quarta-feira, novembro 07, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura

 
 
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Mértola
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Atalaia [A. Cabral]   

Jumento do dia
  
Marques Mendes, porta-voz oficioso do governo
 
Que Marques Mendes tenha perdido a noção do ridículo atacando violentamente o governo num dia e defendenod esse mesmo governo no outro é problema dele, cada um defende os seus interesses ou ganha a vida como pode. Mas o que não se compreende nem se aceita é que Marques Mendes ache que tem um estatuto que lhe permita dar conselhos ao PS, ele que foi líder do PSD, que sempre servio este partido, que é tudo graça ao mesmo partido e mesmo quando trabalha no sector privado tem como patrão um homem do partido.

Mas vir dizer que sabe coisas do governo através de truques que só ele conhece, chegando ao ponto de conhecer segredos que nem todos os ministros conhecem já é gozar com a inteligência dos portugueses.
 
«O ex-líder do PSD Marques Mendes afirmou hoje que o PS tem que ser um "fator de solução" e que o secretário-geral socialista, António José Seguro, "presta um bom serviço ao país" se aceitar "algum entendimento mínimo".
  
Em Braga, à margem da apresentação do livro "Vinte anos de televisão privada", de Florbela Lopes, Marques Mendes lembrou também que Portugal não está num "período normal" e que tem que "cumprir exigências" externas.
  
O ex-ministro de Cavaco Silva esclareceu ainda que não é "porta-voz" do Governo e que "há muitas formas de saber as coisas", referindo-se ao facto de ter revelado, num comentário politico, que técnicos do FMI estão a "ajudar" o Governo a preparar a reforma do Estado.» [i]
    

  
 O Estado Vampiro
   
«Voltemos ao OE-2013. Para atingir o défice de 4,5% do PIB que lhe foi imposto, o Governo lançou mão das armas de que dispunha: corte de €1.026 milhões nas despesas (salários e prestações sociais) e aumento de €4.312 milhões nas receitas (acréscimo generalizado dos impostos).
  
Com estes €5.338 milhões, 3,2% do PIB, talvez a coisa passasse. Sucede que ainda o orçamento não estava aprovado e já ninguém acreditava nele. Parece que se "esqueceram" de que os ganhos no défice não compensavam as perdas na recessão.
   
Quando o Governo se apercebeu do desastre, entrou em pânico: como é que iria reagir a ‘troika'? E Passos Coelho teve uma ideia: "refundava-se" a estratégia, chamava-se à colação o PS e atacavam-se as famosas despesas estruturais. Tudo isto pela bagatela de €4.000 milhões, 2,5% do PIB, até 2014. Soube-se depois que isto não passava de uma rasteira: não só a decisão já estava tomada como o próprio FMI já trabalhava nela! E assim chegámos ao que se julgava impossível: a destruição do próprio Estado social.
  
Pressupondo que chegaríamos ao fim de 2013 na exacta situação que o Governo projectou, estaria consumado o crime perfeito: as receitas geradas, quaisquer que elas fossem, seriam canalizadas para a redução do défice; a economia portuguesa, em recessão profunda, teria como única função despedir pessoas; a legião de desempregados, sem salários nem subsídios, seria convidada a emigrar; e Passos Coelho, o Grande, receberia da ‘troika' o diploma de "aprovado com distinção". O Estado vampiro poderia começar a funcionar.
   
Sucede que não é crível que esta loucura se materialize. Primeiro, porque o PS não colabora: a rasteira ignóbil a António José Seguro não funcionou. Depois, porque a própria coligação que suporta o Governo dá indícios claros de que estará prestes a desmoronar-se. Acresce que a desorientação deste Governo é tamanha, são tamanhos os seus sinais tresloucados, que o próprio Presidente da República não poderá deixar de intervir. E uma intervenção deste lado só pode levar ao despedimento.
   
Já disse o que penso sobre o assunto. A actual dívida de 120% do PIB deveria ser dividida em duas partes iguais: uma parte ficaria retida para gerir normalmente; a outra seria amortizada a um prazo de 20 anos, com uma taxa de juro simbólica e o apoio do BCE. Mas confesso não ter ilusões: o mais provável é que a ‘troika' rejeite. E, se tal acontecer, é preferível sair do euro e recorrer ao FMI. O corte nos salários seria brutal, mas sempre teríamos um mínimo de crescimento e de criação de emprego.
   
