Quando observo a política do gasparismo adoptada pelo Passos Coelho, um sério candidato ao estatuto de Carmona dos tempos modernos, recordo-me dos Rapanui, os polinésios que deram o nome à “Ilha Grande” (Rapa Nui), a que os espanhóis chamaram depois Ilha de Páscoa. Quem visitar Portugal daqui a alguns anos vai estranhar que num país de um povo de analfabetos existam tantas escolas com ar de terem sido modernas escolas públicas.
Tudo o que se entendeu como progresso em mais de duas décadas está a ser transformado em regime acelerado em monos. Um país onde os licenciados são forçados a emigrar não precisa de universidade, numa economia onde a aposta é em trabalho escravo não aposta na ciência e em cientistas ou investigação, se a prioridade é criar um exército de andrajosos dispostos a trabalhar por um ordenado abaixo do mínimo de subsistência tudo o que era progresso se transforma em despesa inútil. Até a despesa em saúde deixa de fazer sentido, com tantos desempregados pouco importa se alguns morrem ou ficam doentes.
É óbvio que ao fim de duas ou três décadas de gasparismo os portugueses enfrentariam um problema de extinção, tal como sucedeu com os Rapanui, escolas públicas, pontes ou mosteiros como os de Mafra seriam as nossas estátuas para que viesse cá depois se apercebesse de que aqui até existiu uma civilização, um povo de navegadores como os Rapanui, mas que vítima da imbecilidade dos seus líderes acabaram por se extinguir.
Isso só não vai suceder porque estamos no século XXI e Portugal não é uma pequena ilha perdida no meio da imensidão do Pacífico, pode ser um país perdido na imensidão da incompetência do Passos Coelho mas ainda aterram aviões, quanto mais não seja para que a senhora Merkel venha fazer fotografar ao lado dos nosso líderes amestrados, enfim, poderia ter ido tirar fotografias para o Zoo de Bona mas deve ter achado que os indígenas lusos davam mais votos, como a Alemanha nunca teve um império colonial dá jeito que os nossos governantes sejam exibidos como os seus Gungunhanas.
É essa a grande diferença entre nós e os Rapanui, enquanto os polinésios quase desapareceram admiramos as suas estátuas que passam a imagem de um povo orgulhoso e digno. Os portugueses não chegaram à extinção mas são exibido como um povo guerreiro que um dia ousou sonar com progresso mas que devido a líderes oportunistas e ambiciosos foram entregues sem resistência. Ao menos o Gungunhana lutou, cá conspiraram contra o país para chegarem ao poder e entregarem o país sem resistência ao ocupante estrangeiro.