandulos ou oportunistas.
Veja-se o caso do grande Ulrich, que tanto se desdobra em
declarações de poio a tudo o que sejam sacanices que se possam fazer ao povo,
porque motivo está tão enrascado? Não lhe faltou quem investisse no BPI, o país
foi um paraíso para o crédito ao consumo ou imobiliários, cobrou juros muito
acima da média europeia e pagou salários bem inferiores, fartou-se de se encher
com comissões e ainda se socorreu da zona franca da Madeira para ajeitar os
impostos. Se com todas estas benesses o BPI está quase sem lucros e a precisar
de ser recapitalizado isso só pode justificar-se pela má gestão do banco, pela
incapacidade dos seus gestores terem lucro em condições de maior
competitividade. Se o senhor Ulrich precisa da ajuda do Estado é porque como
banqueiro não vale grande coisa.
Quem ouve a nossa direita falar fica com a sensação de que
todas as empresas portuguesas estão falidas ou à beira da falência, que carecem
dos negócios corruptos do Estado ou que só sobrevivem se em vez de assalariados
puderem contar com escravos. Mas não é assim, há muitas empresas de formação
que nunca precisaram nem precisam da ajuda dos Miguel Relvas da política para fazem
negócios, que não metem os Catrogas nas administrações, nem vão ao Ulrich pedir
dinheiro para os seus negócios.
Aliás, o próprio governo destes liberais tem um discurso
contraditório, num dia elogia o desempenho dos exportadores e chama a si o
louro do trabalho alheiro atribuindo à sua política o aumento das exportações.
No dia seguinte propõe-se roubar um vencimento a cada trabalhador para o
entregar ao patrão para que este seja competitivo. Se os que exportam e os
muitos que apesar da crise e dos disparates governamentais ainda são
competitivos começa a ser evidente que o que este governo pretende não é
estimular a competitividade, promover a multiplicação de empresários
competentes e competitivos.
A política deste governo de liberais da treta nada tem que
ver com os empresários competitivos, as suas políticas visam ajudar os
enrascados e entre estes em especial os velhos amigos, os que deixaram de ter
negócios corruptos com o Estado, os que só são capazes de ter lucros com
escravos, os que esgotaram os seus recursos usando o cartão visa nas casas de
putas.
Não admira que quando muitos empresários rejeitaram a ajuda
da TSU porque a sua consciência o impedia de roubar os seus próprios
trabalhadores, os nossos governantes não tenham esquecido a raiva em relação
aos empresários cuja competitividade não depende de políticos corruptos. O
primeiro-ministro atirou-se ao Belmiro de Azevedo em plena conferência de
imprensa e o Moedas ameaçou-os com a concorrência dos empresários que não pagam
salários e que iriam sobreviver com a ajuda das políticas governamentais
selectivas.