Seria a opção pelo mal menor.» [DE]
   
Autor:
 
Daniel Amaral.   

 Vichy
   
«Curioso governo este que queria acabar com as fundações e propõe agora uma “refundação”. Eis algumas reacções.
   
Pergunta Adriano Moreira: como pode o primeiro-ministro de um País com "estatuto de protetorado" lançar esta questão sem esclarecer o que realmente quer dizer. Mário Soares afirma: Passos Coelho "não tem sentido de pátria". O deputado Ribeiro e Castro implora: qualquer reforma do Estado tem de ser "feita por nós". Paulo Trigo Pereira do ISEG explica: "demotroikacia" é quando primeiro se urdem os estratagemas com as forças estrangeiras e só depois se informa o país.
   
Esta é uma nação com soberania a meia-haste. Como pode um governo confortável com a situação de protetorado ser considerado patriota?
   
Este governo converteu o país numa república de Vichy. Assume-se como uma administração delegada de forças poderosas e actua como cúmplice dos interesses locais de sempre. É esta administração que, para nos distrair do debate do Orçamento do Estado, fala em desactivar a dimensão social do Estado.
   
Numa economia em falência parcial o executivo chama de fora mais ‘advisors' para aprofundar a adversidade, constitucionalizar a austeridade e desproteger a sociedade da injustiça económica. E nesta conjuntura um Presidente, que se fez eleger como economista mas que assiste à duplicação do peso da dívida pública no PIB durante o seu consolado, insiste em não nos servir de nada: nem económica nem politicamente.
   
A estes agentes é preciso oferecer resistência. A resistência tem de passar por uma melhor coordenação nas barricadas da verdadeira democracia. Sim: a rua é uma das barricadas, mas não é a única. A imprensa livre e de qualidade também o é, apesar da crise do sector. Mas o parlamento é a primeira barreira contra os excessos de quem manipula o poder, apesar destes quererem afundar à força os melhores legados da democracia. Este ainda é o país da revolta de 1383-1385 e da insurgência perante o Ultimato de 1890. E Vichy nem 5 anos durou. Colaboracionismo não!» [DE]
   
Autor:
 
Sandro Mendonça.

PS: O nível de alguns dos nossos governantes é tal que Sandro Mendonça devia fazer uma chamada de atenção para o facto de ao escrever "Vichy" estar a referir-se à França dos tempos da ocupação nazi e não à marca de pomadas. Não é dificil de imaginar um Passos Coelho que inventa livros que terá lido chegar a casa e perguntar à esposa "O que é isso de Vichy?" e ouvir como resposta "É uma pomada para a pele!".
   
     
 Décadas, Gaspar?
   
«Portugal "vai demorar muitos anos" a equilibrar as contas do Estado e "serão precisas algumas décadas" para reduzir a dívida pública abaixo do limite previsto no tratado de Lisboa, disse nesta terça-feira o ministro das Finanças, Vítor Gaspar.» [CM]
   
Parecer:
 
Ao ritmo a que o Gaspar o está conseguindo e com os resultados que a sua política está tendo não vamos precisar de décadas, serão necessários séculos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Gaspar que se deixe de atoardas e recolhas à sua vida familiar e profissional anterior.»
      
 Até tu Freitas?
   
«O fundador do CDS disse ontem que “o PS fez muito bem em recusar” qualquer diálogo sobre a refundação do Estado Social e criticou os centristas.» [CM]
   
Parecer:
 
Isto anda tudo doido.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos se já está pensar na instalação de um novo hospital psiquiátrico para tratamento daqueles que por o criticarem exibem evidentes sinais de loucura.»
   
 Cavaco falou
   
«O Presidente da República garante que as decisões que tomar sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano serão tomadas com base em "pareceres aprofundados" e não num "palpite qualquer", sublinhando que não se deixará pressionar. "O Presidente da República tem de ser muito ponderado e analisar tudo com um critério muito cuidadoso."» [Jornal de Negócios]
   
Parecer:
 
E falou para dizer disparates institucionais, a verdade é que no ano passado foi com base em palpites que deixou passar um OE com medidas que até o guarda de serviço na portaria do Palácio de Belém sabia serem inconstitucionais.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se pelo "p"residente que temos.»