quarta-feira, novembro 07, 2012

Somos todos uns grandes boches!

 
Se até aqui eu me sentia cada vez mais um boche, quando a tia Merkel aterrar no flughafen da Portela de Sacavém vou encher o peito de orgulho, até já estou pensando ir à farmácia mais próxima comprar duas embalagens de água oxigenada para passar pelo cabelo, nesse dia estarei a acenar à tia Merkel com uma bandeirinha alemã, inchado porque me sentirei não um boche, nesse dia serei aquilo que muitos já são nesta coisa que muitos ainda julgam ser um país, serei orgulhosamente um grande boche!
  
Não serei um boche de fino recorte com apelido tipo região demarcada como o nosso amigo Ulrich, esse grande boche com origens em Hamburgo, mas serei um orgulhoso boche latino, louraço graças à água oxigenada. Até já estou pensando pedir emprestado o manual de instruções do velho BMW 2002 do cigano do meu bairro para estudar alemão quanto baste para ir à Lusófona pedir uma equivalência à licenciatura em germânicas, entre o cabelo oxigenado e o alemão técnico, especialização em mecânica automóvel, certamente sairei doutor em alemão. Ficarei um pouco atrás do Relvas, até porque para além daquele ar de produtor de salsichas da Baviera o nosso ilustre dr. Relvas já deve estar a preparar o doutoramento em estudos germânicos.
  
Enfim, é o melhor que se arranja de um dia para o outro, até porque não não vou a tempo de mudar o meu Hondinha por um BM ou por um Audi e andar por aí com aquele ar de que tendo tal carro beneficio de um estatuto próprio ao nível do Código da Estrada, por exemplo, quando pretendo ultrapassar um carro que não tenha ar de pertencer a um boche basta uma buzinadela para ele perceber que nas nossas estradas carro de boche deve ser tratado como viatura prioritária. Mas como o modelo até é parecido a um da Opel, ainda poderá dar-me na telha roubar um emblema de um Opel e bochar um pouco o meu Honda.
  
Pois, se queremos ser uns grandes boches e nascemos com este ar de resultado de um cruzamento entre ciganos e berberes só nos resta bochar o que pudermos. Devemos começar por bochar a nossa própria língua. O Crato devia ter aproveitado a viagem que fez à Alemanha para saber como é que os turcos aprendem a usar a chave de fendas para estudar com o ministro alemão a forma de conseguir que os portugueses aprendam a falar como uns grandes boches que são, mas ainda não parecem.
  
Não basta refundar o Estado, refundar a Constituição ou refundar o país, refundidos andamos todos nós há muitos anos e não passamos da cepa torta, está na hora de refundar a Nação e transformar cada tuga num grande boche. Até porque já há muito que damos um grande contributo para que a tia Merkel nos trate como os grandes boches que somos, pagamos com juros de mais de 4% o dinheiro que nos empresta e que no mercado lhe custou juros negativos, tudo o que poupamos vai para a BMW, a Mercedes, a Opel, a Audi ou para a Hugo Boss, temos um ministro das Finanças que há muito que devia ter um gabinetezinho em Bona, quanto mais não seja para de vez em quando ir visitar Wolfgang Schauble e até levá-lo ao jardim, empurrando a cadeirinha.
  
É preciso convencer a tia Merkel que nós não que gostamos apenas de boches, nós somos mesmo é uns grandes boches! Digamos que depois do deboche dos tempos de Sócrates todo um país aderiu ao pensamento do Passos Coelho, refundiu-se, refundiu tudo e todos e transformou-se num grande boche.