Já se percebeu que este governo sabe de quem gosta e de quem
não gosta e que tem feito da sua política uma arma para favorecer os que
considera úteis e para fazer desaparecer os que entende estarem a mais. Percebe-se
que adora banqueiros, que tem um fraquinho pela CIP que sente uma paixão
assolapada pelo Soares dos Santos mas anda irritado com o Belmiro.
Percebe-se igualmente que jovens qualificados estão a mais,
que os funcionários públicos são detestáveis, que os professores não fazem
falta, que os pedreiros estão abaixo de cão, que os trabalhadores valem menos
do que couves no MARL. Percebe-se que o país é a Farmville com que o Gaspar
brinca, há os que são porcos e ele detesta por causa do colesterol, as ervas
daninhas, ele tira daqui e põe ali, manda os animais para abate, transforma o
que não gosta em estrume para que cresça aquilo de que ele gosta.
Como era de esperar esta postura levou tempo mas chegou ao
parlamento, é que os mais inteligentes foram para presidentes de bancos e de
institutos, os medianos ficaram para o governo e os menos dotados foram ocupar
as cadeiras do parlamento. Mas a teoria da eugenia lá chegou ao pessoal
parlamentar e já é usado pelos digníssimos parlamentares que sabem que se não
aprovarem tudo o que o Gaspar manda acabam por descobrir que os seus preciosos
pescocinhos não servem apenas para pendurar gravatas e embrulhar em sedosos
colarinhos feitos por encomenda.
O IVA vai matar cinquenta mil restaurantes? Não faz mal, é
mais ou menos esse número de restaurantes que estão a mais e portanto podem ser
eliminados pela nova teoria da eugenia económica, se o Gaspar ontem à noite
decidiu que na sua Farmville não há restaurantes pois a esposa leva-lhe a
marmita para junto do computador, então o país não precisa de restaurantes,
essa gente que fez das necessidades alimentares dos outros profissão estão a
mais neste país higienizado por esta maioria.
Pouco importa que mais de cem mil acabem no desemprego que
qualquer qualificação profissional, isso é problema deles, os problemas do
governo são indicados pelo Gaspar e as dificuldades do povo soa uma cena que não
assiste ao Gaspar. Para o Gaspar o que conta é o bem-estar do ministro das
Finanças alemão. Saber se os portugueses passam fome é coisa de somenos importância,
entre empurrar a cadeirinha do ministro alemão e ajudar os portugueses famintos
ninguém tem dúvidas sobre qual a opção do governo.
Há restaurantes a mais? Há sim senhor, mas também há quem diga que temos deputados a mais e ninguém se lembra de aumentar um imposto para os matar, não é que as suas decisões não ajudem a matar muitos portugueses, mas por agora os nossos deputados ainda podem goza com o povo e ganhar para isso.