Imagine-se um potencial investidor em Portugal, não sendo nem familiar do José Eduardo dos Santos, nem vinculado ao governo chinês. Investia em Portugal? Num tempo em que tanto se fala em investimento e em crescimento, sem que se saiba de qualquer investimento e com a contracção económica a ser bem maior do que a prevista, esta é uma pergunta que merece uma resposta. Se fosse um investidor como avaliaria a situação económica, social, financeira e política do país?
Um investidor espera que um governo promova a estabilidade
laboral e não apenas as medidas que conduzam a perdas de direitos e de
salários. Ora, este governo promove a instabilidade laboral, promove a
emigração dos quadros mais qualificados e adopta medidas fiscais que visam o
empobrecimento dos trabalhadores e a transferência de riqueza destes para os
mais ricos. Nesta condições as empresas perdem quadros em favor da emigração ou
de concorrentes que pagam à margem das obrigações fiscais.
Um investidor espera que um governo seja claro quanto aos
objectivos políticos e macroeconómicos, algo que o governo de Passos Coelho. O
episódio da TSU mostra como este governo num dia diz que quer promover o
emprego e uma semana depois implementa um aumento brutal dos impostos cuja
única consequência é a destruição de emprego. É cada vez mais evidente que o
governo tem uma agenda golpista que se alimenta do agravamento da crise
financeira, isto poderá ser bom para alguns banqueiros que precisam de se salvar,
mas não augura nada de bom para quem deseja investir em Portugal.
Um investidor espera que a política financeira do Estado
seja rigorosa e assegure estabilidade nas previsões públicas e privadas. Não é
isto que este governo faz, as previsões não resultam de qualquer modelo
económico credível, são as mentiras que convêm às políticas adoptadas que, por
sua vez, obedecem mais a um programa ideológico de extrema-direita do que a
qualquer corrente de pensamento económico.
Um investidor espera estabilidade social, algo que este
governo não promove nem parece estar interessado em promover. É um governo
assente numa coligação que já não existe, é um governo que quer governar à
margem dos equilíbrios proporcionados por uma Constituição, é um governo que
despreza a concertação social quando estão em causa as suas opções ideológicas,
é um governo que trata o parlamento como se fosse um estábulo, talvez porque os
deputados da sua maioria deixaram de formar grupos parlamentares para constituírem
uma récua.
Nesta condições só mesmo um louco investe em Portugal e,
pior do que isso, uma boa parte dos que investiram estarão pensando em
abandonar o país. Não será de admirar se muito em breve se descobrir que em
Portugal já haja quem ande a recolher o dinheiro que tem depositados nos
bancos, seguindo, nisto como em tudo, o exemplo do que sucedeu na Grécia.
Investir em Portugal é apostar num governo em que nem os
mais fiéis militantes da direita confiam.