quinta-feira, novembro 01, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura

 
 
   Foto Jumento
 
 
Cogumelo da Quinta das Conchas, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Cascais [A. Cabral]   

Jumento do dia
   
Paulo Portas
 
Depois de tanta exibição de cobardia quase enoja este momento de coragem de Paulo Portas. Um dia pagará por isto.
 
«O presidente do CDS-PP afirmou hoje que os estatutos do partido prevêem "consequências" para quem não respeitar o sentido de voto para um Orçamento do Estado, numa referência ao deputado madeirense que deverá hoje votar contra o documento.
   
"É muito claro, a decisão está tomada [o sentido de voto do CDS no Orçamento] e, obviamente, os estatutos também dizem que quem não a respeitar terá obviamente consequências", afirmou Paulo Portas.
   
O líder democrata-cristão, que é ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, falava aos jornalistas no Parlamento acerca da indicação que foi dada pelo CDS-PP/Madeira ao deputado Rui Barreto, eleito pelo círculo da Madeira, para votar contra o Orçamento do Estado.» [DE]
    
 Ofensa

Vítor Gaspar ficou ofendido com as comparações a Salazar sugeridas por dois deputados. Se Salazar estivesse vivo seria o ditador a ter razões para se sentir ofendido com a comparação, Salazar era mais inteligente, mais competente e sabia o que estava fazendo, discorde-se ou concorde-se com as suas políticas. Gaspar não é competente nem sabe para onde vai e as suas políticas e projectos só são viáveis com uma ditadura mais brutal do que a do Salazar. 
  
A política económica de Vítor Gaspar não só tem raízes comuns com a de Augusto Pinochet como tem mais semelhanças do que com a de Salazar. 

Se alguém tem razões para estar ofendido com a comparação seria Salazar, o actual ministro até se devia sentir lisonjeado. 

 Só um
 
 
É bom que os cobardes dos grupos parlamentares da direita não se esqueçam de que na hora de terem coragem apenas um teve aquilo a que o povo designa por "tomates". Quando quiserem cruxificar o Passos Coelho e o Portas por terem destruído o país, não se esqueçam que não só foram cobardes como foram coniventes, enquanto pensaram que tinham algo a ganhar a troco do apoio ao poder ficaram caladinhos.

É bom que não se esqueça pois pode o povo vir a lembrar-se.
 

  
 Furacão arrasa dicurso político
   
«Com o furacão Katrina, em 2005, no início do segundo mandato, George W. Bush mostrou-se incapaz de liderar o país num momento de desgraça. Houve tempo para ele ser julgado politicamente pelo descaso com que tratou a Federal Emergency Management Agency (FEMA), a agência nacional que coordena os desastres. Nas eleições de 2008, McCain apanhou por tabela pelos erros do seu colega republicano e Obama foi eleito um pouco graças ao Katrina. Menos poderoso mas mais oportunista, o furacão Sandy decidiu atacar a uma semana das eleições. Também ele influenciará a votação? O julgamento em tempo tão curto é aleatório, o que é certo é que ambas as campanhas vão servir-se de Sandy. O jornal New York Times fez um editorial em que lembra palavras pouco cautelosas, ainda há poucos meses, de Mitt Romney. Perguntado se a coordenação nacional dos desastres, a tal FEMA, deveria ser descentralizada, Romney foi claro: "De cada vez que se passa alguma coisa do governo federal para os estaduais, vai-se na direção certa, e se puder ir-se mais longe e passar para o setor privado, ainda melhor." Quer dizer, ironiza o jornal, "no combate ao furacão Sandy, não só cada estado deveria estar por sua conta, como as empresas privadas fariam melhor o trabalho...". O New York Times já declarou o seu apoio a Obama e o seu editorial deve ser lido tendo isso em atenção. Mas nada como um bom furacão para estilhaçar os absurdos do discurso do estado mínimo.» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.   

 Este homem é perigoso
   
«Pedro Passos Coelho gosta de dizer coisas. Já se sabe. Poucas vezes, porém, as diz acertadas. Há, neste homem envelhecido, acabrunhado e notoriamente consumido, a revelação subjacente de que se envolveu num labirinto cujo término ignora. As políticas que desenvolve, com desvios, evasivas, recuos, imperfeições, criam desesperos, angústias e perplexidades. Completamente desorientado com o rumo dos acontecimentos que não domina, descobriu, nas jornadas parlamentares do PSD-CDS, o verbo "refundar", e originou não só o pasmo nas suas hostes como a perturbação nas de António José Seguro.
  
Marcelo Rebelo de Sousa explicou a natureza do erro e a dimensão do tolejo político. Passos, incisivo e fatal, declarou que a "refundação" do protocolo de ajustamento com a troika nada tinha a ver com "renegociação"; é outra coisa. Mas não explicou a natureza das suas elucubrações. Os participantes nas jornadas saíram em silêncio, entreolhando-se, porém, com a farpa da dúvida cravada no ânimo. "Ele parece lelé da cuca", disse alguém.
  
Estamos entregues às insuficiências de um homem que baralha tudo e que presume enganar os outros com atropelos semânticos. O nosso cansaço advém de já termos compreendido que a inépcia de Passos Coelho não é uma escolha entre contradições, sim um processo mental complicado, pela obstinação no erro e pela recusa em o admitir.
  
Alguém de recta consciência e no perfeito domínio das faculdades elementares pode apoiar e sustentar o representante de uma ideologia que, sem pudor, já se não esconde nem sequer se dissimula? A sociedade, transversalmente, critica, execra e até expele, com insultos nunca vistos e ouvidos, este Executivo; e o dr. Cavaco (também objecto de escárnio e maldizer) cala-se, admitindo a redução da democracia ao funcionamento processual. O descalabro associa-se à pouca vergonha.
  
O poder já não dispõe de suporte legítimo porque espezinhou as delegações sociais, políticas e morais que lhe foram atribuídas. Ainda não há muito se dizia que um "governo celerado" era o que desdenhava da própria qualidade das pertenças mútuas. Os conflitos de valores inultrapassáveis, que dilaceram a nação e nos transformam em títeres de uma experiência maléfica, irão resultar em que confrontos imprevisíveis? A responsabilidade do caos só pode ser atribuída ao dr. Cavaco. Já lhe dissemos que não queremos esta gentalha. Então? Por muitíssimo menos, Jorge Sampaio escorraçou Pedro Santana Lopes.
  
A "refundação" do protocolo de ajustamento não é uma falácia: corresponde a uma manobra sórdida, que repõe a questão do poder e da liberdade, entre a pluralidade das escolhas e os ínvios atalhos da "inevitabilidade." Atentemos nas evidências: Pedro Passos Coelho não é aquele sujeito afável que se apresentou aos costumes. É perigoso, e cada vez mais, quando se lhe avizinham as tormentas.» [DN]
   
Autor:
 
Baptista-Bastos.
      
 Re(a)fundar
   
«Vítor Gaspar deu o mote e definiu a “nova” linha política do Governo: os portugueses querem mais Estado do que aquele que estão dispostos a pagar e, portanto, é necessário uma redefinição do Estado.
   
Este discurso parece novo e já se ouvem as vozes de sempre bramar que sim, que este é o debate que se impõe e que só peca por tardio. Na verdade, trata-se de uma versão requentada do projeto de revisão constitucional que o PSD apresentou há dois anos e que, misteriosamente, foi apagado durante o período eleitoral. Para essa revisão o PSD pede agora que a ‘troika' lhe sirva de bengala e - pasme-se - o apoio do PS.
   
Depois do mito de que tudo resolveriam eliminando as gorduras e as mordomias; depois da farsa de que renegociariam as PPP e retirariam o apoio às fundações; finalmente o governo chega ao ponto onde sempre quis chegar, àquilo que o PSD sempre defendeu que estivesse incluído no memorando de entendimento. Primeiro acena-se o Estado social como principal responsável pela crise e depois programa-se o seu desmantelamento. Primeiro eleva-se a carga fiscal ao seu limite para criar a ideia da inevitabilidade, para depois procurar legitimar uma transformação que sempre teve uma oposição muito alargada.
   
A culpabilização do Estado social não resiste ao teste dos factos. Até à crise de 2008, a despesa social em percentagem do PIB era menor do que a média da UE. Portugal não é - infelizmente, aliás - esse País com um Estado social de tipo nórdico de que fala o Governo. É, por exemplo, um dos países da OCDE em que os pagamentos diretos das famílias em saúde são mais elevados - 26%; e um dos países em que é maior a parcela do financiamento do ensino superior suportado pelas famílias - 22%.
   
Com a refundação do memorando, Passos procura tornar inevitável uma revisão constitucional para a qual não tem apoio e o desmantelamento do SNS, da escola pública e da rede de mínimos sociais. Aqueles que se opõem à destruição que Passos agora promete não podem faltar ao debate, começando por desmontar os mitos que o alimentam.» [DE]
   
Autor:
 
Mariana Vieira da Silva.
     
 Tradutor automático
   
«O Governo diz agora que quer refundar o Memorando de Entendimento, ou melhor, alinhar o desejo dos portugueses em ter serviços sociais com a sua vontade de pagar impostos, ou seja, reformular as funções do Estado Social, por outras palavras, acabar com ele e expurgá-lo da Constituição – o que, aliás, está de acordo com o seu projecto ideológico.
  
Isto é o que o Governo quer que se conclua. Só diz a primeira parte, para não ser acusado de nada. O Governo fala e o Povo que interprete. Mas a verdade é que o "New Speak" deste Governo não é particularmente complicado e, por isso, a tradução é automática.
   
Mas o tradutor automático com o qual cada português está naturalmente equipado à nascença e, sobretudo, depois de ouvir repetidamente os desconchavos com que é quotidianamente prendado por ministros com licenciaturas que não existem, primeiros-ministros que têm como referência filosófica livros que não existem, ‘compagnons de route' especializados em formação profissional para aeródromos e heliportos que também não existem, esse tradutor automático, dizia, é especialmente sofisticado e permite traduzir também o subtexto por detrás do texto já traduzido.
   
Por que razão vem o primeiro-ministro sugerir que temos de acabar com o Estado Social, ou algo parecido, precisamente neste momento? Por que não fez ele tão excelentes reflexões no início do seu mandato, quando falava noutra coisa muito diferente, isto é, no corte das "gorduras do Estado", e vem fazê-lo agora mais para o meio do mandato, ou quase no seu final, quando sabe que já não tem tempo nem credibilidade? O tradutor automático responde: quando o primeiro-ministro fala de refundação e reformulação, para sugerir extinção, está a transmitir o seguinte subtexto: "- Caros portugueses, eu falhei a estratégia no ano de 2012, falhei nas finanças e falhei na economia, não fui capaz de criar margem de manobra para uma nova política, sei que vou falhar outra vez em 2013 porque não fui capaz de antecipar, apesar de ter sido avisado, que as coisas iam correr tão mal. Por isso decidi agora repensar as funções do Estado. Esta refundação, a que cheguei depois de reflexão aturada, consiste na seguinte ideia: como tudo está a falhar e sei que vou ter de aumentar outra vez os impostos vou já avisando. Isto vai dar ainda mais para o torto, mas a culpa não é minha, é do Estado Social."
   
Assim fala o primeiro-ministro. O seu texto, depois de submetido à função mais simples do tradutor automático, aponta para o ataque directo ao Estado Social. Porém, após submissão à função mais complexa do subtexto, indica que vamos mesmo ter um novo aumento de impostos e, adivinhem, são os trabalhadores por conta de outrem quem o vai sofrer.» [DE]
   
Autor:
 
João Cardoso Rosas.
     
     
 Quem tem cu tem medo
   
«A grelha de tempos do debate previa uma sessão plenária à tarde. Mas Assunção Esteves antecipou a sessão para a hora do almoço. PSD e CDS chumbaram intenção do PCP em votar o OE às 15:00» [DN]
   
Parecer:
 
Medrosos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
      
 Milagre!
   
«O desemprego em Portugal situou-se nos 15,7% em setembro, um recuo de 0,1 pontos percentuais (p.p.) em relação a agosto, enquanto entre os jovens diminuiu 0,6 p.p. para os 35,1%, segundo o Eurostat.» [DN]
   
Parecer:
 
Devemos ir em romaria agradecer ao Gaspar pela sorte no arredondamento!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se.»
   
 Troikismo só em Portugal?
   
«Portugal organiza juntamente com a Polónia uma mini-Cimeira que deverá juntar no dia 13 de Novembro, em Bruxelas, os líderes de 15 países da União Europeia (UE) e da Croácia, que constituem o chamado grupo dos "Amigos da Coesão", na véspera de uma das negociações mais difíceis sobre o futuro do orçamento comunitário.» [Expresso]
   
Parecer:
 
Promover a injustiça em Portugal e defender a coesão na Europa?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Já não festejam as variações das taxas de juro?
   
«O prémio de risco da dívida portuguesa (diferencial entre o custo da dívida portuguesa e da alemã no prazo a dez anos) continuou a subir hoje, fechou em 6,66 pontos percentuais. Uma trajetória de alta contrária ao que ocorreu com o prémio de risco da dívida espanhola que fechou a descer para 4,19 e da dívida italiana que fechou a descer para 3,52, segundo dados da Bloomberg.
   
No mercado secundário da dívida, as obrigações do Tesouro viram as yields manter a trajetória de subida em todas as maturidades. No prazo a dez anos - a referência para o "regresso aos mercados" depois do chefe de Missão do FMI para Portugal ter apontado 7% como o máximo abaixo do qual se pode pensar naquele "regresso" -, as yields fecharam, em alta, em 8,136% e chegaram a um máximo durante a negociação de hoje de 8,158%, segundo dados da Bloomberg.» [Expresso]
   
Parecer:
 
Houve um tempo em que o Gaspar usava as taxas de juro para se armar em bom.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se com o devido cinismo.»
   
 A coisa deve estar preta
   
«Os contribuintes que tinham de pagar impostos até hoje, último dia de outubro, vão poder fazê-lo até sexta-feira sem "penalidades", de acordo com um despacho do Governo.
   
“O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, determinou, através de despacho datado de hoje, que o cumprimento das obrigações fiscais cujo prazo termina a 31 de outubro de 2012, pode ser concretizado até ao próximo dia 2 de novembro”, informaram as Finanças em comunicado.» [i]
   
Parecer:
 
O governo não deve ter nenhuma crise de generosidade nem há razões para o alargamento do prazo, o objectivo desta gentileza é roubar alguns impostos de Novembro para ajeitar as contas de Outubro, sinal de que o naufrágio fiscal continua e tende a agravar-se depois das trapalhadas da TSU e do OE 2013 a levar muita gente a reduzir as despesas.

Estão á rasca!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»
   
 Foi uma brisa que deu nos lucros da Brisa
   
«O resultado líquido da Brisa, liderada por Vasco de Mello, caiu 35%, para 70 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, face ao período homólogo, reflectindo a redução das receitas de portagens.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:
 
Enfim, o governo não consegue evitar alguns cortes aos mais poderosos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Uma anedota chama Paulo Portas
   
«O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, afirmou hoje que "o País terá Orçamento", mas que cabe agora à Assembleia da República procurar, "na medida do possível", que seja melhor.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:
 
Este Paulo Portas é um caso paradigmático de cobardia, não conseguiu uma única alteração do OE numa reunião que demorou 20 horas, engoliu o mais brutal aumento dos impostos, fez figura de urso durante todo este processo e agora tenta disfarçar a sua cobardia desafiando um parlamento de deputedos a melhorar o OE.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o cobarde à bardamerda.»
   
 Uma governante muito distraída
   
«A secretária de Estado do Tesouro transmitiu aos deputados que só tomou conhecimento das avaliações realizadas ao BPN em Julho de 2011 pela Deloitte e Caixa BI ao banco a 18 de Outubro passado, disse à Lusa o PCP.
  
Segundo o deputado Honório Novo, as avaliações ao Banco Português de Negócios (BPN) recebidas no Parlamento a 26 de Outubro, após requisição do PCP ao Governo, foram realizadas pela Caixa BI e Deloitte, e contêm vários cenários, com qualquer um deles a apontar para um valor muito superior ao valor de venda.
   
Ainda assim, a actualização das avaliações realizadas em 2010 ainda no Governo de José Sócrates quando foi feita a primeira tentativa para vender o banco foi decidida por um dos membros da equipa encarregue da privatização do BPN, tendo o trabalho sido entregue em Julho de 2011, ainda antes de terminar o período de entrega de propostas para compra do banco.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:
 
POis, mas tinha as avaliações muito bem escondidinhas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à ministra da Justiça se já está a trabalhar no fim da impunidade neste caso.»
   
 A nódoa que os judeus não esquecem
   
«Com palavras duras, Gol lembrou terça-feira, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, que Portugal "foi o único país que colocou a sua bandeira a meia haste durante três dias", quando soube da morte de Adolf Hitler. "É uma nódoa que para nós, judeus, vai aparecer sempre associada a Portugal", exclamou.
    
"Recuso-me a suportar o peso dessa nódoa", respondeu-lhe um professor da Universidade de Coimbra, que se encontrava na sala repleta para mais uma sessão da conferência Portugal e o Holocausto, aprender com o passado, ensinar para o futuro, que terminou ontem. O docente lembrou que o país vivia então em ditadura e que os gestos do Governo de então não podem ser imputados aos portugueses. "O passado é doloroso. O Portugal de hoje não é o mesmo do passado, como a Alemanha de hoje também não é a mesma do passado, mas os países têm de assumir responsabilidades pelo seu passado", respondeu Gol.
   
Não foi a única crítica. O embaixador de Israel contou que, ainda há dias, foram ter como ele para lhe expor de novo o problema da Casa do Passal, em Cabanas do Viriato, onde viveu Aristides Sousa Mendes, e que se encontra em risco de derrocada devido a uma guerra de poder na fundação com o nome do diplomata, que é proprietária do palacete construído no século XIX. Sousa Mendes foi cônsul de Portugal em Bordéus durante a II Guerra Mundial. Contra as ordens de Salazar passou mais de 30 mil vistos a judeus perseguidos, para poderem abandonar a França ocupada em direcção a Portugal. Exonerado do cargo, acabou por morrer na miséria.
  
Sousa Mendes é um dos "justos das nações do mundo", o título dado por Israel a cidadãos não-judeus que ajudaram judeus a escapar ao Holocausto. Na Avenida dos Justos figuram 25 mil nomes e apenas dois são de portugueses, recordou ontem o embaixador de Israel. "Não venham ter connosco, ou com os EUA, para tratarmos da casa. Façam vocês algo para promoverem a imagem dos vossos "justos"", exortou. O outro "justo" português é Carlos Sampayo Garrido, embaixador de Portugal em Budapeste entre 1939 e 1944, que em conjunto com o seu encarregado de negócios, Teixeira Branquinho, ajudou mais de mil judeus húngaros. A sua saga foi revelada pelo PÚBLICO em 1994.
   
O embaixador de Israel em Lisboa mostrou também não compreender as razões que levam Portugal a ser apenas um observador na Task Force Internacional para a Educação, Memória e Investigação do Holocausto, uma organização intergovernamental criada em 1998 e de que são membros 31 países. "Já chega de ser apenas um observador. Portugal tem obrigação de ser um membro de parte inteira da Task Force", criticou Gol. O embaixador revelou que se encontrou recentemente com o ministro da Educação, Nuno Crato, e que o exortou a assinar um acordo com o Governo de Israel para que "os professores portugueses aprendam a ensinar o Holocausto". Esta formação é ministrada pela escola internacional do Yad Vashen, o memorial do Holocausto em Jerusalém. Por iniciativa da MEMOSHOÁ - Associação Memória e Ensino do Holocausto, foram já organizados quatro seminários de formação de professores portugueses. O embaixador de Israel defende, contudo, que "está mais do que na hora de esta formação ser mais institucionalizada", através de um acordo entre os dois governos.
   
Gol lembrou os seus tempos de jovem em Israel, uma altura em que os sobreviventes dos campos de concentração andavam sempre de camisas com mangas compridas para esconder o número inscrito na pele. "Eles tinham vergonha e nós também, porque não tínhamos lutado o suficiente", conta. A memória do Holocausto em Israel começou assim.» [Público]
   

   
 Hurricane Sandy: The Superstorm [Link]